Great Scott #835: Quem é o árbitro surpresa do FC Porto vs. Sporting em 1985-86?
Francisco Silva
John Toshack é ainda hoje o único treinador estrangeiro do Sporting sem qualquer derrota no José Alvalade para a 1.ª divisão – o único dissabor é para a Taça de Portugal, vs. Rio Ave. E é ele quem dá luta ao FC Porto de Artur Jorge bicampeão nacional em 1984-85.
Antes de acabar essa época, Toshack sai do Sporting e é substituído por Manuel José. O homem dá continuidade ao trabalho do galês e é ver o Sporting 1985-86 a morder os calcanhares à concorrência, ao ponto de ter virado a 1.ª divisão do avesso a uma jornada do fim, com o inesperado 2:1 na Luz à mesma hora de um 1:0 do FC Porto no Bonfim, graças a um slalom de Futre, lançado por Mlynarczyk. O resultado é o título de campeão do FC Porto, a respectiva entrada na Taça dos Campeões 1986-87 e, nove meses depois, o épico 2:1 vs. Bayern.
Esse Sporting 1985-86 joga bem à bola e convive com dois incidentes em jornadas seguidas. No dia 27 Outubro, para a 8.ª, o Sporting engana o Boavista por 2:0 numa noite cheia de oportunidades perdidas.
Valha-nos o acerto de Sousa, num pontapé livre sem qualquer hipótese para Alfredo, e Saucedo, de cabeça. Rosa Santos é o dono do apito e o jogo começa 10 minutos depois da hora programada, porque o trio de arbitragem chega atrasada ao José Alvalade, devido à avaria do Mercedes do árbitro na viagem desde Beja.
Como tal, Rosa Santos é obrigado a voltar para trás e a requisitar outro veículo para chegar a Lisboa. Uma vez lá, apita o 2:0 sem casos para apresentar, a não ser uns cartões amarelos sem importância.
Passa-se uma semana e o Sporting visita as Antas. O ambiente é de expectativa, frente a frente as duas melhores equipas do momento. A federação portuguesa nomeia Raul Nazaré para o clássico no dia 2 Novembro. Só que o árbitro setubalense vai ao outro lado da Europa para dirigir o Albânia vs. Grécia, de apuramento para o Mundial-86, e chega mais tarde que o previsto. Sem Mercedes, desta vez.
À última hora, a federação chama o algarvio Francisco Silva. E ele passa despercebido no 2:1 para o FC Porto, golos de André, Lima Pereira mais Venâncio e a estreia oficial de Meade. No final do prélio, a satisfação de Francisco Silva é mais-que-evidente.
Satisfeito com a sua exibição?
Jogo propício à minha forma de arbitrar. Encontraram o árbitro ideal para este tipo de jogo, julgo que FC Porto e Sporting não estranharam a minha maneira de ser, pois é assim que jogam lá fora para a UEFA. Penso que não deixei mal visto o Raul Nazaré.
(em ar de desabafo)
Há muita gente que me quer ver morto, que me pretende afastar, lançando boatos falsos sobre mim. Mas o Francisco Silva provou nas Antas que está vivo, que veio para ficar. Pela primeira vez, vou dedicar esta actuação ao meu pai Bernardino, à minha mãe Alvor e a Alvor, a pequena terra que me viu nascer, terra humilde.
(a concluir)
As duas equipas estão de parabéns pela forma como se bateram e quero desejar-lhes a maior sorte para quarta-feira.
A quarta-feira que se refere é a UEFA, claro. O FC Porto ganha 3:1 vs. Barcelona, hat-trick do suplente Juary, e é eliminado da Taça dos Campeões. O Sporting dobra o Dínamo Tirana por 1:0, obra de Venâncio, e segue em frente na Taça UEFA.
