Great Scott #804: Único a marcar ao Boavista aos 40 segundos na UEFA?
Dalglish
O Boavista de Pedroto esbanja charme até mais não. Em 1975, levanta a Taça de Portugal no Estádio José Alvalade com 2:1 vs. Benfica. No ano seguinte, levanta outra Taça de Portugal, agora nas Antas, outro 2:1, agora vs. Vitória SC – nos tempos do PREC, o Jamor é demasiado salazarento, até para os futebóis.
Entre uma Taça e outra, o Boavista entra naturalmente na Taça das Taças 1975-76. É a estreia na UEFA, tchan tchan tchan tchaaaaaaaaan. Sempre com Pedroto ao leme, o Boavista safa-se na primeira eliminatória com 0:0 na Checoslováquia mais 3:0 no Bessa, vs. Spartak Trnava.
O sorteio dos 16 avos é mais castrador, é o Celtic. A primeira mão é no Bessa e as duas equipas dividem a alcatifa do mesmo hotel em Espinho. Os 22 jogadores entram em campo ao mesmo tempo e o ambiente de confraternização estende-se até durante o próprio jogo, sobretudo quando João Alves falha um penálti – vá, vamos ser honestos, o guarda-redes norte-irlandês Latchford estica-se e defende com uma palmada.
Daí a 15 dias, em Glasgow, num estádio completamente a abarrotar, o Celtic escolhe bola no ‘cara ou coroa’ e mete-a lá na frente num piscar de olhos. O lateral Taí afasta para fora e é lançamento lateral. O relógio anda, devagar, devagarinho. O lançamento é feito para Dalglish e o número 8 foge à marcação individual para um remate à figura de Botelho.
Só que Botelho quer agarrar a bola com estilo e deixa-a escapar para dentro da baliza. O seu desespero é evidente, porque, já dentro da baliza, agarra na bola e faz-lhe uma série de maldades. Dalglish, esse, sai a celebrar sem saber ler nem escrever. O remate é mesmo inofensivo. Adiante, é golo aos 40 segundos. Acaba 3:1, embora o Boavista tenha mantido a eliminatória em aberto desde o golaço de Mané de fora da área aos 39 minutos até ao 3:1 de Deans em contra-ataque aos 85.