Great Scott #572: Massaro levanta a Taça dos Campeões 1994 com a camisola de quem?
Stoitchkov
Fixe bem isto, a Liga dos Campeões 1994 é a última em que os finalistas jogam sem patrocínio. A partir de 1995, com Ajax (Abn Amro) e Milan (Opel), é um regabofe de publicidade.
Mil-nove-e-noventa-e-quatro, que sonho. Milan vs Barcelona. As duas melhores equipas cumprem o seu destino e encontram-se num estádio olímpico e a abarrotar. O ambiente é de doidos, tanto a claque do Milan como a do Barcelona invadem Atenas em massa e vivem aquele dia como se fosse o último das duas vidas.
No campo, o Barcelona passa uma imagem de fragilidade inaudita, sem soluções para contrariar a nítida superioridade do Milan – daí a noite descansada de Rossi, autor de duas defesas fáceis, daquelas de encaixe com um bocejo pelo meio, aos 33 e 39 minutos. Acaba 4:0, vira aos dois e acaba aos quatro.
Massaro, um dos vilões da final europeia do ano anterior, vs Marselha, pela demora em rematar à baliza de Barthez uma e outra vez, redime-se. E de que maneira. O homem marca dois golos na primeira parte e rebenta a bolha. O 1:0 é um lance interessante, porque começa em Rossi com um pontapé longo, longuíssimo. Nadal domina com o peito (g’anda classe) e cabeceia para Sergi.
O lateral-esquerdo deixa-se antecipar por Boban e o ressalto cai nos pés de Savicevic. Beeeem, o que se sucede é uma correria até à baliza de Zubizarreta. Pelo meio, Nadal é driblado com um g’anda pinta à entrada da área e Guardiola tenta o corte, quase na pequena área. Savicevic acelera, Pep reduz e levanta os braços em sinal de desistência. Zubi sai-se aos seus pés, Savicevic bate mal na bola e é de Massaro o toque final com o pé esquerdo, ao segundo poste, com a baliza deserta.
No terceiro minuto de descontos, o capitão Tassotti lateraliza para Boban e este liberta Donadoni na esquerda. O ala apanha-se sozinho com a bola, domina-a, encara Ferrer e afasta-o do lance com um drible básico em velocidade. Sem mais ninguém a importuná-lo, Donadoni pisa a área junto à linha de fundo e, perante a sombra de Koeman, dá com a parte de fora do pé direito para trás. Savicevic arrasta Guardiola, sobra Massaro ainda mais recuado. O remate de primeira com o pé esquerdo é um luxo. A bola sai forte e colocada, junto ao poste mais distante de Zubizarreta.
Game over.
Na segunda parte, um chapéu divinal de Savicevic sobre Zubizarreta e um remate tanto em jeito como em força de Desailly selam o 4:0. É a loucura, o Milan de Capello arruma o Barcelona de Cruijff, coroado tetracampeão espanhol no fim-de-semana anterior. Atenção, quatro-secos. É dose. A autoestima do Barcelona é esmagada pela simplicidade de processos de um Milan sem Baresi nem Costacurta, ambos suspensos por terem visto um amarelo e um vermelho na ½ final, vs Monaco. Para refazer a defesa, Capello chama o veterano Galli para acompanhar Maldini no meio. À direita, Tassotti. À esquerda, Panucci.
Claro, a festa é grande, enorme, gigante. O Milan é a primeira equipa subir as escadas para receber as medalhas e levantar a taça. Todos o fazem vestidos à Milan. Todos, não. Há dois jogadores à Barcelona. Um é o suplente inutilizado Simone, com o 10 de Romário. O outro é Massaro com o 8 de Stoitchkov. É só rir.