#54 Belenenses 1988-89

Mais Spider Pig 04/15/2023
Tovar FC

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#54 Belenenses 1988-89

É a terceira Taça de Portugal do seu currículo, e a última. A época começa em grande estilo com John Mortimore ao leme e o Belenenses elimina o campeão em título da Taça UEFA graças a duas vitórias por 1:0, a primeira em Leverkusen (golo de cabeça de Mladenov), a segunda no Restelo (livre directo de Adão).

Afastado o sonho europeu na ronda seguinte, sem qualquer golo sofrido (derrota nos penáltis vs. Velez Mostar), e sem o rendimento esperado na 1.ª divisão, o presidente Acácio Rosa troca de treinador em Fevereiro. Para o lugar de Mortimore, entra o brasileiro Marinho Peres.

A estreia é de fogo, em casa, vs. FC Porto, para a Taça de Portugal. O clássico é, imagine-se, de sentido único. Na direcção da baliza de Vítor Baía, mais titular que nunca devido à suspensão interna de Zé Beto por actos de indisciplina junto da equipa técnica – o capitão Gomes é o outro elemento afastado pela dupla Artur Jorge / Octávio Machado.

Dizíamos, o Belenenses carrega no acelerador e arrisca o 1:0 por Chiquinho e Mladenov. No outro lado, Semedo é o único a incomodar Jorge Martins com um cabeceamento ao lado. No prolongamento, decide um golo olímpico de Mladenov. O FC Porto protesta airosamente e a verdade é que não existem imagens claras sobre se a bola passa (ou não) a linha de golo. Daí para a frente, Fortunato Azevedo perde o pulso aos jogadores e vê-se obrigado a expulsar Bandeirinha por pontapear Zé Mário em resposta a uma agressão do lateral brasileiro.

No sorteio dos ¼, o Belenenses recebe o Espinho, 15.º classificado da 1.ª divisão. Com 0:0 ao intervalo, Chico Faria anima o Restelo num quarta-feira de Taça. O empate é de Pingo, na transformação de um livre directo. A três minutos do fim, Saavedra indica o apuramento.

A ½ final joga-se a 12 Abril no Restelo e na Luz. Em ambos os estádios, os visitantes saem para o intervalo em vantagem. Em ambos os estádios, os anfitriões fazem a cambalhota no marcador e fixam o 3:1. Se o caso do Benfica vs. Braga é mais do que esperado, o do Belenenses vs. Sporting já merece uma explicação.

Com 0:1 de Douglas, o Sporting entra nervoso para a segunda parte e espalha-se ao comprido. O árbitro Vítor Correia ainda anula um golo a Saavedra por fora-de-jogo antes do vendaval de bola do Belenenses, iniciado com um golo de cabeça de Baidek em cima de Rodolfo Rodríguez, na sequência de um canto de Mladenov.

Diz Manuel José, treinador do Sporting. ‘Quando o Sporting sofre o 1:1, já está a perder por 2:1. Tem sido assim nos últimos tempos, os jogadores não estão bem psicologicamente.’ Na verdade, o Sporting desaparece do dérbi e é ver o Belenenses a construir um resultado favorável. O 2:1 é de Saavedra, de cabeça, novamente num lance de bola parado assinado por Mladenov. E o 3:1 é do búlgaro numa arrancada pelo meio da defesa sportinguista, nas barbas de Venâncio.

Jamor, aí vamos nós. O Belenenses acaba a 1.ª divisão em sétimo lugar, o Benfica sagra-se campeão. No 1 a 11 de Marinho Peres, uma ausência de vulto chamado Mladenov. O homem veste o 15, no banco. No 1 a 11 de Toni, o 6 é Paneira e o 7 Abel Campos. O árbitro é Alder Dante e o Estádio Nacional enche-se com 70 mil pessoas.

Perto da meia-hora, Macaé lança Chico Faria e o número 9 vai por ali fora, desembaraça-se de Mozer e marca subtilmente com o pé direito antes da aproximação de Veloso. O Benfica acorda para a vida e Paneira obriga Jorge Martins a uma defesa elástica para canto. O mesmo acontece aos remates de Diamantino e Valdo, já na segunda parte.

Aos 72 minutos, Alder Dante expulsa Valdo por palavras e, no quadradinho seguinte, Abel Campos foge pela direita. Sem marcação, o angolano cruza com conta, peso e medida para o cabeceamento do suplente Vata entre os centrais. A bola entra mesmo no canto de Jorge Martins. Está feito o 1:1 e ainda faltam 17 minutos para o fim.

Aos 79’, há uma falta do Benfica ainda longe da área. O lance gera controvérsia no relvado, com Zé Mário a agredir Paneira. O central brasileiro Ricardo Gomes sai furioso da sua posição e empurra Zé Mário sem qualquer contemplação. O sururu é sanado por Alder Dante, com vermelho directo para Zé Mario. Da marcação do livre, Juanico atira com pompa e circunstância para a baliza. A bola voa, Silvino atira-se em vão. É o 2:1.

O Belenenses ganha aos três grandes e o capitão José António recebe a taça das mãos de Mário Soares para gáudio da massa associativa belenense. É uma jornada épica. E jamais repetida até hoje. Para a história, há três totalistas de jogos e minutos (Jorge Martins, Sobrinho e Zé Mário). Destes, só Sobrinho não vê cartões.

(a negrito, os jogos fora)

Sintrense              3:0     Jaime / Paulo Sérgio / Chiquinho Conde

Portalegrense       7:2     Chiquinho Conde-3 / Macaé-2 / Zé Mário-2

Covilhã                  3:0     Chico Faria / Teixeira / Joanito (pb)

FC Porto               1:0 ap Mladenov

Espinho                 2:1     Chico Faria / Saavedra

Sporting                3:1     Baidek / Saavedra / Mladenov

Benfica                  2:1     Chico Faria / Juanico

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