Great Scott #600: Único hat-trick na Taça Intercontinental?

Great Scott Mais 08/05/2022
Tovar FC

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Great Scott #600: Único hat-trick na Taça Intercontinental?

Pelé

Mil-nove-e-sessenta-e-dois. O Benfica é bicampeão europeu, o Santos levanta a Libertadores. Os dois esgrimem argumentos para levar a Taça Intercontinental, ainda a duas mãos e longe de Tóquio — aliás, longe de Santos.

A equipa de Pelé opta por jogar a primeira mão no Rio de Janeiro, em pleno Maracanã, para receber mais dinheiro com a bilheteira. Estamos a 19 Setembro e os capitães Gilmar mais Coluna escolhem cara ou coroa. Sai o Santos com a bola e dá-se bem. Pelé 1:0. Na segunda parte, Santana 1:1, Coutinho 2:1, Pelé 3:1 e Santana 3:2.

Daí a menos de um mês, a 11 Outubro, o Estádio da Luz rebenta pelas costuras para ver o campeão sul-americano. Ao todo, 73 mil espectadores. A cena repete-se, Coluna e Gilmar no meio-campo com o árbitro mais uma moeda. E, agora, sai o Benfica. Basta-lhe ganhar para impor terceiro jogo, a exemplo do sucedido vs Peñarol no ano anterior. Já ao Santos chega-lhe o empate para escrever o seu nome na Taça Intercontinental.

Empate? Essa é boa. Pelé está com a corda toda e faz dois golos na primeira parte mais outro na segunda numa das noites mais inspiradas da sua carreira. Como se isso fosse pouco, assiste Coutinho para o momentâneo 0:3. Para se ter uma ideia do baile do Santos, alguns adeptos do Benfica invadem o relvado no final da eliminatória para dar a volta olímpica com os jogadores brasileiros.

Pelé é o indiscutível rei. No 0:1, empurra a bola para dentro da baliza após um cruzamento rasteiro de Pepe na esquerda e uma saída em falso de Costa Pereira. No 0:2, o homem entorta Cavém e Jacinto antes do glorioso remate cruzado com o pé esquerdo, à entrada da área. É um festival.

Aos 48 minutos, Pelé escapa-se pela direita e dribla três adversários até cruzar atrasado para o encosto fácil de Coutinho. A jogada individual é tão boa que merece repetição no canal oficial do Santos. Prepare-se, o melhor está para vir.

Aos 64′, Pelé ganha uma bola perdida no seu meio-campo e encontra Coluna. E agora? Vai para a direita e, depois, para a esquerda. E a bola? Por entre as pernas do capitão benfiquista. A jogada continua pela esquerda, Pelé atira forte com o pé esquerdo, Costa Pereira repele o esférico e Pelé é mais rápido que a concorrência para soltar (mais uma vez) o grito de golo.

O vencedor já está mais-que-encontrado, só falta o apito final do árbitro francês Schwinte. Aos 77′, o Santos chega aos 0:5. Costa Pereira larga uma bola fácil, sem qualquer tipo de pressão, e Pepe marca com a baliza aberta. Só então o Santos abranda o ritmo e o Benfica acerta na baliza de Gilmar, primeiro por Eusébio, depois por Santana.

Acaba 8:4 em golos, 4:0 em pontos e um hat-trick de Pelé. Acredite, nunca mais um jogador marca três num só jogo da Taça Intercontinental — ainda por cima, longe de casa. ‘Estava em noite de feitiço’. Mais palavras para quê, Pelé é Pelé e vice-versa.

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