Great Scott #1090: Último árbitro português a apitar antes do fim por invasão de campo?
Paulo Costa
Dois-mil-e-um, odisseia no espaço. Por espaço, entenda-se planeta Terra. Primeiro em Paris, depois em Lisboa. Primeiro no Stade de France, depois no José Alvalade.
Começamos pelo fim, excepcionalmente. A selecção angolana entra em campo e é ruidosamente apoiada pelos seus adeptos, atrás da baliza onde Mendonça, do Varzim, festeja o 0:1 aos 47 segundos – é o golo mais rápido sofrido por Portugal.
Da euforia à violência é um passo dado por muitos jogadores, como Asha, Wilson e Franklim. Às faltas duras sucedem-se protestos inauditos. O árbitro francês Garibien ainda tenta evitar o descalabro, só que as entradas a varrer sucedem-se umas atrás das outras e o jogo perde o contexto de amigável. Na verdade, é aqui que se passamos a falar de particulares.
O espectáculo vergonhoso tem o seu epílogo aos 70 minutos, quando Hélder Vicente cai sozinho e tem de sair de maca. Só com seis jogadores em campo, o jogo é interrompido e o resultado de 5:1 permanece para a história como a goleada mais surreal de sempre pelas cadeiras pelo ar, vermelhos a sair do bolso e muito teatro.
Esse desastre desportivo-social é a 14 Novembro 2001. Um mês antes, a 6 Outubro, há um amigável com 83 mil espectadores para arejar a cabeça, para descomprimir, para ajudar os seleccionadores a esclarecer ideias etc e tal. Ou não. A Argélia é colónia da França até 1962 e nunca jogam entre si até àquele dia. E bastam 76 minutos para nunca mais se verem à frente.
Com 4:1 no marcador (3:1 ao intervalo), golos de Candela, Petit, Henry e Belamdi por ordem cronológica para não ferir susceptibildades, o árbitro português Paulo Costa é obrigado a dar por terminado o prélio, quando adeptos argelinos invadem o campo e impedem tudo e mais alguma coisa.
‘Fiquei assustado quando os vi passar por mim, mas foi tudo pacifico; fiquei com a ideia de que eles não queriam apenas continuar a assistir ao show futebolístico dos franceses e que fizeram tudo para que o jogo não acabasse para não ficar registado na história’ é o testemunho (sentido) de Paulo Costa.