Great Scott #566: Quando Obama anuncia a morte de Bin Laden, o cameraman veste a camisola de um hoquista. Quem?
Ovechkin
Good Evening. Tonight, I can report to the American people and to the world that the United States has conducted an operation that killed Osama bin Laden, the leader of al Qaeda, and a terrorist who’s responsible for the murder of thousands of innocent men, women, and children.
Maio 2011, dia 2. Barack Obama recebe a notícia pelo telefone e atravessa uma série de salas na Casa Branca até chegar a um átrio, onde se vislumbra um palco com microfone. À sua frente, dois cameramen. Olhos no teleponto e cá vai disto. A câmara está fixa durante 9 minutos e 27 segundos. Obama lê tudo, despede-se dos telespectadores e vai à sua vida. O tal átrio esvazia-se. De conteúdo, queremos dizer. Porque ainda há lá pessoas. Como os dois cameramen. Um deles tem uma camisola vermelha com o 8 nas costas.
Iniesta, eres tú? Nããããããã. Faço pausa na imagem, abro a pestana e anoto um o, um v, um e, um c, um h, um k, um i e um n. Procuro, Ovechkin. Dá-me Alexander Ovechkin, filho de um futebolista do Dínamo Moscovo e de uma basquetebolista do Dínamo Moscovo. Ela mais conhecida que ele, através das duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos 1976 e 1980. O filho faz-se também desportista, como jogador de hóquei no gelo pelo Dínamo Moscovo.
Campeão e goleador de tudo e mais alguma coisa, Ovechkin sai da Rùssia em Agosto 2005 para cumprir o sonho de jogar na liga norte-americana NHL, ao serviço dos Washington Capitals, uma franquia sem qualquer título desde a fundação em 1974. No jogo de estreia, em Outubro, dois golos vs Colombus Blue Jackets. Em Janeiro 2006, marca O golo, vs Phoenix Coyotes. O gesto técnico é deslumbrante – no chão, a deslizar e de costas para a baliza.
Os anos passam e Ovechkin faz-se jogador de elite, tanto na selecção russa (campeão mundial em 2008, 2012 e 2014) como nos Capitals (designado capitão de equipa em 2010, o primeiro europeu de sempre da equipa).
Contas feitas, e o homem ainda tem 36 anos, Ovechkin é dono de 17 recordes mais um da NHL entre russo com mais golos (780), mais golos no prolongamento (24), mais golos de um extremo-esquerdo rookie (65) and so on and so on. O ‘mais um’ é o do hoquista com menos dentes: faltam-lhe três, todos da frente, dois em cima e um em baixo (estiloooooo).
Campeão nacional em 2018, numa final de sentido único (4:1) vs Vegas Golden Knights, criados no ano anterior, Ovechkin levanta a Taça Stanley e é o dono do mundo. Que o diga o cameraman de Obama.