Great Scott #533: Único árbitro a apitar para intervalo aos 32 minutos num jogo de futebol?
Ahlenfelder
Entre Europeus e Mundiais, só um árbitro alemão apita uma final. É ele Markus Merk, dentista de profissão. Em 2004, na Luz, o homem encarrega-se (e bem) do Portugal vs Grécia resolvido por um solitário golo de Charisteas.
Mark é só um dos alemães com estatuto internacional. Árbitros, queremos dizer. Há mais, muitos mais. Felix Brych, por exemplo. Helmut Krug, outro. Dieter Pauly, mais um. Aron Schmidhuber e por aí fora. Também os há famosos por casos inauditos. Como Rudolf Kreitlein durante o Inglaterra vs Argentina no Mundial-66 em que expulsa o capitão Rattin e só consegue sair do relvado sob protecção policial, debaixo de protestos dos argentinos. Outro famoso sem apitar Europeus e/ou Mundiais é Ahlenfelder.
Wolf-Dieter Ahlenfelder. Entre 1975 e 1988, apita um total de 106 jogos na 1.ª divisão e é eleito o melhor do campeonato em 1983-84. Atinge o zénite na tarde do dia 8 Novembro 1975, num Werder Bremen vs Hannover. Aos 32 minutos, Ahlenfelder faz soar o apito e indica o balneário. Intervalo, como assim? Pois, estranho.
Höttges, defesa do Werder Bremen, aproxima-se de Ahlenfelder e diz de sua justiça. ‘Isto não bate certo. A minha camisola ainda está seca e costuma estar encharcada de suor ao intervalo.’ Ahlenfelder conferencia então com um dos fiscais-de-linha e aceita o erro. O jogo é reiniciado e a primeira parte acaba aos 44 minutos. Que barraca. A segunda parte é normal, vá.
No fim, os jornalistas perguntam-lhe pelo sucedido e Ahlenfelder diz de sua justiça, sem pestanejar. ‘O almoço é porco assado e, para combater a gordura do animal, bebi uma cerveja e depois uma aguardente.’ O seu supervisor Richard Ackerschrott confirma o repasto antes do jogo. Diz-se que ainda hoje há bares dentro do estádio do Werder Bremen a servir cerveja mais aguardente a quem peça um Ahlenfelder. É justo, caramba.
Curiosidade, é só o terceiro jogo de Ahlenfelder na 1.ª divisão alemã. A federação não o pune e o árbitro segue uma carreira imaculada até 1988, ano da sua reforma. O homem é redondo e cultiva um jeito inovador de apitar em várias matérias. No assinalar do penálti, por exemplo: Ahlenfelder indica a marca dos 11 metros e, às vezes, corre para a linha de golo. Nas conversas com os jogadores, outro exemplo: Breitner, então no Bayern, diz-lhe ‘que arbitragem horrorosa’ ao que ele responde ‘que jogadores horrorosos.’ Nas conversas com os treinadores, mais um exemplo: Rehaggel está farto de se levantar do banco e ouve uma reprimenda histórica com ‘sente-se senão sento-o com Pattex’ numa alusão a uma marca de cola.
