Great Scott #485: Como se chama o homem do trompete do FC Porto?
António Lourenço
A data é especial, 30 Julho 1983. Pela primeira vez em 44 anos, uma equipa do Norte ganha a 1.ª divisão de hóquei em patins. A honra cabe ao FC Porto, vencedor do clássico vs Benfica por 3:1 em jogo a contar para a última jornada.
Dentro do Pavilhão das Antas, 12 mil pessoas conferem um espectáculo jamais visto. Fora, muitos milhares em protesto com o bilhete na mão e sem qualquer possibilidade de entrar. O Porto de Vladimiro Brandão joga na máxima força, com Domingos Guimarães, António Alves, Vítor Hugo, Vítor Bruno e David Reis. O Benfica entra no ringue sem quatro titulares, todos já a caminho do Dramático de Cascais. O cinco de Torcato Ferreira reúne António Fernandes; Rodrigues, Leste, Cristiano e Vargas.
A jogar em casa e já moralizado pelas conquistas da Taça de Portugal em Dezembro e da Taça das Taças na primeira quinzena de Julho, ambas vs Benfica, o Porto volta a festejar com golos de António Alves, Vítor Hugo e David Reis contra o solitário de Cristiano.
A data é especial, 30 Julho 1983, insistimos. Às tantas, no meio da azáfama de coleccionar três títulos numa só época, ouve-se um trompete. O som é único, distintivo, acompanhará o FC Porto por muitos e bons anos. Toca-o o senhor António Lourenço, nascido há 84 anos na freguesia da Sé, no Porto. Filho de um fadista amador, a música entra-lhe facilmente pelos ouvidos.
Aos 15 anos, já toca na Banda da Foz do Douro. Sempre acompanhado pelo trompete, António Lourenço faz magia em várias bandas da zona portuense até entrar para a Conservatória de Música do Porto aos 43 anos. Estuda durante uma década e faz os cursos de composição, acústica, história da música, educação musical, trompete, sempre com notas superiores a 15 valores.
Democrata convicto e combatente do Ultramar, a sua história é também desportiva, e sempre ligada ao FC Porto, como nadador, basquetebolista e ginasta. A partir de 1983, António Lourenço faz-se o adepto mais conhecido do clube com o inseparável trompete. ‘O Pavilhão Américo de Sá estava mais que cheio e o jogo começou uma hora mais tarde. Aquilo tinha capacidade para seis mil e estava o dobro. Toda a gente de pé. Fui ao jogo acompanhado por um dos filhos e levei o trompete. Começou aí.’
E nunca mais pára, seja futebol, seja modalidades, António Lourenço está lá. E em todo o lado, como Viena e Tóquio. Música, maestro.