Great Scott #27: Qual é o primeiro jogo da 1.ª divisão cuja transmissão televisiva é cancelada por greve da RTP?
O Benfica de Eriksson voa. Nos primeiros 15 jogos da época 1982-83, qualquer coisa como 15 vitórias. Quinze, entre 1.ª divisão (9), Taça de Portugal (1) e Taça UEFA (4). É um autêntico baile. O Benfica acabaria a época como campeão nacional, vencedor da Taça de Portugal e finalista da Taça UEFA (Anderlecht). Pelo meio, a famosa eliminatória europeia com a Roma. No Olímpico, primeira mão dos quartos-de-final, 2:1 com bis de Filipovic. Quatro dias depois, a 6 Abril, o regresso à 1.ª divisão contempla uma viagem à Póvoa. A malta esfrega as mãos, o jogo é transmitido pela RTP às 1900 de domingo.
O Benfica é líder isolado, com três pontos à maior do Porto, e o Varzim ocupa um sensacional 4.º lugar, atrás do Sporting. Mérito maiúsculo para o trabalho do treinador José Torres (futuro seleccionador nacional), na sequência do título de campeão da 2.ª, zona norte, a cargo de António Teixeira. No plantel, saltam à vista os nomes de Lúcio (Keeper), Washington (pai de Bruno Alves), André (a caminho do FCP) e Folha (o da cambalhota).
Jogo grande, casa cheia e dinheiro em caixa. Só que não. Os trabalhadores da RTP trocam as voltas e anunciam a greve. Depois, a meio dessa semana, o pré-aviso é retirado. E agora? Nada feito, a direcção de programas analisa a grelha desse domingo e decide-se pela não transmissão do jogo. Que, assim, joga-se à hora do costume (1500). Acaba 1-1 e é célebre o golo de livre directo de Washington. É um pontapé divinal, Bento nem a vê (embora esbraceje com a barreira) (soa a pleonasmo, o guarda-redes é cá uma peça). Empata o suplente Diamantino, aos 64’, numa jornada em que o Porto perde 3-1 em Setúbal com arbitragem de Santos Ruivo altamente contestada por Pedroto e o Sporting estreia os calções verde-ervilha para derrubar a muralha do Portimonense só à custa de um penálti de Jordão.