Great Scott #571: Quem marca o primeiro golo do Mundial de hóquei em directo na RTP?
Fernando Adrião
Portugal patina como nunca. Campeã mundial em título (Porto-1958), campeã europeia em título (Genebra-1959) e detentora da Taça Latina (três vitórias seguidas), a selecção portuguesa aparece em Madrid para jogar o melhor hóquei de sempre.
Dez selecções, oito europeias, uma africana e outra sul-americana. Portugal e Espanha dominam claramente os seus adversários e chegam invictos à última jornada. Em matéria de golos, outro empate com 55:5 para Espanha e 58:8 para Portugal. Na noite de 14 Maio, a Philips e a RTP chegam a um acordo para a transmissão em directo desde o Pavilhão dos Desportos, em Madrid. Também na véspera da final, o seleccionador português António Raio pergunta aos seus jogadores como dar a volta à Espanha e ao mais que esperado ambiente infernal em Madrid.
Francisco Velasco, melhor marcador desse Mundial, com 21 golos, diz de sua justiça. ‘A Espanha joga extremamente afinada num bloco de 4, com permutas de lugar e passes frequentes entre todos os seus elementos. Alto poder de retenção de bola, com passes contínuos envolvendo os adversários que frustrados por não conseguirem a bola, acabavam por deixar uma aberta. A solução passava por criar uma situação estranha aos seus hábitos, uma solução que os desconcertasse. Sugeri então que defenderíamos em todas as situações só com 3 dos nossos elementos, comigo no vértice de um triângulo cuja base era constituída pelo poderoso Vaz Guedes e o intransponível Adrião. Lá à frente, o Bouçós deixava-se ficar pela área adversária e alterna a nossa actuação com ataques em carrossel, sem nunca perder de vista o triângulo defensivo combinado.’
Começa o jogo, apita o inglês Martin, ‘e a Espanha comete erro atrás de erro a tentar aproveitar, sofregamente, a vantagem numérica de 4 para 3. Ora, a posição defensiva triangular torna-se um obstáculo difícil de ultrapassar se o jogador no vértice souber como actuar. Sofreram 2 golos, deixaram de atacar em bloco de 4 e passaram a marcar o nosso jogador que não vinha para a defesa.’ Daí para a frente, sem rotinas a jogar daquela forma, a Espanha é vítima da superioridade portuguesa. Acaba 3:1, com 2:0 ao intervalo.
O primeiro golo é um lançamento de Velasco para Adrião, aos 11 minutos. O segundo é um lance iniciado pelo mesmo Velasco e concluído por Bouçós, de ângulo difícil, aos 13’. Na segunda parte, Puigbó reduz à boca da baliza e anima os espectadores. Em vão. Velasco assume o risco e fixa o 3:1 com um remate cruzado. !Vaya silencio! Cerca de 16 mil adeptos em silêncio, é o hóquei total.
Perto do fim, o guarda-redes Moreira defende dois penáltis seguidos, um de Puigbó e outro de Parella. Seja a atacar ou a defender, Portugal domina em toda a linha e sagra-se campeão mundial pela oitava vez, a primeira em Espanha. Em jeito de remate, Velasco diz-se largamente satisfeito. ‘Tenho para mim que esta final do Mundial de Madrid tenhamos atingido o máximo rendimento técnico-táctico, o chamado ‘carrossel’ na sua plenitude.’