Great Scott #329: Único jogador de campo a sofrer oito golos num jogo da 1.ª divisão?

Great Scott Mais 07/09/2021
Tovar FC

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Great Scott #329: Único jogador de campo a sofrer oito golos num jogo da 1.ª divisão?

Rui Carneiro

Estamos em Março 1936, Benfica e Sporting dividem a liderança da 1.ª divisão no arranque da segunda volta. O grande jogo da jornada é no Amial, campo do campeão em título FC Porto e onde o Sporting nunca ganhara em cinco ocasiões, com um total de três derrotas e dois empates.

Pois bem, o Porto faz jus à condição de anfitrião e aplica uma memorável goleada de 10:1, ainda hoje a mais dilatada entre os clubes em questão. Antes de mais, a reportagem do Diário de Lisboa dá com uma naturalidade deslumbrante a conta final de três feridos num ataque à pedrada de adeptos portistas aos sportinguistas na estação de São Bento, aquando da chegada do comboio especial às 13 horas.

Às 1535, o árbitro eborense Henrique Rosa apita para o início do clássico. Sai o Sporting com a bola. Em vão, o Porto é dono e senhor de tudo. Aos 18 minutos, já há 2:1 com golos azuis de Pinga (10’) e Carlos Nunes (17’) antes de Possak reduzir aos 18’, na sequência de um canto marcado por Rui Carneiro. Fixe bem este nome.

Aos 28 minutos, Pinga desmarca António Santos e o remate à queima-roupa do avançado-centro acerta em cheio na cabeça de Dyson. O guarda-redes do Sporting evita o golo e é canto. Só que Dyson não se levanta. Continua deitado, sem se mexer. Está inconsciente e assim vai estar durante largos minutos. Como ainda existe o conceito das substituições no futebol, é um jogador o sacrificado a ir à baliza. Quem vai?

Ah-ha, quem será? Rui Carneiro, of course. Começa aqui a desenhar-se uma goleada impossível de imaginar. Até ao fim da primeira parte, mais quatro golos do Porto para chegar ao 6:1. Ao intervalo, o presidente sportinguista Oliveira Duarte é quem presta assistência a Dyson. Que continua inanimado, já no balneário. Como é médico, Oliveira Duarte administra-o uma injecção de óleo canforado, um tónico cardíaco que arrebita qualquer um.

Já de pé, e ainda meio zonzo, Dyson dirige-se ao hotel do Sporting no Porto acompanhado por fiéis amigos. E, claro, nem vê a segunda parte de intenso domínio do Porto a avaliar pelos quatro golos sem resposta. Nunes completa o hat-trick e é Pinga quem fecha a torneira do golo para tornar-se o primeiro jogador de sempre a assinar um póquer nos jogos a envolver os três grandes – seguem-se, por ordem cronológica, Soeiro (Sporting), Júlio e Teixeira (ambos do Benfica), Peyroteo, Martins e Lourenço (todos do Sporting), Lemos (Porto), Eusébio (Benfica) e Manuel Fernandes (Sporting).

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