Great Scott #787: Quem marca quatro golos vs. Espanha na primeira final do Eurofutsal?
Rui Ribeiro
Mil-nove-oito-oito. Estamos em 1988, ano do primeiro Europeu de futsal. Portugal é um dos participantes – dignos, aliás.
Na fase de grupos, a equipa treinada por José Eduardo (o tal lateral desajeitado do Sporting) ganha sempre e acaba com 19:1 em golos. Já a anfitriã Espanha está nas suas sete quintas, com um imparável 48:1. Nas ½ final, a Espanha elimina a Checoslováqui por 6:1, enquanto Portugal arruma Israel por 14:1.
Final ibérica em Madrid, grande expectativa. A imprensa espanhola está em cima do acontecimento, a portuguesa nem por isso. A imprensa espanhola esfregas as mãos como se fossem favas contadas, os portugueses nem ai nem ui, simplesmente na expectativa de jogar bem para dar espectáculo.
Soa o apito do checoslovaco Mlader Ducha e a Espanha esquece-se de jogar. Só dá Portugal, com Rui Ribeiro em plano superior. O homem faz um, dois, três. Isso mesmo, está 3:0 em três tempos. O público espanhol, cerca de cinco mil, nem pia. É um silêncio constrangedor.
Aos 15 minutos, em tão-só 20 segundos, o Pavilhão de Desportos arrebita e já se ouve qualquer coisa. Pudera, Álvaro reduz e, na jogada seguinte, Paco faz o 3:2. Chega o intervalo para esfriar as ideias e puxar pela cabeça. Mais uma vez, Portugal reaparece com o controlo do jogo, alicerçado por golos de Féria e Ribeiro (póquer). A Espanha ainda responde por De la Torre, só que Azevedo mantém a distância e também fixa o marcador.
Acaba 6:3 para Portugal, primeiro campeão europeu de futsal. No uso da palavra, o seleccionador José Eduardo fala sem filtros. ‘Contra tudo e contra todos, ganhámos com indiscutível mérito e mostrámos a nossa qualidade técnica, além de aguentarmos todo o tipo de pressões, do árbitro e até da mesa.’