Great Scott #174: Em que dia Pedroto liberta o ‘temos de lutar contra os roubos de igreja na Luz’?

Great Scott Mais 12/04/2020
Tovar FC

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Great Scott #174: Em que dia Pedroto liberta o ‘temos de lutar contra os roubos de igreja na Luz’?

13 Janeiro 1978

‘O verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso futebol reside no simples facto de quase todos pensarmos que, quando saímos dos estádios, já não somos profissionais de futebol’

‘Estamos na mediania no conceito europeu. Relativamente ao futebol de alta competição, temos meia dúzia de jogadores com grande classe’

‘As gentes do Porto são ordeiras porque, se não fossem, há muitos anos teriam recorrido à violência perante os enganos dos árbitros que têm decidido da perda de muitos campeonatos e Taças de Portugal’

‘No FC Porto, os problemas não se levantam porque nunca chegam a existir’

‘É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes da capital’

‘Passámos de pombinhos provincianos a falcões moralizados’

‘Não tenho dúvidas de qualquer espécie de que ao Artur Jorge não faltará onde trabalhar e que, em qualquer parte, triunfará. Mas também acredito que vai ser no FC Porto que ele acabará por se revelar como um homem predestinado para a direcção e comando de equipas de futebol’

‘Não vai ser preciso nenhum milagre para que o FC Porto alcance finalmente o título que ambiciona há anos’

Tudo isto é José Maria Pedroto, no FC Porto. Polémico óbvio, mestre indiscutível. Até aos anos 70, nunca um treinador português aquecera tanto o ambiente futebolístico como o Zé do Boné, que suscita paixões no Norte e semeia ódios no Sul – em 1980, numa final da Taça de Portugal, adeptos de Sporting e Belenenses juntam-se aos do Benfica para se atirarem a Pedroto com vários cartazes trocistas espalhados pelo Jamor. E porquê? Dois anos antes, Pedroto lança uma frase inesquecível, ainda hoje reproduzida. Tanto assim é que Mourinho, já em Inglaterra, na segunda passagem pelo Chelsea, fala de um roubo do tamanho do Big Ben.

Pois bem, Pedroto. Ei-lo em acção. Nunca uma frase de Pedroto ganha tanta vida e repercussão como a proferida a 13 Janeiro 1978 numa conferência de imprensa improvisada nas Antas, na véspera do clássico com o Benfica. “Não se ganha só um jogo dentro das quatro linhas, temos de lutar contra os roubos de igreja no Estádio da Luz.” É o sinal aberto da guerra contra o poder institucional de Lisboa, que, desde 1959, açambarca todos os campeonatos nacionais, com maioria benfiquista sobre os sportinguistas (14-4). Até que se chega à época 1978/79. Pela primeira vez em 19 anos, o título nacional escapa à dupla habitual de Lisboa e vai para o Norte.

O Porto mete um ponto final a um prolongado jejum e a proeza cabe a Pedroto, que, curiosamente, pertencera ao plantel que havia arrebatado o último título de campeão em 1959, como jogador. Agora, na qualidade de treinador, Pedroto bate a concorrência com apenas uma derrota em 30 jornadas (Estoril 2:0). Ah é verdade, esse clássico na Luz termina sem golos. E sem roubos de igreja? Boa pergunta.

2 Comments
  1. Amaral

    O Porto foi campeão em 78/79 mas primeiro foi-o em 77-78

    • Tovar FC

      Tovar FC

      verdade, grande abccccc

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