Mourinho. ‘Se fôssemos a penáltis, Derlei, Deco e Alenitchev iam de certeza. Depois, eu e o presidente. E ganhávamos’

José Mourinho, 2003. José Mourinho, 2023. Em 20 anos, o treinador português acumula a incrível série de seis finais europeias. Duas pelo FC Porto, uma pelo Inter, outra pelo Manchester United e mais duas pela Roma. A odisseia começa em 2003, mais precisamente a 21 Maio, em Sevilha, vs. Celtic (3:2 após prolongamento).

Em clara jogada de antecipação, à falta de dois dias para a marca histórica, aqui seguem as 11 respostas de Mourinho às 11 perguntas do Tovar FC. Ouçamo-lo.

1. Onde estava na última conquista europeia do FC Porto, em 1987?

Não me recordo, mas diria Setúbal com família e namorada.

2. No sorteio da ½ final, queria mais Boavista, Lazio ou Celtic?

Queria ir a final e estávamos num modo em que quem viesse morria

3. O que conhecia de Martin O’neill e do Celtic?

Do Martin, a sua história como grande jogador. Do Celtic, a sua história, em
especial a de Lisboa [Taça dos Campeões 1967 no Jamor, 2:1 vs. Inter]. Depois, em pouco tempo, estudei tudo e até fui à Escócia ver o Rangers vs. Celtic para cheirar e não só analisar.

4. Jankauskas lesiona-se no aquecimento, e agora?

Agora nada. Nada nos fazia sair da lógica do ‘quem vem, morre’ em relação ao adversário, fosse qual fosse. E quem jogasse, jogaria bem. Estávamos demasiado
fortes e preparados para tudo.

5. Marco Ferreira ou Capucho é a grande dúvida dos jornalistas. Também é a sua?

Nenhuma dúvida, Marco mais jovem, mais agressivo, mais profundo. Capucho mais experiente, mais cerebral, mais técnico. Capucho a abrir, Marco para terminar o jogo com a fadiga e os maiores espaços.

6. Costinha lesiona-se aos 6 minutos, e agora?

Agora era algo que já tinha acontecido na ½ final: Maniche a 6, Paulo Ferreira a 8 e Ricardo Costa a lateral. No problem: Costinha era Costinha, mas esta equipa era muito equipa

7. Euforia total nas bancadas, milhares de adeptos lá fora sem bilhete, o barulho é ensurdecedor: consegue passar a mensagem aos seus jogadores?

Verbal, pouco, mas body language sim. E emocionalmente estávamos muito conectados.

8. Dois golos de Larsson, e ambos de cabeça: é para entrar em desespero?

Desespero não, frustração sim. Ele era top, mas nós tínhamos estudado tanto sobre ele.

9. Se fosse a penáltis, os cinco marcadores já estavam definidos?

Estavam em campo Derlei, Deco e Alenitchev. Esses três iam de certeza absoluta. Os outros dois, se calhar, eram eu e o presidente. E ganhávamos.

10. Derlei faz o 3:2 e Mourinho chora no banco, ainda se lembra?

Lembro, tinha mulher, filhos pequenos, pais, sogro, tios, amigos. Acho que nunca os tive a todos juntos, ali senti morder o coração.

11. Ficou com a bola do jogo, já sei: apanhou-a no relvado e guardou-a ou alguém lha deu de presente?

A bola é do meu filho, foi logo para ele e continua na sua casa. Tal como a Liga dos Campeões 2004, roubada pelo Baltemar Brito ao quarto árbitro.