#40 PSV Eindhoven 1987-88
Feyenoord 1970, Ajax 1971 1972 1973. O futebol holandês vive uma aventura grandiosa, com quatro títulos consecutivos de campeão europeu. Por essa altura, Eindhoven já é uma cidade imponente e o PSV sonha com destronar o poder estabelecido entre os clubes maiores de Amesterdão e Roterdão. A injecção de dinheiro da Philips ajuda, e de que maneira.
O PSV cresce a olhos vistos. Tanto assim é que celebra o primeiro bicampeonato da sua história em 1975-1976 e ainda acumula três ½ finais europeias, em 1971 (Taça das Taças vs. Real Madrid), 1975 (Taça das Taças vs. Dínamo Kiev) e 1976 (Taça dos Campeões vs. St Étienne). Em 1978, chega o tão desejado título europeu, via Taça UEFA, vs. Bastia (0:0 na Córsega, 3:0 em Eindhoven), numa época em que também é campeão holandês, e sem qualquer derrota, embora seja eliminado da Taça da Holanda por um pesado 6:1 na casa do secundário Wageningen, ainda hoje a derrota mais volumosa da sua história.
Assiste-se então a um adormecimento no início dos anos 80, por culpa de inúmeras escaramuças entre jogadores, treinadores e dirigentes. Depois, bem depois, é o ressurgir de uma força vertiginosa. A chegada de Hans Kraay, bom treinador e óptimo gestor de recursos humanos, pressupõe o início de uma era com a contratação de valores indiscutíveis como Gullit, Vanenburg e Gerets.
Em 1986-87, a carreira europeia só dura 180 minutos, cortesia Bayern (2:0 em Eindhoven, 0:0 em Munique). O sonho do bicampeonato também está quase quase quase a esfumar-se. Em Março, a dez jornadas do fim, o PSV está a três pontos do Ajax de Cruijff e calha ser eliminado da Taça pelo Den Bosch, no desempate por penáltis. A direcção reúne-se de emergência e despede Kraay. Para o seu lugar, Hiddink.
Adjunto desde 1983, Guus segue o caminho da glória e caba por se sagrar campeão holandês com seis pontos de vantagem sobre o Ajax, mais entretido a levantar a Taça das Taças com um solitário golo do capitão Van Basten, melhor marcador do campeonato holandês pelo quarto ano seguido, facto que chama a atenção do Milan. Quem também se inclina para o Milan é Gullit, capitão do PSV e já então uma certeza da selecção holandesa.
A saída de Gullit é uma novela mexicana. O número 10 critica abertamente os dirigentes do PSV e estes suspendem-no, antes de lhe abrir a porta para a então transferência mais cara de sempre, no valor de 7.7 milhões de euros. Para trás, uma série de êxitos consideráveis e uma caterva de golos – 22 em 1986-87. Nesse ranking, Koeman é o segundo melhor, com 16.
Sem os golos de Gullit, como é que se dá o salto? Simples, o PSV saca Lerby ao Monaco. O médio dinamarquês, quase sempre de meias descaídas e estilo vagabundo, conhece a Holanda de ginjeira pelos oitos anos no Ajax entre 1975 e 1983. Com ele em campo, o PSV continua intratável (é, aliás, ele quem desata o nó vs. Ajax em Amesterdão como autor do solitário 1:0) e começa a aventura do treble: campeonato, taça e Taça dos Campeões.
Kieft assume-se como goleador de serviço, Koeman continua uma máquina – 21 golos na 1.ª divisão (é o segundo melhor do campeonato), quatro na Taça da Holanda (é o rei) e um na Europa num total de 26. Há outros nomes em cima da mesa, como Gilhaus, outro goleador por excelência, Vanenburg, um extremo-direito habilidoso e veloz, embora sem voz no balneário por timidez, e o capitão Gerets. À baliza, o inimitável Van Breukelen. É ele quem decide a Taça dos Campeões. Que o diga Veloso.
E se as campanhas na 1.ª divisão e Taça da Holanda nem oferecem contestação, tal a superioridade inequívoca, a conquista da Taça dos Campeões é muitas vezes questionada por muitos teóricos, sobretudo porque o PSV empata os últimos cinco jogos, final incluída. É o campeão mais insosso de sempre. Quiçá? De certeza? Seja como for, é campeão. E é treble. Do PSV. E até da Holanda. Agora é Feyenoord 1970 / Ajax 1971 1972 1973 / PSV 1988. Mágico.
(a negrito, os jogos fora)
1.ª divisão
Den Bosch 6:1 Thoresen / KIeft / W Kerkhof / R Koeman / Arnesen / Van Eck (pb)
Twente 3:2 Nielsen / Arnesen / Thoresen
Utrecht 9:0 KIeft-3 / Gillhaus-2 / Lerby-2 / R Koeman / Arnesen
Ajax 4:2 Arnesen-2 / Gillhaus / Rijkaard (pb)
Fortuna Sittard 4:2 R Koeman-2 / Gillhaus / Vanenburg
Volendam 4:1 Gillhaus-3 / Lerby
Venlo 1:0 R Koeman
Feyenoord 3:1 R Koeman-2 / Gillhaus
Willem II 6:0 R Koeman-2 / Kieft-2 / Gillhaus / Gerets
Zwolle 5:1 Viscaal-2 / Vanenburg / R Koeman / Gillhaus
Groningen 4:1 Vanenburg-2 / Kieft / Van Aerle
AZ Alkmaar 4:0 Lerby / Vanenburg / Van Aerle / R Koeman
Roda 2:1 Nielsen / R Koeman
Sparta Roterdão 2:0 Kieft / Vanenburg
Drechsteden 7:0 Kieft-4 / R Koeman / Gillhaus / Koot
Haarlem 2:1 Kieft-2
Den Bosch 2:0 R Koeman / Kieft
Twente 2:2 Gerets / Vanenburg
Haia 9:1 R Koeman-2 / Gillhaus-2 / Janssen / Lerby / Viscaal / Gillhaus / Vanenburg
Ajax 1:0 Lerby
Utrecht 0:0
Fortuna Sittard 2:2 R Koeman-2
Volendam 6:1 KIeft-3 / Lerby-2 / R Koeman
Venlo 5:0 Viscaal-4 / R Koeman
Haia 1:1 Nielsen
Feyenoord 1:2 R Koeman
Willem II 3:1 Vanenburg / Janssen / Heintze
Zwolle 6:0 Kieft-2 / Viscaal / Vanenburg / Gerets / Van Buuren (pb)
Haarlem 1:0 Kieft
AZ Alkmaar 1:0 Kieft
Roda 1:1 Vanenburg
Groningen 0:2
Sparta Roterdão 6:2 Kieft-4 / Gillhaus / Lerby
Drechsteden 4:0 Kieft-3 / Gillhaus
Taça
De Treffers 6:0 R Koeman-2 / Gillhaus / Lerby / Vanenburg / Kieft
Maastricht 3:1 Kieft / Viscaal / Thoresen
Den Bosch 1:0 ap Kieft
Roosendaal 2:0 Koot / R Koeman
Willem II 3:2 Gillhaus / Lerby / R Koeman
Roda 3:2 ap Gerets-2 / Lerby
Taça dos Campeões
Galatasaray 3:0 Gillhaus / R Koeman / Koot
Galatasaray 0:2
Rapid Viena 2:1 Van Aerle / Gillhaus
Rapid Viena 2:0 Lerby / Gillhaus
Bordéus 1:1 Kieft
Bordéus 0:0
Real Madrid 1:1 Linskens
Real Madrid 0:0
Benfica 0:0 ap