#41 Newell’s Old Boys 1988
Muito se fala sobre a formação. Há quem valorize os títulos de campeão de juniores, juvenis, iniciados e afins, há quem dê mais ênfase ao número de internacionalizações AA desses miúdos fora de série. O caso do Newell’s Old Boys em 1988 é único no mundo e é o paradigma do sucesso total da formação.
Porquê? Simples, o Newell’s é campeão argentino com 17 jogadores utilizados e todos, todos, todos sem excepção, nascem futebolisticamente no Newell’s. É de sonho. Para compor o ramalhete, também o treinador é do Newell’s desde pequenino. Falamos de José Yudica, substituto de Jorge Solari no banco do Newell’s, na ressaca de dois anos traumáticos com a perda do lugar na Libertadores 1986 (liguilha, vs. Boca Juniors) e do campeonato 1987 (a um ponto do arqui-rival Rosario Central).
Avançado do Newell’s entre 1954 e 1958 com um total de 25 golos em 112 jogos, Yudica joga em mais oito equipas antes de se tornar treinador de renome, com queda para os títulos – o mais impressionante é a Libertadores 1985 pelo Argentinos Juniors.
No dia da assinatura do contrato, Yudica já conhece a lista de transferências. Saem os pilares Rubén Ciraolo para o Valencia mais Julio Zamora para o Atlético Madrid, depois emprestado ao Sabadell. Nas entrada, Yudica saúda o regresso de três caras conhecidas do Newell’s, casos de Roque Raúl Alfaro, campeão mundial pelo River Plate 1986, Víctor Rogelio Ramos e ainda Sergio Omar Almirón, campeão mundial pela Argentina 1986. Todos, todos, todos sem excepção, goleadores de primeira água.
‘Ainda me lembro da nossa primeira conversa, Yudica disse-me que ia ser suplente.’ História na primeira pessoa de Roque Alfaro. ‘Tinha 31 anos, era o mais velhinho da equipa e tal.’ Pois bem, Roque Alfaro faz todos os 38 jogos e é o melhor marcador do Newell’s, com 14 golos, à frente de Dezotti (12) e Balbo (9).
A estreia do Newell’s na 1.ª divisão é um insosso 1:1 vs. Deportivo Español. No onze, saltam à vista nomes do nosso contentamento como Sensini, Balbo e Dezotti, todos vice-campeões mundiais pela Argentina 1990 e cada qual com a sua história na final vs. Alemanha. O primeiro faz o penálti sobre Völler, o segundo é banco e o terceiro é expulso na noite em que é titular na ausência de Caniggia. Adiante, a partir daqui só dá Newell’s.
A segunda jornada é um hino ao futebol, 5:1 vs. Vélez no Amalfitani com golos de outro mundo de Dezotti (bicicleta) e Roque Alfaro (chapéu a 30 metros da baliza de Montoya). Segue-se um carrossel de emoções, com derrota no dérbi rosarino, empate na cancha do Racing com livre directo do capitão Tata Martino aos 85 minutos e goleada épica 5:1 ao Boca Juniors, então último classificado.
Na última jornada da primeira volta, a cinco dias do Natal 1987, o Newell’s finta o River Plate em pleno Monumental e cola-se ao Racing na liderança. O início da segunda volta é periclitante com vitória, derrota e empate antes do 1:0 vs. Rosario, obra de Dezotti, já de malas aviadas para a Lazio.
Em Março, o Newell’s acerta definitivamente o passo e começa a galgar terreno rumo ao título de campeão e tudo começa com 3:1 vs. Racing, já sem andamento para grandes aventuras. Segue-se o formidável 4:0 vs. Boca e, depois, no dia 21 Maio 1988, o jogo do título. O onze do Newell’s é Scoponi; Basualdo, Theiler, Pautasso e Sensini; Tata Martino, Llop e Rossi; Roque Alfaro, Balbo e Almirón. Tudo lhe sai bem, 6:1 e volta olímpica. Para acabar em beleza, 2:0 vs. River com mais um golo do trintão Roque Alfaro.
Contas feitas, 21 vitórias, 13 empates e quatro derrotas entre 68 golos a favor mais 22 contra. No plantel de Yudica, 18 jogadores. Todos eles formados no clube e todos eles obra de Jorge Bernardo Griffa, o Aurélio Pereira da Argentina.
Ei-los
Guarda-redes
Norberto Scoponi (1981) e Carlos Panciroli (1988)
Defesas
Fabián Basualdo (1982), Jorge Theiler (1983), Jorge Remigio Pautasso (1980), Roberto Sensini (1986), Miguel Fullana (1985), Armando Sialle (1985) e Dalcio Giovagnoli (1983)
Médios
Juan Manuel Llop (1981), Gerardo Martino (1980), Juan José Rossi (1983), Roque Alfaro (1975)
Avançados
Gustavo Dezzoti (1982), Victor Rogelio Ramos (1978), Abel Balbo (1987), Sergio Almirón (1979) y Ariel Cozzoni (1985).
Deportivo Español 1:1 Martino
Vélez Sarsfield 5:1 Alfaro-2 / Theiler / Almirón / Dezotti
Deportivo Armenio 4:1 Ramos-2 / JJ Rossi (p) / Dezotti
Rosario Central 0:1
Estudiantes 1:0 Dezotti
Ferro Carril Oeste 0:1
Unión 2:0 Dezotti-2
Racing 1:1 Martino
Talleres (Córdoba) 2:1 JJ Rossi (p) / Almirón
Boca Juniores 5:1 Alfaro-3 / Almirón / Dezotti
Banfield 0:0
Platense 4:0 Dezotti-2 / JJ Rossi / Alfaro
San Lorenzo 0:1
Racing (Córdoba) 2:0 JJ Rossi (p) / Almirón
Gimnasia y Esgrima 2:2 Martino / Almirón
Argentinos Juniors 2:0 Alfaro / Sensini
Independiente 0:0
Instituto (Córdoba) 3:0 Pautasso-2 / Alfaro
River Plate 2:1 JJ Rossi (p) / Sensini
Deportivo Español 2:1 Dezotti-2
Vélez Sarsfield 1:2 Llop
Deportivo Armenio 2:2 Balbo / Maciel (pb)
Rosario Central 1:0 Dezotti
Estudiantes 1:1 Alfaro
Ferro Carril Oeste 0:0
Unión 2:0 Martino / Balbo
Racing 3:1 Dezotti / Llop / Cozzoni
Talleres (Córdoba) 1:1 Balbo (p)
Boca Juniors 4:0 Almirón / JJ Rossi / Balbo / Alfaro
Banfield 0:0
San Lorenzo 0:0
Platense 0:0
Racing (Córdoba) 4:0 Balbo-2 / JJ Rossi / Martino
Gimnasia y Esgrima 1:0 Balbo
Argentinos Jrs 2:1 Balbo / Alfaro
Independiente 6:1 JJ Rossi-2 / Alfaro-2 / Almirón / Balbo
Instituto (Córdoba) 0:0
River Plate 2:0 Alfaro / Ramos