Great Scott #1055: Quem é o primeiro jogador de campo a ir à baliza na 1.ª divisão?
Espírito Santo
Há casos, casos, mais casos e só uma certeza: o próximo nunca será o último. A história do guarda-redes improvisado é uma situação bizarra e, ao mesmo tempo, engraçada de se ver. O calçar as luvas de um jogador de campo, a espera pela reposição de bola e os segundos a pesarem no relógio da impaciência dos adeptos.
Repetimo-nos, o próximo nunca será o último. Mas o primeiro é sempre o primeiro. E esse chama-se Espírito Santo, um avançado de reconhecido valor internacional, craque do além no mundo da bola e multidesportista como poucos – é recordista nacional do salto em altura durante 20 anos, até 1960, com 1,88 m, e é ainda campeão nacional de comprimento e triplo-salto.
Na quarta jornada da 1.ª divisão 1941-42, o Campo do Lumiar é alvo de uma invasão maciça para o terceiro dérbi da época, na ressaca do Regional de Lisboa. O árbitro portuense Araújo Correia apita para o início do prélio e o Benfica sente-se mais confortável em campo.
Vai daí, o alentejano Valadas assina o primeiro ponto, de livre directo, a castigar falta sobre Espírito Santo à entrada da área. O remate em jeito apanha Azevedo de surpresa.
A bola vai ao meio, o Sporting carrega e quase empata num lance em que Mourão choca com Martins. O guarda-redes do Benfica cai inanimado e nunca mais se levanta. Os minutos passam e nada de recuperar os sentidos. O treinador húngaro Janos Biri tem de se decidir e o Benfica recomeça o jogo com dez elementos. Sai Martins e entra Espírito Santo para a baliza.
Acredite se quiser, o Benfica ganha o jogo na casa do Sporting por 2:1 e Espírito Santo só sofre um golo, da autoria de Peyroteo (4’0’), já depois do bis de Valadas (37’). A cinco minutos do fim, o golpe de teatro: penálti para o Sporting e o extremo-esquerdo Cruz atira para fora. Espírito Santo sai com um sorriso nos lábios. Como o Benfica.
E o Martins? É levado de urgência para o Hospital de São José, faz um curativo e volta para casa – na semana seguinte, é titular vs. FC Porto. Daí em diante, há uma série de jogadores de campo com luvas a jogar à baliza.
Seja 1.ª divisão: Manuel Fernandes joga três minutos nas Antas pela CUF, Bastos Lopes idem idem no Bonfim pelo Benfica e Paulo Sousa aspas aspas no Bessa pelo Benfica. Seja Supertaça: Oceano nas Antas pelo Sporting. Seja final da Taça dos Campeões: Germano no Giuseppe Meazza pelo Benfica.
