Great Scott #8: De quem é o hat-trick mais inglório de sempre na 1.ª divisão?

O Feirense 1989-90 é uma equipa irrepetível, com um plantel 100% português, treinador incluido (primeiro Henriques Nunes, depois Álvaro Carolino). Acaba em último lugar, e então? Ainda hoje está na história. A do campeonato dessa época e também a de Hristo Mladenov. O búlgaro, um jogador irrepetível, comete a proeza de marcar três golos na Feira, que lhe permitem continuar na perseguição activa ao benfiquista Mats Magnusson. O hat-trick dessa tarde de 25 Fevereiro 1990 é inglório, porque acaba 4-4. E será o mais inglório de sempre porque o jogo é anulado. Whaaaat? Isso mesmo. O empate chega em cima do apito do árbitro Alexandre Morgado, por obra e graça de João Luís. A confusão é imensa no Marcolino de Castro. Enquanto os feirenses festejam o ponto, os setubalenses amontoam-se junto do árbitro em claro protesto. Diz o guarda-redes Jorge Martins que só larga a bola depois de ouvir o apito final de Alexandre Morgado. O protesto do Vitória é feito, a FPF analisa-o e decide-se pela repetição do jogo, a 3 Maio. Que acaba empatado. Sem golos. Nem de Mladenov nem de ninguém. Lá se vai o hat-trick.

Acha isto inglório? Estamos em 1961 e o sorteio da 4ª eliminatória da Taça de Inglaterra junta Luton Town e Manchester City em Kenilworth Road. No dia 28 Janeiro, o relvado parece um pântano, o árbitro não é dessa opinião. Disso se aproveita Denis Law para inscrever seis golos até aos 69 minutos, altura em que… «Aquilo parecia um campo de batalha, cheio de lama e de poças enormes. Quando começa a chover, o árbitro cancela o jogo», conta Law.  Parêntesis para esclarecer quem é Denis Law: extraordinário avançado escocês com história feita nos dois clubes de Manchester e uma Bola de Ouro (melhor jogador da Europa) em 1964, no ano anterior a Eusébio. As duas equipas voltam a encontrar-se a 1 Fevereiro. “Nunca tinha marcado seis golos. Não é daquelas coisas que se façam com frequência”, graceja Law. “O engraçado é que o campo estava em piores condições no segundo jogo do que no sábado.” No replay, o Luton ganha 3-1 e o golo do City é do escocês. Perdem-se, por culpa de São Pedro, cinco golos na conta de Denis Law. Que o atrapalham na luta pelo título de melhor marcador de sempre da Taça. Só 41 em contraste com os 44 do galês Ian Rush.