Great Scott #984: Último português do Benfica a sagrar-se melhor marcador da 1.ª divisão?
Rui Águas
Carrega uma herança pesada. O nome Águas está escrito a letras de ouro na história do Benfica, por culpa do seu pai José, capitão das duas conquistas europeias nos anos 60.
Consciente disso, Rui larga o epíteto de filho do José e ganha por direito próprio o seu espaço na galeria dos melhores avançados portugueses.
Parecido com o pai na arte do salto, atira-se de cabeça ao futebol, depois de uma experiência bem-sucedida no voleibol. Anda pelo Benfica dos 12 aos 14 anos, vai para o Cultural da Pontinha e ainda veste a camisola do Sporting, no último ano de júnior, em 1977.
Uma lesão atira-o para o estaleiro durante dois anos e só volta a aparecer em cena na 3.ª Divisão, pelo Sesimbra, em 1980. Dois anos volvidos, já está no Atlético, do segundo escalão. Ainda é o filho do José Águas, mas sobe o Evereste a pouco e pouco.
Em 1983, alcança a 1.ª Divisão, ao serviço do Portimonense. Insatisfeito, continua a escalar à procura do topo. Encontra-o no Benfica em 1985, quando já é internacional A. De vermelho e branco, impôs-se com a naturalidade dos campeões. Marca um golo na final da Taça de Portugal 1986 (vs. Belenenses, 2:0) e coloca o Benfica na decisão da Taça dos Campeões 1988, com um bis vs. Steaua Bucareste, na Luz (outro 2:0). Após dois anos no FC Porto, numa polémica transferência com o intuito de substituir Gomes, o seu regresso à Luz é assinalado com o título de melhor marcador da 1.ª divisão em 1991.
A façanha só é festejada ao cair do pano. À partida para a última jornada, o top 3 inclui Rui Águas (23), Gomes (21) e Domingos (20). Aos 70 minutos de jogo, Domingos já é o rei do golo, com um póquer ao Vitória SC. No minuto 77, Rui Águas marca o 2:0 vs. Beira-Mar e empata 24:24 com o portista. No mesmo instante, Gomes fixa o 2:0 do Sporting vs. Gil Vicente e sobe para 22, já fora da corrida pela Bola de Prata.
Restam os últimos minutos e é Rui Águas quem os aproveita para fazer o terceiro da tarde do Benfica na Luz. Nas Antas, a veia goleadora de Domingos não faz mexer mais o marcador e Rui Águas proclama-se vencedor do troféu organizado pelo jornal A Bola. Daí para cá, nunca mais um português do Benfica se consagra – apesar dos esforços de Simão em 2003 e Pizzi em 2020.
Eis os melhores marcadores da 1.ª divisão pelo Benfica desde então
2010 Cardozo (Paraguai)
2012 Cardozo (Paraguai)
2016 Jonas (Brasil)
2018 Jonas (Brasil)
2019 Seferovic (Suíça)
2020 Carlos Vinícius (Brasil)
2022 Darwin (Uruguai)