#6 Belenenses 1945-46

Mais Spider Pig 12/11/2020
Tovar FC

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#6 Belenenses 1945-46

Benfica-6, Porto-3 e Sporting-2. Falamos do número de títulos de campeão nacional até 1945. Em 11 edições do campeonato nacional, o Benfica é rei e senhor. Juntos, os rivais conseguem ter menos alegrias que os benfiquistas. Como será a 12ª edição: rotineira ou especial? Se o Porto vence tranquilamente o regional do Porto, com três pontos de avanço sobre o Boavista, o caso é ligeiramente diferente em Lisboa porque nem Benfica nem Sporting acabam a festejar. Não, não, nem pensar. O campeão regional lisboeta é o Belenenses. E, atenção, campeão na antepenúltima jornada, com seis vitórias e dois empates.

O Belenenses assume-se como grande à escala urbana. E à escala nacional? É o que vamos ver. O arranque não é fulgurante. Nem poderia ser. O capricho do sorteio obriga o Belenenses a desafiar o Sporting na toca do leão, no Lumiar. A tarde de 9 Dezembro está boa e o público acorre em massa. Ai não, é a ocasião ideal para ver dois internacionais de inesquecível gabarito em despique contínuo. De um lado, o goleador temível chamado Peyroteo. Do outro, a parede intransponível Feliciano. Quando o árbitro Carlos Canuto faz soar o apito, é um frenesim de emoções na área belenense. O Sporting do mestre Cândido de Oliveira ataca sem parar e os remates de Peyroteo, Albano e Cordeiro obrigam o guarda-redes Capela a defesas apertadas nos primeiros cinco minutos.

De repente, o leão Canário lesiona-se e afasta-se do rectângulo de jogo. Quando entra, ou coxeia ou arrasta os pés. O Sporting perde o elo de ligação entre a defesa e o ataque. Com Canário no chão, ainda a queixar-se, o Belenenses lança-se à baliza de Azevedo e marca o 1-0, pelo internacional Artur Quaresma. A jogar com 10, o Sporting levanta-se do golpe e assume claramente o jogo. Só a espaços o Belenenses incomoda realmente a defesa contrária. De resto, é um ver-se-te-avias. Até ao intervalo, Capela faz duas defesas do arco da velha, a um cabeceamento de Peyroteo e a um pontapé à queima-roupa de Albano, e ainda há a registar o lance em cima dos 45’, quando Peyroteo aproveita a saída extemporânea de Capela dos postes para rematar à baliza deserta. Já o público está a gritar golo e o lateral Vasco afasta o perigo, na linha.

Na segunda parte, o Sporting mantém o ritmo frenético e só não marca por manifesta aselhice de Peyroteo. Até parece mal dizer isso do goleador mais eficaz do planeta na 1ª divisão (330 golos em 197 jogos), mas a verdade é que o avançado português não está nos seus dias e falha lances em catadupa. Num deles, aos 59 minutos, atira fortíssimo contra os pés de Capela. No ressalto, a bola bate-lhe na perna e depois no poste. Os adeptos já desesperam ligeiramente quando uma arrancada de Cruz pela esquerda é finalizada por António Marques, com um remate na passada, aos 64 minutos. Obtido o golo do empate, o Sporting lança-se imediatamente à procura do da vitória. O incansável Peyroteo trata de testar os reflexos de Capela umas quantas vezes e o guarda-redes do Belenenses mostra sempre serviço. Seria Albano a fazer o 2-1, prontamente anulado por fora-de-jogo. Tanto o Diário de Notícias como o Diário de Lisboa falam em decisão acertada do árbitro.

Até final, o Sporting pressiona e o Belenenses defende-se como pode. A partir do minuto 80, a emoção descresce significativamente. Feliciano acerta a marcação a Peyroteo e Vasco afasta o extremo-esquerdo Cruz da sua área. A bola salta de um lado para o outro, sem critério. Às vezes, de baliza a baliza. De Capela para Azevedo. E vice-versa. É penoso e ainda bem que acaba. As equipas dividem os pontos, tal como ali bem perto, no Campo Grande, entre Benfica e Vitória. O outro Vitória, o de Guimarães, comete a proeza de se adiantar com dois golos no Lima. O Porto reage com galhardia e dá a volta (3-2) entre dois penáltis falhados, ambos na segunda parte, um por Catolino, outro por Guilhar. Na baliza, o vimaranense Machado é um achado. A liderança da primeira jornada está entregue à Olhanense, graças ao 8-1 sobre a Oliveirense. O herói da tarde é Cabrita. Esse mesmo, o Fernando – que seria o seleccionador de Portugal no Euro-84. Só à sua conta, quatro golos. Demétrio, do Elvas, marca “só” três ao Boavista.

Parece mentira, mas não é. A 1 de Abril de 1945, para a penúltima jornada, o Belenenses recebe a Académica e aplica a segunda maior goleada da história do campeonato: 15-2 (ao intervalo, um magro 2-1). Passam-se uns meses e as duas equipas voltam a encontrar-se nas Salésias, agora para a segunda ronda do campeonato.

A Académica continua mal. Prova disso o facto de ter sido o único anfitrião a perder na jornada inaugural, com o Atlético (3-2). Quando chega a Lisboa, notam-se as ausências de Lomba, Conceição e dr. Lemos. Aqui a inclusão do prefixo doutor a Lemos é de extrema importância. Afinal, trata-se mesmo de um doutor – o único no plantel dos estudantes, ainda em formação (lectiva e desportiva, está bom de ver). O Beleneses repete o onze do empate com o Sporting no Lumiar e destroca jogo como gente grande. É um invulgar vira aos dois, acaba aos sete com culpas (demasiadas) no cartório para Mário Reis.

