Great Scott #765: Único avançado a sofrer quatro golos na final da Taça da Escócia?
Robbie Winters
A história das substituições dá um bom livro. Ai dá, dá. Portugal convive bem com esse número. Nené, por exemplo, entra e marca vs. Roménia no apuramento para a ½ final do Euro-84. Três anos mais tarde, Juary entra e decide a final da Taça dos Campeões a favor do FC Porto, vs. Bayern. Há casos e mais casos, tanto cá como lá fora.
As substituições, ai substituições. No fim do século XX, a decisão da Taça da Escócia é um mimo. A regra diz só três suplentes para cada equipa. Na ocasião, é um Rangers vs. Aberdeen. Curioso, nenhum dos treinadores escolhe um guarda-redes para o banco. E se Dick Advocaat passa despreocupado os 90 minutos, já Ebbe Skovdahl é diferente.
O dinamarquês, primeiro treinador do seu país a enveredar pelo profissionalismo, a partir do momento em que assina pelo Benfica em 1987, convive com o caos a partir do terceiro minuto, quando o guarda-redes Jim Leighton se lesiona gravemente num choque com Rod Wallace. O pé do avançado bate na sua cabeça e, no quadradinho seguinte, Jim sai de maca. E agora?
No banco, há Belabed, Winters e Zaerouali. O homem do meio, avançado escocês, internacional uma vez, em 1999, vs. Alemanha, mete o dedo no ar e vai à baliza com a camisola 12, a do guarda-redes suplente do campeonato Ryan Esson. Pormenor cómico, a camisola está grande demais para Winters.
Já favorito no papel, e agora com mais um elemento em campo, o Rangers carrega a valer e ganha facilmente por 4:0. Winters, pobre coitado, sofre quatro e evita dois golos feitos, pelo menos. Diz Leigthon, no hospital: ‘Quatro? Nada mau, este ano sofri cinco e seis do Rangers para o campeonato e sou guarda-redes, se o Winters só sofreu quatro, nada mau.’
Desce o pano sobre a época 1999-2000, o Rangers faz dobradinha e o Aberdeen faz treble de pesadelo. Então? Acaba o campeonato escocês em último, com nove golos de Winters (o melhor marcador da equipa), perde a final da Taça da Liga para o Celtic (2:0) e a da Taça da Escócia para o Rangers.
A propósito, é o 100.º título do Rangers – é o primeiro clube a chegar a essa marca a nível planetário. Nesse Verão 2000, a federação escocesa muda a regra e estica os suplentes para cinco, um dos quais obrigatoriamente guarda-redes.