Great Scott #947: Único jogador da selecção brasileira com quatro anulados num só jogo?

Great Scott Mais 01/11/2024
Tovar FC

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Great Scott #947: Único jogador da selecção brasileira com quatro anulados num só jogo?

Evaristo

Há vidas incríveis, há vidas memoráveis e há a vida de Evaristo Macedo. O homem está em (quase) todas. Vamos lá por partes. É dele a fatia de quatro golos na maior goleada de sempre no Maracanã, um 12:1 do Flamengo vs. São Cristóvão em 1956. É dele o primeiro hat-trick em Camp Nou em 1957. É dele o único penta (cinco golos) pela selecção brasileira, vs. Colômbia, em 1957. É dele o golo de cabeça a eliminar o pentacampeão europeu Real Madrid, em 1960.

Entre esses feitos extraordinários, que o levam a assinar pelo Barcelona a troco de um salário anual de 700 mil pesetas mais casa, um Mercedes-Benz e ainda uma baby-sitter para a filha recém-nascida, Evaristo acrescenta um outro feito, ainda mais improvável. Acredite, sim senhor.

Em Abril 1956, no primeiro jogo de sempre entre Brasil e Áustria, que também é o primeiro a ser transmitido em directo pela televisão austríaca, o árbitro jugoslavo Mirko Romcevic anula quatro golos a Evaristo. Acredite, sim senhor. O jogo, verdade seja dita, é tudo menos pacífico. Porque o Brasil é superior em toda a linha e porque a Áustria é arisca em aceitar essa diferença xxl. Vai daí, há atropelos vários. Dentro de campo, os austríacos batem forte e feio. Fora do campo, também.

Ao intervalo, 1:0 por Sabetzer. Antes do golo, Evaristo vê um golo anulado. Depois, outro. Por fora-de-jogo, dizem os fiscais-de-linha. Romcevic anui. Grande barraca. Na segunda parte, Evaristo vê mais dois golos anulados e passa-se dos carretos. Ao ponto de pedir a substituição aos 64 minutos. Ao ponto do chefe da delegação brasileira entrar em campo para discutir com Romcevic e meter mais lenha na fogueira das vaidades.

Sem Evaristo em campo, e com a ordem reposta em campo, o Brasil dá a volta ao marcador em dois minutos por Gino (73’) e Zózimo (75’). A Áustria reage com categoria e empata, bis de Sabetzer (77’). É de Didi, o da folha seca, o 3:2 final a três minutos do fim. Evaristo jogaria mais um ano pelo Brasil, até 1957, ano em que assina pelo Barcelona. É, disparado, um dos candidatos a jogar a titular no Mundial-58, só que o Barcelona não o liberta para a selecção. E porquê? Como a Espanha falha o apuramento, a federação estica o calendário e a Taça Generalíssimo (agora Taça do Rei) joga-se ao mesmo tempo do Mundial e o Barcelona precisa dos melhores. Acredite, sim senhor.

Sem Evaristo, o Brasil resolve com Pelé. E, pronto, Evaristo nunca mais é chamado pelo Brasil, com um total de oito golos em 14 jogos entre os Jogos Olímpicos-1952 e a Copa América-57. A experiência num Mundial é só como seleccionador, já em 1986, no México, ao serviço do Iraque, onde trabalha ao lado do filho de Saddam Hussein.

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