O lateral-direito da Académica joga mal que se farta e está implicado em três dos golos do Belenenses. Logo no 1-0, por exemplo, ao cortar com a mão um lance de entendimento entre Rafael e Quaresma. O árbitro nem hesita em assinalar penálti. Rafael avança e não perdoa, aos 24 minutos. Antes do intervalo (40’), uma brilhante jogada de Elói pela linha no lado direito é finalizada por Armando com um toque de souplesse. Na segunda parte, o vendaval ofensivo do Belenenses é maior ainda e os golos sucedem-se uns aos outros entre uma bola à barra de Quaresma. No 3-0, Mário Reis é driblado por Armando na linha de cabeceira e cabe a Quaresma o remate certeiro, em corrida. O 4-0 é um hino ao futebol de bola parado. Mário Reis (sempre ele) comete falta sobre Armando a 20 metros da baliza. Feliciano, uma das Torres de Belém, avança para a bola com querer e determinação. Enche o pé e o “shot”, como se diz (e escreve) naquele tempo, entra sem contemplações no ângulo superior de Jaques. A Académica ainda está abananada com o 4-0 e, acto contínuo, sofre o quinto golo. Obra de Mário Coelho na sequência de uma jogada simples, ao primeiro toque, entre Elói, Armando e Quaresma. O mesmo trio haveria de colaborar activamente no 6-0, da autoria de Armando. Aqui, o guarda-redes Jaques é culpado de se atirar tarde de mais à bola. O sétimo e último golo chega-nos através de Quaresma numa tarde em que tanto Benfica (1-1 na Tapadinha) como Sporting (1-0 do Boavista no Lima) voltam a mostrar-se alérgicos à vitória. Até parece mentira.

O Boavista chega animado às Salésias, ciente da sua real capacidade de surpreender. No campeonato regional, por exemplo, ganhara 4-0 ao Porto na Constituição. No campeonato nacional, derrubara o Sporting, no Lima, com um golo de Caiado. É precisamente o interior-esquerdo quem também silencia o público belenense, aos sete minutos. O remate de Biri é frouxo, só que está de chuva e Capela não segura a bola escorregadia. Na recarga, Caiado assume a irreverência boavisteira. Vale aqui abrir um parêntesis para apresentar Caiado, umd so grandes valores do Benfica nos anos 50 e, depois, adjunto do mago Bela Guttmann na conquista das duas Taças dos Campeões, em 1961 e 1962.

Adiante. O Belenenses levanta-se rapidamente do golpe e empata aos 13’, por Quaresma, já depois de Rafael ter acertado a bola na trave. Até ao intervalo, as duas equipas jogam taco a taco e só um cabeceamento de Armando desequilibra o resultado a favor dos anfitriões. A partir daí, abre-se a torneira. Do golo, salvo seja. E, aí, pobre Mota. O guarda-redes boavisteiro sofre com o acerto da linha avançada contrária. Aliás, é até Mota quem provoca o 3-1. Por demora da reposição da bola, o árbitro setubalense Evaristo Santos castiga-o com livre indirecto dentro da área. Os protestos são mais que muitos. Voam acusações e injúrias. Com o ambiente mais calmo, reata-se o jogo e o que faz o Boavista? Simplesmente isto: não faz barreira. É como se fosse um penálti. Rafael aproveita e toma lá o 3-1. O mesmo Rafael seria o autor do 4-1, de penálti, a castigar falta sobre si. É uma espécie de vingança, porque Rafael falhara uma grande penalidade aos 47 minutos.

Com larga vantagem no marcador, o Belenenses continua a acelerar e o espanto é nulo no instante em que Quaresma amplia para 5-1 numa improvável jogada às três tabelas. Aos 81’, Mário Coelho antecipa-se ao guarda-redes Mota e fixa o resultado. Até final, o Belenenses ainda atira duas bolas ao poste na tarde em que o campeão Benfica soma o terceiro empate em outras tantas jornadas, agora em Coimbra (3-3), enquanto o Porto arruma o Atlético com 11 golos sem resposta, cinco deles de Correia Dias, todos na segunda parte.

Primeiro representante da AF Aveiro na 1ª divisão, após o inédito título regional, a Oliveirense anda mal, muito mal. Nas três primeiras jornadas, só derrotas (uma delas bem gorda: 8-1 da Olhanense) e o último lugar isolado. Como não há campo em condições em Oliveira de Azémeis, o jogo está marcado para o Mário Duarte em Aveiro.

É dia de clássico em Lisboa, entre Benfica e Porto. Há sempre a expectativa de um belo espectáculo, equilibrado, sobretudo entre o campeão em título e o líder da prova. Tal não acontece, desta vez. O esgrimir de argumentos é efémero. Por culpa do benfiquista Arsénio, autor de um bis em três minutos (26’ e 29’). Segue-se o autogolo de Guilhar, aos 31’. Ou seja, 3-0 à passagem da meia-hora. Pobre Barrigana, sem hipótese de defesa em qualquer um dos golos. O Porto é assim derrubado e lá se vai o percurso cem por cento vitorioso. À imagem do Elvas, goleado 5-0 em Setúbal. É a oportunidade ideal para o Belenenses (cinco pontos) assumir a liderança. Por 48 horas, pelo menos. A 1 Janeiro 1946, a Olhanense, também com cinco pontos, joga na Tapadinha.

