Great Scott #644: Último golo de pé descalço na 1.ª divisão portuguesa?
Reinaldo
Há fenómenos futebolísticos bem interessantes. Como os golos com pé descalço. O primeiro de todos é o brasileiro Leónidas, em pleno Mundial-38. Embora o árbitro sueco Eklind lhe chame a atenção para o uso das chuteiras, Leónidas dribla o destino. Enquanto aguarda uma chuteira nova do roupeiro da selecção brasileira, o avançado mantém-se na área para o que der e vier na sequência de um livre de Hércules. De repente, a bola aparece-lhe à frente e toma lá disto. Golo aos três minutos do prolongamento e 5:4.
Os protestos dos polacos fazem-se ouvir, só que o árbitro nem percebe a falta de equipamento (regra número 4 da sleis do futebol) devido ao lamaçal do relvado em Estrasburgo e valida o golo do brasileiro. Anos, muitos anos depois, o dinamarquês Elkjaer Larsen imita Leónidas num Verona vs Juventus em 1984-85 para a 1.ª divisão italiana.
Pelo meio, entre Léonidas e Elkjaer, há Reinaldo. É um domingo, 23 Setembro 1979. O Benfica recebe o Vitória SC e dá quatro-secos. Na folha de serviço, Nené e Reinaldo aparecem como goleadores, ambos com um bis. Se o de Nené é tranquilo, sem sujar os calções, o de Reinaldo é do mais polémico que há.
O 2:0 à beira do intervalo é sem a chuteira direita, o 4:0 é em fora-de-jogo. O árbitro conimbricense Santos Luís nada vê, nada assinala. O golo do pé descalço é flagrante, porque o relvado está em boas condições e a meia branca de Reinaldo é mais visível que a muralha da China do espaço. Número oito nas costas, Reinaldo aparece no meio da área e atira sem defesa possível para Melo, o herói do Vitória SC por impedir uns cinco golos certos, todos com chuteira.