Great Scott #895: Único português a jogar pelas reservas do Anderlecht?
Humberto Coelho
Humberto Coelho é um goleador nato, com 76 golos em 496 jogos oficiais no Benfica. É dose, se considerarmos a sua posição natural de defesa-central. As incursões no ataque para os lances de bola parada resolvem quase sempre os problemas. Assim de repente, é seu o 3:2 definitivo vs. FC Porto ou um hat-trick vs. Estoril.
A meio dos anos 70, Humberto decide-se pelo risco e torna-se emigrante no PSG, em França. A vida em Paris é sedutora e o homem dá-se bem em 1975-76, treinado por Just Fontaine, ainda hoje recordista de golos num só Mundial (13 em 1958).
Na época seguinte, já com Velibor Vasovic, outra figura do jet-set futebolístico, jugoslavo de categoria ímpar, goleador em finais europeias por duas equipas (Partizan 1966, Ajax 1969), a vida de Humberto é mais difícil. Ainda por cima, o português lesiona-se.
Mais longe do onze titular, Vasovic pressiona a direcção do PSG para contratar um jugoslavo e Humberto é dispensado dos serviços. E ei-lo a fazer um jogo nas reservas do Anderlecht, vs. Antuérpia num sábado à tarde, um dia depois de ter aterrado em Bruxelas. O jogo corre-lhe favoravelmente, o seu entrosamento com Thiessen e Van Binst é elogiado.
O problema é o treinador Raymond Goethals, pouco dado a centrais ofensivos para a sua táctica conservadora. O homem chega mesmo a dizer que um central com queda para o ataque é suicida. No início da semana seguinte, já com Humberto de volta a PSG, o Anderlecht diz não ao empréstimo por meia época. Humberto ainda irá recusar a proposta do Internacional, em Porto Alegre, antes de regressar ao Benfica para marcar mais uns golos decisivos.