Com o mesmo onze das últimas três jornadas, o Belenenses de Augusto Silva entra em campo decidido a ganhar. Está no seu ADN. Por isso mesmo, Armando lança-se à baliza de Teixeira e semeia o perigo em duas ocasiões nos primeiros dez minutos. Depois, é um hino ao bocejo sem igual. Nada, nada, mesmo nada, acontece até ao intervalo. Excepção feita à lesão do belenense Serafim. Como ainda não há substituições (só em mil-nove-e-sessenta-e-muitos), o Beleneses é obrigado a jogar com dez daí para a frente. A Oliveirense assume então o jogo. Aleluia. A bola é que não chega à área de Capela. O acerto defensivo de Vasco e Feliciano contribuem para o desacerto ofensivo dos oliveirenses. Nos últimos dez minutos, o Belenenses encosta-se à área contrária e começa a bombardear bolas para a zona do penálti. Aos 80’, Armando falha um golo feito. Verdade seja dita, Teixeira também se sai bem, muito bem. Cinco minutos volvidos, Mário Coelho marca um livre à entrada da área e Quaresma finaliza com um toque subtil. Tão subtil que a crónica do “Diário de Notícias” dá o golo a Mário Coelho. Seja quem for, o Belenenses ganha e passa para o primeiro lugar.

Campeão crónico do campeonato regional de Braga há dez anos, o Vitória SC apresenta-se nas Salésias ainda à procura da primeira vitória na 1ª divisão 1945-46. Com um empate e três derrotas, o onze de Guimarães visita o líder isolado sem o precioso contributo do avançado Brioso. No outro lado, o Belenenses respira mais saúde que nunca e o treinador Augusto Silva repete o onze pela quinta vez seguida.

O resultado é mais uma goleada, construída a partir dos 11 minutos, com um golo de Armando, em recarga a uma defesa incompleta de Machado. Aliás, é Armando a figura indiscutível da primeira meia-hora, com mais um remate à trave (18’) e outro golo (22’). Daí para a frente, aparecem outros nomes no ataque belenense. Aos 30’, uma jogada mais que confusa acaba dentro da baliza de Machado por acaso. O alívio ataboalhado de Garcia apanha Rafael pela frente, a bola faz ricochete no avançado e toma lá o 3-0. Ainda antes do intervalo, Mário Coelho assina o 4-0. Com tão ampla vantagem, o Belenenses começa a segunda parte como se estivesse 0-0 e amplia a marca aos 51’, por Quaresma, a aproveitar um erro de marcação do lateral-direito Garcia. Com uma mão cheia de golos, assiste-se então a um futebol mais errático de ambas as partes. O Vitória, por incompetência. O Belenenses, por desinteresse.

Só aos 67 minutos é que o público, em número reduzido, diga-se, volta a manifestar-se com a marcação de um penálti a favor dos belenenses. Chamado a marcar, o interior-direito Elói atira displicentemente à figura de Machado. O Vitória arrebita, por fim. O último quarto de hora é minhoto em exclusivo. Vasco evita o golo de honra a Franklim e o guarda-redes Capela exibe-se com categoria elevada em dois remates de Miguel. Seria este mesmo jogador a desfrutar das duas últimas oportunidades de golos. Uma vai ao lado (85’), a outra é golo (87’). Acaba assim, 5-1 para o Belenenses e mais uma semana no primeiro lugar, mais longe ainda de Porto (2-1 da Académica em Coimbra) e Sporting (3-2 do Vitória FC no Lumiar, com quatro golos de Campos, um deles anulado).

É um fim-de-semana bem diferente do habitual, com um evento extra-futebol no Coliseu dos Recreios. No sábado à noite, dia 12 Janeiro, o campeão europeu Marcel Cerdan combate com Agostinho Guedes. O combate é um espectáculo. Só visto, contado nem se acredita. Mal soa o primeiro gong, Cerdan aproxima-se todo curvado de Guedes e estuda-o por entre as luvas. De repente, um murro. E outro. E mais um. Guedes cai por terra, desanimado. Aos nove segundos contados pelo árbitro José de Araújo, levanta-se a cambalear. Cerdan volta ao ataque e acabou-se a papa doce aos dois minutos e 45 segundos. Ainda hoje considerado o maior pugilista francês de sempre, com 113 vitórias (66 KO’s) em 117 combates, Cerdan seria amante de Édith Piaf e morreria nos Açores,  num acidente de avião da Air France.

No dia seguinte, a emoção do boxe é substituída por 90 minutos de futebol um pouco por todo o país. Em Setúbal, o campo dos Arcos está cheio. A lotação esgota durante a semana, tal é a curiosidade em ver o campeão de Lisboa e, ao mesmo tempo, o líder invicto do campeonato nacional. Pela sexta vez seguinda, Augusto Silva repete o onze. É um caso sui generis de regularidade. E, claro, de eficácia – embora o resultado se apresente sem golos no final da primeira parte. Após o intervalo é que são elas. Se o Vitória joga o trunfo Campos, extremo-direito que anotara três golos ao Sporting na semana anterior (3-2 no Lumiar), o Belenenses esbanja talento com Armando. No deve e haver, decide este último a concluir uma jogada bonita, entre Quaresma e Rafael. O 2-0 nasce nove minutos depois. Elói trabalha bem, Quaresma conclui melhor. Obrigado a reagir, o Vitória reduz por Nunes, de cabeça. A bola vai ao meio e o Belenenses marca outro golo sem que os sadinos toquem sequer na bola. É um remate de bico de Elói. O Vitória desespera e o médio Figueiredo recebe ordem de expulsão, por desacatos verbais.  Aproveita então o Belenenses para controlar, dominar e marcar. É de Rafael, o 4-1, e a liderança estende-se uma jornada mais.

Lisboa é a capital de Portugal. E também a do futebol, com dois dérbis de uma assentada. No Lumiar, o Sporting-Benfica. Nas Salésias, o Belenenses-Atlético. Que domingo de arromba, isto promete. Se o dérbi da zona norte é do melhor que há, com magnífica recuperação sportinguista (de 0-3 para 4-3), o da zona sul dá empate. Quer isso dizer que o Belenenses está mais uma semana na liderança, agora com dois pontos de diferença sobre o mais directo perseguidor, a insuspeita Olhanense.

