Great Scott #538: Único treinador a perder três finais europeias seguidas?
Hector Cúper
Há treinadores com mel, há treinadores com fel e há o Hector Cúper. Filho de pai inglês chamado Cooper, o nosso Hector faz-se à estrada no futebol desde jovem, como defesa central. É bicampeão argentino pelo Ferro Carril Oeste em 1982 e 1984, ainda hoje é o segundo jogador com mais presenças de sempre no clube (463) – chega até à selecção argentina, cinco vezes internacional, chamado por Bilardo. No final da carreira, é campeão da 2.ª divisão argentina pelo Huracán, em 1989-90.
A sua aventura como treinador começa em 1993, precisamente no Huracán. E também aí se inicia o quadro de perdedor. Na última jornada do Torneio Clausura 1994, basta-lhe um empate vs Independiente para se sagrar campeão. Acaba 4:0 (muda aos dois, acaba aos quatro) e é o Independiente o campeão. O Lanús interessa-se por Cúper e a sua sorte muda significativamente, com a conquista da Taça Conmebol (Taça UEFA sul-americana). No percurso, o Lanús perde o primeiro e o último jogo. Pelo meio, seis vitórias seguidas, a última das quais por 2:0 vs Santa Fé, na 1.ª mão da final – na 2.ª, o 1:0 é-lhe suficiente para fazer a festa.
É contratado no Verão 1997 pelo Maiorca, recém-promovido à Liga espanhola. Na época de estreia, acaba em 5.º lugar e perde a final da Taça do Rei para o Barcelona de Figo (capitão), Couto e Baía (ambos suplentes não utilizados). Apurado para a Taça das Taças, porque o Barcelona acumula a Taça ao título de campeão nacional, o Maiorca apresenta-se na final europeia em Birmingham, vs Lazio. O seu registo negativo em finais europeias começa aqui, com um golo de Nedved a ditar o 2:1 a favor de Sven-Göran Eriksson.
Na época seguinte, já como treinador do Valencia, alcança o ponto mais alto da carreira e chega à final da Liga dos Campeões. Caramba, é formidável. No processo, o Valencia passa duas fases de grupos, a primeira com Bayern, a segunda com Man United, e elimina Lazio nos ¼ mais Barcelona nas ½, ambos por 5:3 no total da eliminatória. Em Paris, no Stade de France, o Real Madrid dá conta do seu favoritismo com golos de Morientes, McManaman e Raúl.
Passa-se mais um ano e eis o Valencia de Cúper a repetir a final, agora em Milão, no Giuseppe Meazza. Mais duas fases de grupos, em que o Valencia passa ambas em primeiro lugar, e depois a fase a eliminar. Nos ¼ final, um golo solitário de Carew é o suficiente para afastar o Arsenal, pela regra dos golos fora, no Mestalla. Nas ½, vs Leeds, empate a zero em Elland Road e 3:0 em Valencia. Na final, o Bayern só ganha no desempate por penáltis, durante a segunda série. Falha Pellegrino, defende Kahn.
Maiorca 1999, Valencia 2000, Valencia 2001. Cúper perde três seguidas. Nunca mais voltaria a uma final europeia, embora perdesse mais duas finais, a da Taça da Grécia 2010 pelo Aris Salónica (vs Panathinaikos 1:0) e a da Taça Africana das Nações 2017 pelo Egipto (vs Camarões 2:1).