2003, Barcelona vs Boca Juniors

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Tovar FC

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2003, Barcelona vs Boca Juniors

De repente, o novo treinador Fernando Santos tem de jogar sem Quaresma nem Ronaldo, as duas mais recentes pérolas do Sporting. Um assina pelo Barcelona, o outro pelo Manchester United. Os três só se voltariam a cruzar na década seguinte, rumo à gloriosa conquista do Euro-2016.

Antes, em 2003, Santos vê-os partir. O primeiro é Quaresma, de malas aviadas para Camp Nou, onde se estreia por ocasião do Torneio Joan Gamper, vs Boca Juniors. O pontapé de saída está previsto para as 2130. Nada feito. Fogo de artifício, apresentação individual dos jogadores, blá blá blá yada yada yada e a bola só dá sinal de si às 23-e-tal. Ou seja, o jogo acaba no dia seguinte.

Quaresma entra na segunda parte, em substituição de Ronaldinho, aos 76 minutos. O clássico acaba empatado a um golo, obra de Tevez e Gerard. Nos penáltis, só falha Burdisso (aliás, Rüstü é quem defende). Ganha o Barcelona e encontro-me com Quaresma mais Jorge Mendes no Hotel Princesa Dona Sofia, a dois passos do estádio. A conversa flui e continua nos dois dias seguintes. Só saio de Barcelona quando Quaresma dar um toque de magia.

Ei-lo, 1:0 ao Espanyol na final da Taça da Catalunha. O português marcou o golo da vitória numa vistosa jogada individual (tirou três defesas do caminho: primeiro foi Torricelli, depois os dois que chocaram um contra o outro com um simples toque de magia do “Harry Potter”) e relegou Ronaldinho para segundo plano, o que acontece pela primeira vez desde que o brasileiro chegou a Barcelona. Para Quaresma, “no pasa nada”. É-lhe indiferente ser ou não a figura do jogo, do plantel… Quer é ganhar e triunfar em Barcelona.

Depois de um início algo tremido, a recompensa. “Quando saí do Sporting para o Barcelona, sabia do grande passo que ia dar na minha vida. Saí de Lisboa apenas acompanhado pelo meu empresário (Jorge Mendes) e pensava que tudo ia ser difícil. Mas não. A adaptação está a ser muito mais fácil do que supunha. Para tal, muito contribuiu a alegria e boa disposição do plantel do Barcelona. Nos primeiros dias, andava calado e envergonhado. Eles repararam nisso e puseram-me logo à vontade. Soltaram-me. Agora, estou bem”, diz o introvertido Quaresma, cujo próximo objectivo é arranjar casa.

Por enquanto, vive num hotel perto do Camp Nou. E até aqui se vê a sua simplicidade. Vai e vem aos treinos a pé. Inclusive no dia da apresentação da equipa, no Torneio Joan Gamper, com o Boca Juniors, no meio de 90 mil pessoas, fez o percurso nas calmas, de chinelos e calções, como quem vai ali à praia e volta para um duche retemperador. “Estou à procura de casa e é um assunto que quero resolver depressa. Já estou cansado desta vida de hotel e quero instalar-me definitivamente em Barcelona. Para receber a minha família (o seu irmão já está com ele) e para conhecer finalmente a cidade.”

E quanto à língua espanhola e catalã? “O espanhol é fácil e já falo com os restantes jogadores. Agora o catalão é mais complicado. Devagar ainda entendo alguma coisa. Agora, se falam depressa, não entendo nada.”

Com quem se entende melhor é, por razões óbvias, com Ronaldinho. “Ele é muito brincalhão e vou dividir o quarto com ele sempre que estivermos em estágio. Foi uma decisão acertada de Rijkaard.”

Agora, vem aí a Liga. No domingo, em Bilbau. E Quaresma quer jogar.

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