Great Scott #914: Único golo de bicicleta do Benfica nas Antas?
José Águas
A história do Benfica nas Antas compreende sete vitórias em 51 jogos para a 1.ª divisão. É um registo impressionante, mais ainda se tivermos em conta a superioridade do Benfica sobre o FC Porto nos primeiros 30 anos do estádio, inaugurado precisamente com um clássico em 1952 (goleada impensável do Benfica por 8:2).
No auge das conquistas europeias, já campeão em 1961 e a caminho do bi em 1962, o Benfica visita as Antas no primeiro domingo de Dezembro 1961, mais precisamente no dia 2. É a 8.ª jornada, o Sporting lidera isolado e tanto Benfica como FC Porto acumulam nove pontos.
O ambiente é de inverno, com chuva. Antes do pontapé de saída, há um minuto de silêncio em homenagem a Ribeiro dos Reis, um dos fundadores d’A Bola e ex-tudo no Benfica. A meia haste, as bandeiras dos dois clubes.
Rola a bola, apita o conimbricense Renato Santos. O Benfica entra melhor e marca primeiro, aos 5 minutos, por José Águas. O lance é uma divindade. Os registos escritos e fotográficos impressionam, só é de lamentar a ausência da RTP, ainda a cinco anos da sua fundação. O lance é longo e começa com José Augusto a fazer a cabeça de Mesquita com uma série de dribles para dentro e fora. Às tantas, Mesquita espanta a bola para longe e o Benfica volta a carregar, agora por Eusébio.
O número 11 (sim senhor, Eusébio é extremo-esquerdo nessa tarde) aplica um pontapé dos deles e a bola embate violentamente na trave antes de sair da área. José Augusto, na direita, cruza e Águas, de costas para a baliza, executa um perfeito pontapé de bicicleta. A bola vai à trave e entra claramente na baliza de Américo. É um golo de sonho, uma bicicleta irrepetível do único português a levantar duas Taças dos Campeões como capitão.