Great Scott #117: Quem é o treinador do Braga na última descida à 2.ª divisão, em 1970?
Joaquim Meirim
Falta uma jornada para acabar a 1.ª divisão 1969-70. O campeão, sabe-se há muito, é o Sporting. O segundo é o Benfica. E no lado oposto da tabela? Dos dois despromovidos à 2.ª, há já um condenado. Falamos do União Tomar, com 14 pontos. À sua frente, Boavista (16) e, depois, Braga (17). O que nos reserva a última jornada? Nem mais, Boavista-Braga.
Na semana a anteceder o grande jogo, acontece magia. Ou não. Joaquim Meirim, treinador do Varzim, então no quarto lugar, recebe 70 contos do Braga para treinar a equipa bracarense durante três dias. O pedido é aceite pelo Varzim e também por Meirim, desde que os treinos do Braga sejam na Póvoa. Assim é.
Antes de desenvolvermos o assunto, cabe aqui destacar a euforia nacional à volta de Meirim. O homem está em alta, sobretudo desde o dia em que ganha 1:0 nas Antas, num jogo em que só escreve o nome de dez jogadores na ficha de jogo. A ideia é surpreender o adversário, e até a própria equipa, já que o homem em falta é o guarda-redes Benje. Quando o treinador portista Elek Schwartz pergunta o que é aquilo, a resposta de Meirim é Neto. Quem vai jogar é Neto, um júnior. Feitas as contas, Neto é o apelido de Benje.
Feito este parêntesis, voltamos ao assunto propriamente dito. Quando chega a véspera do jogo, o Braga tenta contratar Meirim só para ir ao Bessa, só que aí a direcção do Varzim recusa e alega compromissos contratuais. Afinal, o Varzim vai à Luz e, em caso de empate, garante o acesso à Taça UEFA. Sem Meirim no banco do Braga, o Boavista ganha 2-0 e mantém-se na 1.ª divisão. Desce o Braga. E o Varzim? Perde 1:0 na Luz, golo de Artur Jorge, e acaba em sexto lugar, ainda assim à frente de históricos como Belenenses (7.º) e FC Porto (9.º). Quando lhe perguntam sobre a semana louca, Meirim responde ao seu estilo. “Treinei a equipa do Braga em conjunto com a minha para tentar disfarçar algumas insuficiências, para tirar o morto do caixão. Não foi possível.”