Great Scott #583: Primeiro estrangeiro escolhido como #1 no draft da NBA?
Mychal Thompson
A NBA guarda histórias deliciosas. Uma delas tem a ver com Mychal Thompson. É o dia 11 Fevereiro 1987 e os Bullets goleiam 133:108 com 32 pontos de Moses Malone, anunciado como substituto de Pat Ewing nos Jogos Olímpicos-1992, em Barcelona, antes de Chuck Daly voltar atrás na sua decisão. No outro lado do court, Mychal faz 13 pontos em 19 minutos. Ninguém sabe, muito menos o próprio: é o seu último jogo pelos Spurs.
Dois dias depois, os Spurs visitam os Clippers em Los Angeles. Tranquilo da vida, Mychal tira o telefone do descanso e faz a sesta antes do jogo. Quando acorda, veste-se e vai a jogo. Ou não. Entra no balneário, deita-se na marquesa e aguarda a lenga-lenga de sempre do massagista. Ou não. O massagista encara-o e diz-lhe ‘no can do’. Então? ‘Foste transferido para os Lakers’.
Whaaaaaat? Ya, nem mais: Mychal é transferido para os Lakers a meio da época regular por troca com Frank Brickowski (draft #1 em 1987), Petur Gudmundsson (#2 em 1990) mais dinheiro. O homem veste então a camisola amarela e roxa, ao lado de verdadeiros artistas da bola como Kareem e Magic. É hora de showtime e os Lakers sagram-se campeões nacionais (aka, mundiais) numa final vs Celtics.
Posto isto, Mychal é uma figura curiosa na NBA. Natural das Bahamas, chega aos EUA com cinco anos de idade. Vive em Miami e faz parte da equipa conhecida como Jackson Five na Miami Jackson Senior High School, juntramente com mais três das Bahamas e um de Cuba. O título de campeão sem derrotas (33-0) é anulado pela falsificação de quatro registos de nascimento, o de Mychal incluído.
No pasa nada, Mychal aventura-se em Minnesota e joga pelos Golden Gophers, camisola 43. É uma referência incontornável, aluno de primeira água, basquetebolista de primeira linha. Em 1978 é o primeiro nome na lista dos draft e vai para Portland após um acordo dos Blazers com os Pacers na véspera do evento do draft marcado para o Hotel Plaza, em Nova Iorque.
Ao fim de 31 anos seguidos com norte-americanos sempre como primeira escolha, eis Mychal a quebrar a barreira. O estrangeiro seguinte é o nigeriano Hakeem Olajuwon em 1984 (Rockets) e o terceiro também é nigeriano (Michael Olowokandi, Clippers, 1998).