Great Scott #966: Último do Belenenses a marcar quatro golos num jogo da 1.ª divisão?
Djão
Setembro 1984, jogo mexido no Restelo entre Belenenses e Salgueiros com um total de sete golos.
O Belenenses ganha 4:3, com quatro golos de João Marques Jesus Lopes, vulgo Djão, internacional português desde Setembro 1981, lançado por Juca, vs. Polónia. O homem é a estrela mais cintilante dos 90 minutos. Ou, pelo menos, deveria ser. Acontece que o 4:3 surge ao cair do pano, e de penálti, motivo mais que suficiente para uma série de escaramuças dos jogadores salgueiristas, juntamente com a equipa técnica liderada por Henrique Calisto, na direcção do árbitro Ramiro Santiago. Ou seja, fala-se mais das provocações do Salgueiros do que propriamente do feito inacreditável de Djão.
Curiosamente, o resultado ao intervalo é 1:0 para o Salgueiros, obra de Tonanha aos 9 minutos. Na segunda parte, Djão empata aos 59’ na sequência de um canto e em que o guarda-redes Madureira choca com a perna esquerda do avançado belenense. No quadradinho seguinte, Madureira sai de maca e é substituído por Soares, que mantém a camisola número 1. Começa aqui a coboiada salgueirista sob a alegação de pé em riste de Djão.
Aos 69’, e já com o Salgueiros reduzido a dez por expulsão de Matias aos 67’ (protestos de um fora-de-jogo não assinalado), outro canto para o Belenenses e mais um golo, este a roçar o caricato. A bola transpõe a linha antes de Gilberto a afastar com a mão. Ramiro Santiago marca penálti em vez de validar o golo. Diria o árbitro aos jornalistas, já nos túneis do Restelo. ‘Quanto ao facto de se afirmar que não seria necessário o penálti porque a bola já lá estava dentro, não é verdade.’ Chamado a bater, Djão atira para a sua direita e confirma a reviravolta no marcador.
Entram-se nos últimos 10 minutos e o Salgueiros, afoito, festeja o 2:2. Tonanha, de novo. De cabeça, após cruzamento picado de António Manuel da esquerda. Pouco depois, aos 84’, a defesa do Salgueiros alivia mal uma bola de um canto (mais um) e Djão, soltíssimo na marca de penálti, atira a contar com o pé esquerdo.
Bola ao meio e o Salgueiros faz o 3:3 por Paris, após amortie de cabeça de Armando. No último minuto, Soares sai dos postes e comete penálti sobre Djão. O mesmo corre para a bola e fixa o 4:3. A partir daí, Ramiro Santiago é atacado pelos salgueiristas sem dó nem piedade. ‘É a pior arbitragem que vi em 15 anos de futebol’, diz Henrique Calisto. No outro lado, Jimmy Melia admite sorte. ‘Em Faro, jogámos bem e perdemos. Agora, não jogámos bem e ganhámos. Lamento que Henrique Calisto e o Salgueiros tenham perdido um jogo em que se bateram com muita dignidade.’ Djão, quatro golos, quatro. Herói memorável.