A entrada do Belenenses é de leão, salvo seja. O árbitro Henrique Borges Leal apita para o início e a bola cai para os pés do lateral-direito Vasco, cujo pontapé longo para o outro extremo do campo apanha Quaresma mais solto que nunca. O passe de primeira para a entrada da área encontra Armando em situação de remate e o avançado nem pensa duas vezes. A bola sai por alta, em boa conta. Na baliza, Correia estica-se todo. Em vão. Aos 31 segundos, o Belenenses já está em vantagem. É um bom sinal. Ou talvez não. O Atlético nem liga à desvantagem e avança no terreno como se nada fosse. Ao quarto de hora, Marques liberta Gregório e este, depois de driblar Feliciano, engana Capela. O empate está feito.

Até ao intervalo, o futebol é bola cá, bola lá sem o efeito desejado do golo. Ora por aselhice dos avançados, ora por segurança dos guarda-redes. O marcador só seria alterado na segunda parte, aos 60 minutos, numa jogada iniciado por Amaro. No lançamento longo para a área, o lateral alcantarense Castro, encadeado pelo sol, perde o contacto visual com a bola e Armando aproveita o desnorte para voltar a enganar Correia. Mais uma vez, o Atlético reage com galhardia à adversidade. E, outra vez, por Gregório. Solto entre as Torres de Belém, o avançado fixa o 2-2 aos 75 minutos, com um remate seco, bem colocado. Não há mais nada para ninguém. Nem sequer o golo da ordem de Quaresma, que marcara sempre nas cinco jornadas anteriores. Pela primeira vez, o Belenenses cede pontos nas Salésias. Bem vistas as coisas, será a única vez.

Campeão nacional em título, o Benfica está longe de defender o título. Em quarto lugar, a três pontos do líder invicto Belenenses, o onze do húngaro Janos Biri está pronto para se redimir da derrota da semana anterior, com o Sporting, no Lumiar. É que não é uma derrota qualquer, nem pensar: aos 30 minutos, o Benfica está a ganhar 3-0 e consente a reviravolta de Peyroteo e Cª por 4-3. Nessa mesma jornada, o Belenenses deixa-se empatar duas vezes com o Atlético, nas Salésias. Os dois clubes andam assim-assim, portanto.

No Campo Grande, lotado até mais não, o futebol é de qualidade elevada a partir do primeiro instante. O Belenenses sai com a bola e cria perigo imediato na baliza de Martins. No quadradinho seguinte, o Benfica atira-se à área de Capela. Assiste-se então a um curioso esgrimir de argumentos, como se de um jogo de ténis de mesa se tratasse. Aos 23 minutos, com o Belenenses mais afoito, o Benfica avança em contra-ataque e a bola é chutada para lá do seu meio-campo, onde Rogério está solto. O extremo corre, finta Vasco e atira a contar à saída de Capela, com um pontapé rasteiro e forte. Espírito Santo tenta imitá-lo, aos 25’, e obriga Capela à defesa da tarde.

Com o aproximar do intervalo, o Belenenses volta a crescer e só se assusta com um remate venenoso de Teixeira a que Capela se exibe com espectacularidade. Na segunda parte, a chuva aparece e o público afasta-se dos seus lugares para dar espaço aos carrinhos dos jogadores, mais tarde transformados em quedas arrepiantes – numa delas, Quaresma e Jacinto saem momentaneamente de campo, bastante mal-tratados. Quando reentram, aos 61 minutos, dá-se o segundo golo do Benfica numa jogada a papel químico do primeiro. O interveniente, esse, é o mesmo. Rogério aparece sozinho, ali pela esquerda, e remate sem defesa possível para Capela. Ainda falta meia-hora para jogar, é certo, mas a vitória não fugirá ao Benfica. Significa isso a primeira derrota do campeonato para o Belenenses, ainda líder isolado com um ponto de avanço sobre o trio Olhanense, Sporting e Benfica.

Perdida a invencibilidade (2-0 do Benfica), uma semana depois de empatar em casa com o Atlético, o Belenenses atravessa o momento mais frágil da época. Um só ponto em quatro possíveis é fraco pecúlio para o candidato ao título e, nunca é demais esquecer, actual campeão regional de Lisboa. Para contrariar essa tendência negativa, o treinador Augusto Silva estreia-se, à nona jornada, a fazer mudanças no onze. Saem Feliciano e Mário Coelho, entram Martins e Andrade.

Se a troca de centrais é provocada pela lesão de uma das Torres de Belém, a inclusão de Andrade é mais que isso. É preciso sangue novo, é preciso um homem-golo. Quer dizer, mais um para juntar a Quaresma (8 golos até então), Armando (8) e Rafael (5). Com 18 anos de idade, o júnior madeirense Manuel Andrade sobe aos seniores de um dia para o outro. É uma surpresa total. E será a mais sensacional de todas, a começar já aqui, no clássico com o Porto. Preparem-se para o conto de fadas.

O Porto, sétimo classificado, entra bem e marca aos sete minutos, pelo inevitável Correia Dias, a passe de Freitas. Aos 15’, Araújo atira fortíssimo com o pé esquerdo e a bola entra como uma flecha depois de bater no poste. Capela nem se mexe. A perder por 2-0, o Belenenses lança-se à baliza de Barrigana e reduz no minuto seguinte, por Andrade. Esse mesmo, o júnior em estreia. É um golo quase casual, porque a bola bate-lhe sem querer e entra na baliza deserta. Ainda na primeira parte, o mesmo Andrade bisa. A bola é metida entre os centrais portistas e Barrigana sai confiante dos postes para afastar o perigo. Eis senão quando Andrade é mais lesto. Pois é, 2-2 ao intervalo.

