Great Scott #140: Qual é a série em que a frase mais sonante é ‘Let’s be careful out there’?
A Balada de Hill Street
Hakuna Matata! Hakuna Matata! Hakuna Matata! Hakuna Matata! Hakuna Matata! Hakuna Matata! Hakuna Matata! Hakuna Matata! Andar por aí a cantarolar o Hakuna Matata é do mais espontâneo que há, seja a fazer o café, a vestir-se ou a caminho do metro. É daqueles sons repetitivos que nem nos damos muito bem conta de como começa, mas aquilo entra-nos na cabeça e depois é o que se sabe, está o caldo entornado. No bom sentido, claro. O Hakuna Matata não está obviamente sozinho neste ranking de sons verbalizados ao acaso, sem pensar. Tomemos como exemplo um caso muito, muito antigo. E muito, muito especial. O d’A Balada de Hill Street, por exemplo.
Aquela música de entrada é uma maravilha. Isso mesmo, de nos deixar maravilhados. Então se acompanhado com imagens, é aquilo de que já falámos: está o caldo entornado. Se fizermos play, pause, rewind e play na nossa cabeça, é uma mistura de sentimentos sem igual: som da porta da garagem a abrir-se de repente, voz feminina vagamente perceptível na rádio, sirenes alto e bom som, carro da polícia a virar à esquerda, seguido por mais um e ainda outro, piano em acção e cá vai disto. Depois temos a combóiada do costume com as modernices daqueles tempos.
Quais? Os fabulosos, magníficos anos 80. Modernices? Sim senhor, então não se lembra daqueles episódios que acabam com cenas de cama entre o capitão Frank Furillo (memorável Daniel J. Travanti) e a defensora pública Joyce Davenport (memorável – em todos os sentidos e em outros – Veronica Hamel) a discutir os seus dias de trabalho? Pois bem, isso é moderno. Tal como a técnica de filmagem (documental) que entrelaça histórias de vida profissional e do quotidiano misturada invariavelmente com um permanente ruído de fundo e o constante movimentos dos figurantes. Aquilo é ballet, acreditem.
Quer dizer, é ballet quando os criminosos não são encostados à parede (metafórica e literalmente) pelos panzers da série, personificados pelos sensacionais e inesquecíveis Officer Renko (Charles Haid), Detective Mick Belker (Bruce Weltz) e o Lieutenant Howard Hunter (James B. Sikking). Destes três, é impossível escolher um. Não dá, é como dizer se gostamos mais da mãe ou do pai – e ali a situação torna-se mais complicada porque são três. Aquilo é um fartote de rir pela dinâmica de interjeições, gestos e esgares de cada um. Que espectáculo andante. Calma, ainda não acabámos. E o juiz Alan Wachtel (Jeffrey Tambor)? É cá um personagem. No duplo sentido, queremos dizer.
Criada por Michael Kozoll e por Steven Bochco, a série faz história na televisão dos EUA, através da NBC. Percorre todos os dias da semana (menos domingo) até se fixar na 5.ª feira, onde a Hill Street Blues divide as atenções com The Cosby Show, Family Ties (Quem Sai aos Seus) e Cheers. É a noite mais quente da tv norte-americana. A Balada de Hill Street é um hino à cultura televisiva americana e arrecada 98 Emmys de Janeiro 1981 a Maio 1987. Bom, estamos já no fim, é tempo de dizer “…Let’s be carefull out there!”