Great Scott #705: Único a jogar por Milan e Juventus sem chegar à selecção italiana?
Di Canio
Paolo di Canio é torcido por natureza. Jogador de alto nível, desde o toque de bola à eficácia na área, ganha protagonismo dentro e fora de Itália. Na Escócia, por exemplo, é eleito o melhor do campeonato na época em que Cadete é o melhor marcador, ambos no Celtic – quem é o campeão? Rangers.
Ao todo, uma carreia espalhada por 10 clubes em 23 épocas. Na selecção italiana, é internacional sub21 em 1988 e internacional B em 1989. Daí para a frente, nunca mais veste a camisola da Itália. Nunca é internacional AA. Nem uma vez, nem um minuto. É ele o único da história a jogar por Milan e Juventus sem vestir o manto sagrado.
A explicação é óbvia e tem a ver com o seu feitio especial. Ou melhor, irrascível. Di Canio ferve em pouca água e dá-se mal com Trapattoni na Juventus mais Capello no Milan. As histórias, contadas pelo próprio.
‘Era um jogo de pré-época, sem significado nenhum, bem sei, mas, porra, queria jogar. E o que faz o Trapattoni? Manda-me aquecer na segunda parte e vai metendo todos os jogadores da equipa principal. Depois chama um junior. Depois, outro. Depois, mais um. A cinco minutos do fim, manda-me entrar. Já estou cego e nem vejo a bola. A caminho do balneário, Trapattoni veio ter comigo e fala-me do meu mau jogo. Mando-lhe para um sítio e ele fala-me da minha educação e dos meus pais. Passo-me e, de repente, empurro-o no peito. Ele dá um salto para trás e cai junto do saco das bolas, ao lado do banco de suplente’
‘Era um jogo de pré-época, sem significado nenhum, bem sei, mas, porra, queria jogar o tempo todo. Estávamos na China e os chineses queriam lá saber do 4-3-1-2 do Capello. Queriam era ver Lentini, Baggio e Di Canio. Num jogo, ele tirou-me a meio da segunda parte e eu protestei. Ele respondeu-me que precisava de equilíbrio e eu contra-ataque mas qual equilíbrio, estamos aqui para entreter um público que nunca viu ninguém jogar à bola como deve ser. No jogo seguinte, Lentini, Baggio e eu. Ao intervalo, a ganharmos 1:0, ele tira-me. Passei-me e há uma discussão gigantesca no balneário. É preciso uma série de pessoas para nos separar. Ele é alto e intimida pelo tom de voz mais o vocabulário, mas eu não me fiquei atrás e chamei-lhe de tudo. Que ele já tinha assinado pelo Real Madrid, que ele não mandava em ninguém, que ele não mandava em mim. Peguei nas minhas coisas, chamei um táxi e fui para o hotel.’