No recomeço, um facto insólito com a entrada de tão-só dez jogadores do Belenenses. Falta o médio centro Gomes. Um minuto e meio depois, ele lá entra em campo e, então sim, equilíbrio de forças. O Porto só assusta por Araújo, o Belenenses é mais acutilante. Que o diga Barrigana. Uma defesa impossível a remate de Elói e outra menos aparatosa a pontapé de Rafael. Aos 63’, Armando desce pela direita e cruza para a área, onde surge Andrade a completar o hat-trick. Consumada a reviravolta, só falta confirmar a vitória. E é Capela quem segura o 3-2 numa defesa do arco da velha, a remate de Lourenço, aos 75’. O grande Belenenses está de volta.

A viagem ao Algarve para visitar o hexacampeão da AF Faro é um autêntico pesadelo. Não só o Belenenses perde o jogo como abandona a liderança isolada, ultrapassado pela dupla constituída por Benfica e Sporting. A Olhanense, honra lhe seja feita, está a fazer um campeonato sensacional, com duas goleadas 8-1 vs Oliveirense e Elvas, além do 3-2 ao Porto na Constituição. Há ali trabalho, há ali equipa. O quinteto da frente é um primor de técnica e golos, com Cabrita a assumir o papel de avançado-centro da forma mais competente possível a avaliar pelos 10 golos em nove jornadas.

O Belenenses vem de uma reviravolta entusiasmante com o FC Porto, nas Salésias (de 0-2 para 3-2 com hat-trick do júnior Andrade), mas perde-se em Olhão. Sobretudo na segunda parte. O treinador Augusto Silva é obrigado a fazer três alterações. Feliciano regressa com naturalidade enquanto Sério e José Pedro substituem Gomes e Rafael, ambos lesionados. A estreia destes dois últimos elementos resulta na queda de qualidade de jogo. Quer isto dizer, o Belenenses está menos solto e mais previsível. Só causa furor em bolas paradas, como um livre de Feliciano a que Abrãao se opõe com categoria, aos 29 minutos. Fora isso, o domínio pertence à Olhanense e Capela desdobra-se para segurar o 0-0 até ao intervalo. Mais do mesmo na segunda parte, agora com vento a favor do Belenenses – engraçado como os jornais da época enfatizam esse dado de forma sistemática.

Nem isso salva o Belenenses, completamente manietado pela força da Olhanense. Aos 60’, Eminêncio marca um golo e o árbitro Paulo de Oliveira anula-o de pronto. A multidão enraivecida está descontrolada e é preciso a oportuna intervenção de um dirigente do clube algarvio para serenar os ânimos, de modo a prosseguir o jogo. Está 0-0. Ainda. Aos 69’, assinala-se penálti. Os jornalistas criticam a decisão do juiz. Tal como os belenenses. Palma engana Capela e está feito o 1-0. O segundo golo chega perto do fim, por Eminêncio, assistido por Cabrita. Da jogada, sai lesionado Capela e é o médio Serafim quem assume a baliza nos últimos três minutos.

Com 29 mil habitantes, a cidade de Elvas divide-se em três no que ao futebol diz respeito. Uns apoiam o Sport Lisboa e Elvas, filial do Benfica. Outro o Sporting Clube Elvense, filial do Sporting. E ainda há uns adeptos do Clube de Futebol Os Elvenses, filial do Belenenses. Destes clubes, só um compete no campeonato regional de Portalegre. É o SL Elvas, ilustre campeão no meio de União de Montemor, Estrela de Portalegre, Portalegrense, Juventude de Évora e Lusitano de Évora. Como tal, o Elvas estreia-se na 1ª divisão e, verdade seja dita, dá-se extremamente bem nas três primeiras jornadas, com um registo cem por cento vitoriosos que lhe garante a liderança ex-aequo com o FC Porto.

Oito jornadas depois, eis o Elvas com as mesmas três vitórias e agora em penúltimo lugar. É urgente mudar alguma coisa e a direcção do clube alentejano contrata três espanhóis: Calleja, Berna e Rafa. Tanto a federação espanhola como a portuguesa confirmam a transferência e é de esperar a estreia de todos eles nas Salésias, para a última jornada da primeira volta. Tal não acontece, por dificuldades (nunca explicadas) de última hora. Já o Belenenses convive com a lesão do guarda-redes Capela, aquando do 2-0 da Olhanense, na semana anterior, e continua sem Rafael. Lançam-se então Sério II à baliza (o Sério I é médio) mais Martinho. E é deste rapaz o pontapé do 1-0, aos três minutos. Com a baliza elvense na mira, o Belenenses insiste nos remates e estica a vantagem, por Andrade, num belo remate espontâneo de fora da área. Antes do intervalo, Armando e Andrade fixam o 4-0. A segunda parte começa e nada se altera. Prova disso é o 5-0 de Armando, a passe de Quaresma.

O Belenenses trava então o andamento e o Elvas assenhora-se do jogo. A irreverência está nos pés de Domingos Carrilho Demétrio, vulgo Patalino, avançado de fino recorte técnico, feito internacional em 1949. É dele o remate do 5-1 e ainda o pontapé defendido para a frente por Sério II, cuja recarga vitoriosa pertence a Massano. Acaba assim mesmo, 5-2 e o Belenenses continua em terceiro lugar, a um ponto da dupla formada por Benfica e Sporting, com quem joga daí a uma semana.

