Great Scott #138: Quem chega em cima da hora na ½ final do Euro-88 entre RFA e Holanda, por culpa da UEFA?
O árbitro (Ioan Igna)
O Euro-88 é uma beleza inaudita, sem cartões vermelhos nem 0:0. Ainda por cima, ganha a Holanda. É o único título da sua história, confirmado em Munique vs URSS (2:0). Antes, na meia-final, a Holanda afasta a anfitriã RFA, em Hamburgo. O jogo está marcado há muito, muito tempo. E a UEFA consegue mesmo assim enganar-se, ao entregar os bilhetes de avião do trio de arbitragem para Estugarda. Ninguém se dá conta do erro. Só quando o árbitro romeno Ioan Igna aterra em Estugarda. Ainda estamos a falar de uma diferença de 600-e-tal quilómetros.
A sorte protege os audazes e Igna (mais os fiscais-de-linha Petrescu e Craciunescu) lá chegam a Hamburgo em cima da hora, prontos para acompanhar o RFA vs Holanda. Que corre bastante mal a Igna, a avaliar pelo erro xxl no assinalar do penálti a favor da Holanda (1:1 de Ronald Koeman) por falta inexistente de Kohler sobre Van Basten. O próprio Van Basten segue a jogada como se nada fosse e saca uma expressão de surpresa quando se apercebe do penálti. No último suspiro, Wouters desmarca Van Basten e o goleador atira-se para o golo. É o 2:1 definitivo, a vingança consumada de Rinus Michels, finalista vencido do Mundial-74, precisamente vs RFA, na RFA.
Curiosamente, Igna é um árbitro com queda para erros do arco da velha. Dois anos antes, no Mundial-86, é ele quem não apita penálti mais-que-evidente de Carlos sobre Bellone no prolongamento dos ¼ final entre Brasil e França, em Guadalajara. Até Platini lhe chama a atenção com um inusitado agarrar de braço. Nos penáltis, o remate de Bellone bate no poste e depois na cabeça de Carlos antes de entrar na baliza. É golo? Há quem proteste, como o capitão Edinho. Que leva amarelo. A verdade é que as regras de então são pouco esclarecedoras sobre a viagem da bola nos desempates de penálti e a FIFA faz uma adenda a propósito desse lance.