Great Scott #17: Quem é o primeiro guarda-redes a jogar com luvas em Portugal?
Jaguaré
Jaguaré; Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Pascoal, Santana, Russinho, Mário Matos e Oitenta e quatro (sim senhor, havia um jogador chamado Oitenta e quatro, que já não foi a tempo de ir ao Europeu de França). Eis o Vasco de luxo, campeão carioca em 1929. Como prémio, o Vasco mostra-se na Europa e Jaguaré dá rapidamente nas vistas. É contratado pelo Barcelona, de onde sai sem honra nem glória, vítima de racismo por parte dos adeptos da própria equipa (Jaguaré é o primeiro negro na história do Barça). Saltaria para Lisboa, onde o Sporting recebe-o de braços abertos. Entre Novembro 1935 e Abril 1936, acumula sete jogos, com seis vitórias e uma derrota. É campeão regional de Lisboa, com uma nuance nunca vista: as luvas. Jaguaré defende com luvas. E há um episódio fantástico no dérbi vs Benfica. Antes de um penálti, o brasileiro avança e cospe na bola. O gesto confunde Aníbal José, que atira por cima. O árbitro manda repetir o lance, sabe-se lá porquê. Jaguaré volta a cumprir o seu ritual e, agora, defende a bola. Ou a bichinha, como ele a apelida. Acto contínuo, roda-a com o indicador como se fosse um Harlem Globetrotter. Além disso, Jaguaré é um personagem do outro mundo: dorme sempre até dez minutos antes do início do jogo e só entra em campo depois de colocar a cabeça debaixo do chuveiro de água fria.