O arranque da segunda volta proporciona o reencontro entre Belenenses e Sporting. O mesmo é dizer entre o central Feliciano e o avançado Peyroteo, dois jogadores de primeira água e companheiros na selecção nacional. A marcar há seis jornadas seguidas, Peyroteo é a referência sportinguista para ganhar o dérbi e, se possível, desalojar o Benfica do primeiro lugar. Para tal, é preciso impôr a primeira derrota belenense nas Salésias e esperar pela vitória do Vitória sobre o Benfica nos Arcos.

Nem uma coisa nem outra. Se o Benfica dá conta do Vitória sem sobressaltos (4-1), o Sporting perde nas Salésias e acumula o quarto jogo seguido sem ganhar ao Belenenses, entre campeonato regional e nacional. Tal como na primeira volta (1-1 no Lumiar), é um jogo extremamente equilibrado com ligeiro ascendente belenense. Tanto assim é que Azevedo é o guarda-redes mais vezes em acção, com duas defesas impossíveis a remates de Andrade. Pelo meio, uma bola de Peyroteo é salva por Amaro na linha de golo.

O guião do jogo mantém-se inalterado na segunda parte, com o Belenenses mais ofensivo e perigoso. Causa até espanto o golo do Sporting, num lance de manifesta infelicidade de Serafim na sequência de um centro de Albano a que Peyroteo não chega a tempo. Na passada, o médio belenense toca na bola e engana Sério II. A vantagem momentânea do Sporting atira ainda mais o Belenenses para a frente e o empate está à espreita no minuto seguinte. Vale a intervenção (outra) de Azevedo, num toque involuntário de Lourenço. O 1-1 chega por Andrade. É o sexto golo do jovem de 18 anos no campeonato nacional. Segue-se um período de domínio sportinguista, cujo ponto alto é uma bola ao poste de Cruz. Acto contínuo, Lourenço magoa-se e passa para um extremo do campo.

A jogar com 10 elementos, o Sporting encolhe-se e permite o agigantamento do Belenenses. O golo da reviravolta aparece aos 76 minutos,por Rafael, depois de driblar um adversário já dentro da área. Os adeptos das Salésias festejam ruidosamente e só não o fazem mais uma vez, porque Azevedo (sempre ele) defende com afinco um cabeceamento vistoso de Andrade, a cinco minutos do fim.

Penúltima classificada, sem um ponto sequer nas últimas três jornadas, a Académica está a viver um dos piores momentos da época. Durante a semana em que recebe o Belenenses, os estudantes trocam até de treinador: sai Eduardo Augusto, entra Eduardo Lemos. E quê, muda alguma coisa? Nada. Nem dá para grandes aventuras porque o Belenenses não está para brincadeiras – até porque Capela regressa à baliza para o lugar de Sério. No onze coimbrão, dois doutores já formados (Oliveira e Leonel).

Mal o portuense Abel Costa faz soar o apito, nota-se um maior empertigamento dos belenenses, com fome de vitória. Jaque exibe-se em bom plano a evitar o primeiro golo, que só chega aos 25 minutos, por Quaresma, na sequência de um canto marcado por Rafael. Ainda meio atordoada, a Académica sofre o segundo golo, obra de Rafael, solicitado por Andrade. O remate do extremo-esquerdo é imparável, um dos golos mais bonitos do campeonato pela velocidade e colocação da bola numa posição tão afastada da baliza.

O intervalo é um mero pró-forma. Aos 15 minutos de descanso, vira o disco e toca o mesmo. O intenso domínio azul é uma realidade nua e crua na segunda parte. É um jogo de sentido único, como alguns da 2ª divisão nessa tarde (Estoril 10 Chelas 0 e Futebol Benfica 10 Nazarenos 1). De repente, contra as previsões mais optimistas dos anfitriões, a Académica ganha um livre à entrada da área. Joaquim João remata contra a baliza e o ressalto é por conta de Lemos. A bola entra no ângulo, sem hipótese para Capela. Com 2-1, o panorama altera-se significativamente.

A Académica vai buscar forças e atrevimento à procura do empate, o Belenenses defende com critério. A indecisão no marcador acaba a quatro minutos do fim, com um pontapé forte de Andrade, numa altura em que os estudantes jogam com dez homens, por lesão de Garção. Sem arte para passar do meio-campo, a Académica acaba o jogo a afastar todas as bolas possíveis e imagináveis. O público da casa reage com assobios à falta de fibra da sua equipa e abandona o campo mais cedo que o previsto, em nítida onda de descontentamento.

À procura da quarta vitória seguida, o Belenenses chega ao Porto sem o guarda-redes Capela. Lesionado, o titular é substituído por Sério II. Daí para a frente, a equipa de Augusto Silva mantém-se inalterada com o quinteto ofensivo Armando, Quaresma, Andrade, José Pedro e Rafael em plano de destaque pela quantidade elevada de jogadas de entrosamento durante os 90 minutos no Lima.

O Boavista não pontua há seis jornadas e comete, por assim dizer, o mesmo erro do jogo da primeira volta, nas Salésias: marca o primeiro golo e açicata os belenenses. O momento é aos oito minutos, com Caiado a evitar o roubo de bola de Amaro antes de passar a Barros. Este despede, sem cerimónia, um violento pontapé rasteiro. A bola vai ao meio e o Boavista nunca mais irá incomodar Sério até ao intervalo. A força de querer do Belenenses é imensa, a superioridade técnica também. Sobretudo Andrade.

O avançado de 18 anos, que se estreara à nona jornada, com um hat-trick ao FC Porto, é um quebra-cabeça para os centrais Pina e Silva. Aos 14’, um passe de Serafim desmarca Andrade e o resto é história. Um-um. Interessa aqui fazer um parêntesis para dar conta da alergia do Boavista aos empates. Até agora, quatro vitórias e nove derrotas em 13 jogos. Será desta? Não, ainda não. Pouco depois do 1-1, Armando recebe de Rafael e, completamente desmarcado, dá a volta ao marcador. Andrade ainda faz mais dois golos para coleccionar o seu segundo hat-trick deste campeonato – passa então a ser o segundo melhor marcador da equipa, com 10 golos, mais um que Quaresma e menos um que Armando. Com tanto golo, há quem sonhe com uma goleada por números estratosféricos.

