Great Scott #168: Único a marcar golos de livre em duas finais europeias?
Koeman 1991 1992
É um jogador total. Ronald Koeman chama a si o protagonismo por tudo e mais alguma coisa. É o cor do cabelo, é a autoridade dentro de campo e o pontapé perfeito do meio da rua. Marca golos às carradas, como se fosse um avançado. Em 1987-88, época de dois títulos de campeão europeu, um pelo PSV e outro pela Holanda, ambos na boa e velha Alemanha (então RFA), o nosso Koeman assina 21 golos na 1.ª divisão.
Repetimo-nos, 21. Vinte e um. Que monumento. O rei do golo é Kieft, seu companheiro de equipa, com 29. Só mais esta sobre Koeman: das 17 épocas no activo, acaba 15 com 9 ou mais golos. Rebenta a bolha. Que craque, jogador total mesmo. Sim senhor, concedemos, a maioria dos seus golos é de bola parada. Ou penálti ou livre. Mesmo assim, uma estátua ao homem.
Na UEFA, o holandês loiro comete a proeza de ser o único de sempre a marcar de livre em duas finais europeias, ambas pelo Barcelona nos anos 90. A viagem começa em Roterdão, 15 Maio 1991. É a final da Taça das Taças, vs Manchester United. O galês Mark Hughes é a figura com dois golos. A curiosidade do bis é que é falso. Na verdade, e como o próprio Hughes admite, o primeiro golo não é dele e sim do central Steve Bruce. ‘O Steve cabeceou a bola e bateu Busquets. Eu limitei-me a confirmar o golo, e depois da linha de golo. Mas como corri que nem um desalmado o árbitro [o sueco Bo Karlsson] atribuiu-me o golo. O Steve nunca me perdoou.’ Com 2:0, o Barcelona encosta na área do United e ainda reduz com um livre precioso de Koeman. Antes de entrar, a bola ainda bate no poste e nas costas do guarda-redes Sealey. Autogolo, portanto. Só que Karlsson escreve Koeman e a UEFA nem se digna a dar o dito por não dito.
Enfim.
Passa um ano, só. A UEFA projecta a Liga dos Campeões e o plano inicial é duas pré-eliminatórias, só com os campeões de toda a Europa, e fase final de grupos à Libertadores da América do Sul com oito equipas. A competência está a cargo de Barcelona e Sampdoria. A final está marcada para Wembley e decide um holandês. Que não Johan Cruijff, o mentor do dream team, e sim Koeman com um remate indefensável na transformação de um livre indirecto, aos 111 minutos. A bola entra junto ao poste direito de Pagliuca e o Barcelona conquista a primeira Taça dos Campeões, depois de duas finais perdidas, uma vs Benfica em 1961, e outra em casa (Sevilha) vs Steaua em 1986.
(…)
Como se isso fosse pouco, Koeman ainda faz isto: oito golos na Liga dos Campeões 1993-94. Oito. Um dos quais na ½ final, vs Porto. Pobre keeper. O remate do holandês é portentoso, beeeem do meio da rua. A bola ganha uma velocidade tão própria que nem Baía se atreve a mudá-la de direcção. Craque é craque e vice-versa. Koeman é o maior dos livres directos em finais europeias.