Great Scott #989: Único 10 do Brasil a falhar um penálti em Mundiais?

Great Scott Mais 03/11/2024
Tovar FC

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Great Scott #989: Único 10 do Brasil a falhar um penálti em Mundiais?

Zico

Arthur Antunes Coimbra é Zico. E Zico é a maior figura do universo flamenguista. O rapaz joga como muito poucos e a alcunha de Pelé branco é a mais feliz possível.

Melhor marcador de sempre no Maracanã, com 333 golos em 435 jogos, e jogador exemplar com uma conduta desportiva muito acima da média, Zico tem só uma cruz na carreira e está relacionada com a história dos Mundiais.

No Argentina-1978, o árbitro anula-lhe um golo limpo por ter apitado entre a marcação do canto e o remate do brasileiro. Para cúmulo, esse Brasil é só terceiro lugar sem qualquer derrota. No Espanha-1982, a Itália de Paolo Rossi rouba o sonho de quase toda a população mundial de ver o encantador Brasil de Telé Santana na final de Madrid. No México-1986, o número 10 por excelência falha um penálti.

A história sobre esse último Mundial começa em 1985, quando se lesiona com gravidade a meio de um jogo do Flamengo. A recuperação demora tempo e Zico foge à operação por indicação dos responsáveis federativos, de olho no México. Sem jogos nas pernas pelo Flamengo, a estreia de Zico em 1986 é só em Abril. E pela selecção. A Jugoslávia perde 4:2 no Recife e Zico faz três golos, dois deles de belíssimo efeito.

O povo já o adora. Agora, com o hat-trick, muito mais. Zico também se dá por convencido, o joelho está de volta aos bons velhos tempos. Só que não. Uma semana depois, a 7 Maio, em Curitiba, vs. Chile, há um lance proibitivo. ‘Escorreguei e o joelho cedeu. Na viagem de volta para casa, disse à federação para me libertar do Mundial. Disseram-me que não, que ia resultar com uma gestão adequada.’

E, de facto, o seleccionador Telé Santana doseia Zico a conta-gotas. É suplente não utilizado vs. Espanha, vai para a bancada vs. Argélia e faz uns minutos vs. Irlanda do Norte.

Na fase a eliminar, faz mais uns minutos vs. Polónia, nos oitavos, e volta a entrar na segunda parte vs. França, nos ¼. O resultado está 1:1, o clássico é uma delícia de acompanhar com constantes lances de perigo, ou não fosse o futebol vertiginoso dos anos 80 no seu auge.

Zico substitui Müller e a fé da nação brasileira cresce. Na primeira acção com bola, Zico desmarca Branco na área. O guarda-redes Joel Bats sai-se dos postes e derruba o lateral-esquerdo. É penálti, apita o romeno Igna. Avança Zico. Atenção, muita atenção, é o quarto penálti do Brasil nesse Mundial: os dois primeiros marca-os Sócrates, o último é Careca.

Zico apalpa a bola, mete-a no ponto e atira para a sua direita. Bats adivinha e defende para a frente. A recarga é feita por um francês, o Brasil ganha canto. E nada daí resulta. O 1:1 estica-se até aos 90 minutos, depois por todo o prolongamento.

No desempate por penáltis, Zico assume a responsabilidade de bater um dos cinco. E engana Bats – ao contrário de Sócrates (defesa de Joel) e Júlio César (ao poste, com estrondo). A França avança para a ½, cortesia Luis Fernández. O Brasil 1986 vai para casa a chorar. Zico nem se fala. ‘Nunca deveria ter ido ao México, nunca deveria ter cedido à vontade do meu coração.’

Daí para cá, três números 10 do Brasil batem o penálti em Mundiais e fazem golo. O primeiro é Rivaldo em 2002. Depois é Ronaldinho em 2006. Finalmente é Neymar em 2018.

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