Great Scott #853: Quem sofre cinco golos do Barcelona no dia de despedida de Kubala?
Bastos
O Barcelona 1960-61 é a primeira equipa de sempre a eliminar o Real Madrid na Taça dos Campeões. Na altura, o Real é pentacampeão e goza de um prestígio inabalável. O sorteio dos oitavos-de-final junta os dois clubes espanhóis e é o fungagá da bicharada.
Porque o Real Madrid é escandalosamente roubado nos dois jogos, ambos apitados por ingleses. Na primeira mão, em pleno Santiago Bernabéu, o definitivo 2:2 resulta de um penálti inexistente (a falta do guarda-redes Vicente sobre Kocsis é fora da área) numa jogada em que o fiscal-de-linha assinala fora-de-jogo e o árbitro Ellis deixa seguir. Em Barcelona, a grandeza do jogo é tal que até a RTP o transmite em directo.
O árbitro chama-se Leafe e tem a coragem de anular um, dois, três, quatro golos ao Real Madrid em Camp Nou. Quatro golos anulados, nem mais. Um na primeira parte, num lance que Canario é claramente pontapeado para penálti e Del Sol marca na ressaca – o árbitro não assinala falta nem dá golo e apita falta de Canario. Na segunda parte, mais um festival do apito trocado: dois golos anulados por fora-de-jogo incríveis e outro porque a bola não cruza a linha de golo. Enfim, um disparate imenso. Só visto, porque contado nem se acredita em tamanho roubo de igreja.
Avança então o Barcelona, finalista europeu juntamente com o Benfica, em Berna. Honra lhe seja feita, o Barcelona marca o primeiro e o último golo do jogo. Pelo meio, o Benfica celebra três. Acaba 3:2, o Benfica si em ombros e o favorito Barcelona chora baba e ranho – só voltaria a uma final da Taça dos Campeões em 1986 e só a levantaria em 1992.
A desfeita afecta grande parte do plantel, naturalmente. Um dos nomes mais sonantes é o de Kubala. Aos 34 anos, o avançado húngaro retira-se do futebol e convida-se o Atlético Clube de Portugal. Um mês depois da final perdida para o Benfica, no dia 23 Junho, o Barcelona vinga-se e goleia por cinco-secos.
A massa popular acorre ao Camp Nou para ovacionar Ladislao uma última vez e sai toda feliz com um resultado gordo, construído com um golo de Evaristo, dois de Martinez (ambos de cabeça) e outros dois de Kubala (o último também é de cabeça). Na baliza, o guarda-redes Bastos é pau para toda a obra.
Só para a história, o onze do Atlético em Camp Nou inclui Bastos; Leonel e Ferreira; Pérides, Gonzalez e Orlando; Angeja, Vieira Dias, Ernesto, Pedro Silva e Bártolo. Jogam ainda Fonseca, Carlos Gomes e Pinho.