Nessa tarde, por exemplo, o Casa Pia despacha o União Operária por 18-1, para a 2ª divisão. O sonho só é impossível porque o abono de família chamado Andrade lesiona-se. E muito. Tanto assim é que tem de ser transportado para um hospital nas imediações do Lima, só a título de precaução. Ou seja, o Belenenses joga com dez elementos a partir dos 60 minutos. Sim, meia-hora em inferioridade numérica e, ainda assim, o Boavista faz pouco para importunar Sério.

É assim, o Belenenses. Quando afina a pontaria, não há quem o agarre. Veja-se só o caso flagrante das duas últimas jornadas da época anterior no campeonato, em que Académica (15-2) e Salgueiros (14-1) sofrem as consequências do ataque azul – no primeiro caso, a questão de eficácia é ainda mais surpreendente pelo resultado curto ao intervalo (2-1).

Na época 1945-46, o resultado mais gordo do Belenenses é “só” um 7-0 à Académica. Pelo menos, até ao último dia de Março. Nessa tarde desportiva, em que o Vitória SC surpreende o Sporting no Lumiar (3-2) e o Benfica arruma o FC Porto no Lima (2-0), a goleada do dia tem o epicentro nas Salésias. A Oliveirense, crónica última classificada desde a primeira jornada, graças àquele 8-1 da Olhanense, é o saco de pancada de quase toda a gente. O Belenenses apenas se aproveita desse estatuto para ganhar moral e fixar-se como segundo melhor ataque do campeonato (53), sempre atrás do Benfica (55) e agora à frente da Olhanense (51).

Quando se fala em jogo sentido único, é meeeesmo isso. A Oliveirense não vai nem uma única vez à baliza de Capela, sem forças nas pernas nem imaginação para lá do seu meio-campo. O que até se compreende pela enxurrada de golos nos primeiros cinco minutos. Nada mais nada menos que três, o primeiro deles de penálti, convertido por Rafael. Seguem-se os goleadores do costume: Andrade, numa jogada individual, e Armando, a passe de Rafael. Até ao intervalo, há mais quatro golos, um deles na própria baliza, obra de Calixto. A referência belenense é o extremo-esquerdo Rafael, autor de um hat-trick. Quem não lhe poderia ficar atrás? Esse mesmo, Andrade. O jovem de 18 anos também faz três golos, o que acontece pela terceira vez no campeonato, e passa a ser o melhor marcador da equipa no campeonato, com 13 golos, à frente de Armando (12) e Quaresma (10). É, aliás, este último quem fecha a torneira do golo, aos 70 minutos. Daí até final, a Oliveirense, sem quatro habituais titulares, aguenta-se estoicamente e não sofre mais.

Um, dois, três, quatro. É dose. Há quatro semanas que os grandes Benfica, Sporting e FC Porto não ganham na mesma jornada, desde o mês de Fevereiro. Já estamos em Abril e dá-se o clique, com goleadas do Sporting em Setúbal (7-0, hat-trick de Peyroteo) e do FC Porto à Académica (8-1, cinco golos de Araújo). E o Belenenses?

Sempre tranquilo, fiel ao seu registo de vencer em qualquer campo, com maior ou menor dificuldade. Em Guimarães, a equipa de Augusto Silva depressa chega à vantagem, aos oito minutos, com um golo do interior-esquerdo José Pedro, numa jogada desenvolvida por Quaresma e Rafael. O Vitória reage e invade o meio-campo contrário de olho no empate. Um pouco contra a corrente do jogo, chega o 2-0. Há uma falta de Garcia sobre Rafael e o livre é marcado por Gomes. A bola sobrevoa a área com boa conta e Machado sai-se dos postes, convencido da sua eficácia pelo ar. Eis senão quando aparece Andrade a antecipar-se ao guarda-redes vimaranense. Pela sexta jornada seguida, o jovem avançado marca e reforça o estatuto de melhor marcador da equipa (14). Com dois golos de desvantagem, o Vitória assume as despesas do jogo, puxado pelo frenético público, em número generoso no Campo da Amorosa. À meia-hora, um cruzamento de Arlindo é aproveitado por Miguel para fixar o resultado ao intervalo.

Para a segunda parte, a toada é a mesma. Sem tirar nem pôr, é outro 2-1 a favor dos visitantes. Começa o Belenenses, aos 51 minutos, num desvio de José Pedro a um canto de Rafael. Aos 71’, o médio Dias atrasa a bola para o guarda-redes Machado e faz, sem querer, um chapéu de aba larga. É um autogolo digno de aplausos pela colocação da bola no ângulo superior. Ninguém acha graça em Guimarães, à excepção dos jogadores do Belenenses, cuja reacção é voltar para o meio-campo sem grande alarido. Com margem folgada, o campeão de Lisboa entrega o domínio de jogo ao Vitória. A atitude relaxante é elevada ao extremo pelo infalível Feliciano. O central falha a intercepção e permite a corrida gloriosa de Alexandre. É golo do Vitória. A vitória, essa, é do Belenenses.

