Great Scott #969: Quem é o treinador do Santos no dia da apresentação de Futre no Vila Belmiro?
Emerson Leão
Janeiro, mês de mercado. Seja aqui, seja na conchichina. Aqui, na Europa, os clubes reorganizam-se e contratam para acertar o plantel a meio da época. Lá, na América do Sul, as equipas saem das férias de Verão e iniciam a época desportiva.
No Brasil, há um nome português mais badalado que nunca a fazer furor no Estado de São Paulo. Também ele é Paulo. Jorge. Dos Santos. Futre. Pois é, Futre anda aí a picar o ponto, a espalhar magia com aquela conversa muita sua, da palavra espectáculo para tudo e mais alguma coisa.
O primeiro clube a vincular-se ao esquerdino é a Portuguesa de Desportos. O empresário de Futre é o místico Delane Vieira, o tal dos dois sapos em Viena e mais dois em Tóquio. Folclore ou verdade, quem sabe? A verdade, esta sim, é que Delane aparece junto a Futre e confirma o negócio com a Portuguesa. A apresentação oficial está marcada para o dia seguinte, no Canindé.
Passam-se menos de 24 horas e nada de Futre. A meia-hora da apresentação, Futre telefona ao presidente interino Amílcar Casado e dá o dito por não dito. A culpa, diz o empresário, é da Portuguesa. Em vez de meter Futre num hotel de quatro estrelas (como prometido), enfia-o numa pensão marota. Em vez de alugar um motorista para a estadia em São Paulo 8como prometido), dá-lhe um carro. E, por último, os dirigentes da Portuguesa colocam reticiências no salário a Futre.
E agora? Sem problema, Delane Vieira desbloqueia a situação e é ver Futre a assumir um contrato de quatro meses com o Santos. A ideia é jogar o Paulistão mais o Rio-São Paulo. O anúncio é feito durante um almoço entre José Farah (presidente da federação paulista) e Famir Abduk Hack (presidente do Santos).
Para Futre, espectáculo. ‘Sinto finalmente a tranquilidade que necessitava para poder jogar o meu futebol. Sei que o Santos tem uma equipa muito forte, repleta de jogadores talentosos, pelo que a minha integração será mais fácil. Santos é uma cidade bem mais calma que São Paulo e situa-se perto do mar, o que também é bom. Preciso de jogar para readquirir o meu melhor futebol.’
No uso da palavra, o presidente santista elogia o português e desvenda as alíneas do contrato: salários divididos com a federação paulista, uma moradia e um automóvel. A apresentação aos adeptos e comunicação social está marcada para o dia seguinte, 22 Janeiro 1998, no Vila Belmiro.
Cadê Paulo? O negócio vai por água abaixo, a namorada de Paulo está mal, no hospital, e o jogador abala para Espanha. Nunca mais volta ao Brasil e pede mil desculpas. No quadradinho seguinte, Futre está vestido à Atlético e completa a época 1997-98 em Madrid com um total de 72 minutos espalhados por cinco jogos, vs. Celta, Oviedo, Mérida, Saragoça e Betis.