Goleado 7-0 pelo Sporting em Setúbal na jornada anterior, o Vitória chega às Salésias com a confiança em baixo. Como ainda não há a ligação da margem sul com Lisboa através da ponte (é um projecto concluído apenas no dia 6 Agosto 1966), a equipa sadina vai de autocarro para Cacilhas e, aí, apanha o ferry para o Cais Sodré, onde outro autocarro leva-a ao estádio. Lá dentro, a assistência é reduzida – ao contrário do verificado no Lumiar, onde o Sporting dá a volta ao Atlético com um bis de Sidónio nos últimos três minutos.

O Belenenses mantém a firme convicção no inédito título de campeão e, como tal, continua a morder os calcanhares do Benfica, vitorioso em Elvas por claro 4-0. No onze de Augusto Silva, aplaude-se o regresso do extremo-direito Mário Coelho, afastado dos relvados desde a oitava jornada, vs Benfica (2-0 no Campo Grande), em Janeiro. Sai então Armando, segundo melhor marcador do clube, com 12 golos. E não é que o homem nem demora mais de 120 segundos para sair a festejar? Pois é, passe a rasgar de José Pedro e o toque precioso de Mário Coelho à saída de Acácio.

O Vitória faz pela vida e chega ao empate, pouco depois (9’), através de Cardoso Pereira, na sequência de um bela jogada pela esquerda de Ramos. Invicto em casa, com sete vitórias e um empate (Atlético, 2-2), o Belenenses não vai de modas e atira-se à baliza setubalense. A insistência é premiada com o 2-1 de Andrade, sempre ele. Até ao intervalo, José Pedro é quem assume as despesas do jogo: primeiro, com um remate à queima-roupa defendido por Acácio com o pé; depois, com o 3-1. A ganhar por dois golos de diferença, o Belenenses faz por aumentar a diferença, por intermédio de José Pedro, Andrade e Quaresma. Todos eles, sem excepção, falham escandalosamente à boca da baliza, sem esquecer ainda um livre tirado por Feliciano em que a bola tira tinta ao poste. No outro lado, o Vitória aguarda pelo melhor momento para atacar e consegue silenciar as Salésias com o 3-2 de Pina, de cabeça, a dar a melhor sequência a um livre de Rodrigues, a castigar mão de Feliciano. Os últimos dez minutos ganham então uma emoção maior, na área de Capela. Em vão. O Belenenses segura o Vitória. E a vitória.

A jornada promete. Na Tapadinha, Atlético e Belenenses. No Campo Grande, Benfica e Sporting. Dois dérbis de Lisboa, dois momentos imperdíveis do futebol português. Quatro dos cinco primeiros classificados esgrimem argumentos à mesma hora, separados por dez quilómetros. A emoção é elevada, a competitividade também. Pelo menos, até ao intervalo.

No Campo Grande, zero-zero entre Benfica e Sporting. Na Tapadinha, vigora o sensacional golo de José Pedro, aos 31 minutos. De costas para a baliza e já dentro da área, sem hipótese de se virar para o remate de frente para a baliza, o interior-esquerdo dá de calcanhar e o guarda-redes Correia nem se mexe. É uma obra de arte do improviso. Os jogadores belenenses fundem-se num festejos barulhento e mais prolongado que o habitual. “Há golos e golos, este é especial pela beleza”, dirá o treinador Augusto Silva ao jornalista da revista Stadium.

Começa o segundo tempo e prepare-se: o que acontece a seguir, é um hino ao futebol de ataque. Nos dois dérbis lisboetas, registam-se 14 golos. Na Tapadinha, há cinco. No Campo Grande, nove. Sim, nove. O Benfica goleia 7-2 com hat-tricks de Mário Rui e Arsénio. Pobre Azevedo, sem mãos a medir para tanta demanda. Confirmada (e que maneira) a supremacia do líder isolado da 1ª divisão, resta ao Belenenses selar a vitória sobre o Atlético para acompanhar o ritmo do campeão em título.

Meu dito, meu feito. O Atlético chega ao empate aos 49’, num erro de cálculo do guarda-redes Capela a um remate inofensivo do extremo-esquerdo Simões. Bola ao meio e o Belenenses cresce como nunca. Aos 65’, canto de Rafael para a molhada e o cabeceamento certeiro de Quaresma. Para dissipar qualquer dúvida sobre o querer belenense, Andrade alarga a vantagem no minuto seguinte na ressaca de uma bola dividida com Baptista. O remate é imparável, sem hipótese para Correia, pregado ao chão. É o 16.º golo de Andrade, sempre a marcar há oito jornadas seguidas. Uma máquina, este miúdo de 18 anos. Para fechar, Rafael marca um golo de cabeça aplaudido pela plateia antes de Vasco meter a mão a bola e provocar penálti para o Atlético. Na cobrança, Gregório engana Capela e fixa o 4-2. Daí a uma semana, o jogo do título entre Belenenses e Benfica.

É agora ou nunca. O Belenenses recebe o campeão em título Benfica e só a vitória lhe interessa para retomar o primeiro lugar, a escassas três jornadas do fim. Se empatar ou perder, lá se vai o epíteto do quarto grande. A adrenalina atinge níveis nunca vistos. Tanto assim é que o clássico entre Sporting e FC Porto é antecipado para sexta-feira, dia 3 Maio.

Domingo, 5 Maio. Em Lisboa, só se fala do Belenenses-Benfica e a Lisboa em peso visita as Salésias. Está casa cheia, a abarrotar. Ambiente de jogo internacional, confirma o “Diário de Lisboa”. Na bancada dos jornalistas, uma série de intrusos. “É um pormenor a ser estudado por quem de direito nos futuros jogos desta importância”, subscreve o “Diário de Notícias”. As equipas entram em campo e o jogo principia às 16 horas e um minuto. Sai o Belenenses com a bolam, cheio de energia. Nos primeiros dez minutos, o domínio é azul com um remate de José Pedro ligeiramente por cima e uma saída arrojada de Martins aos pés de Andrade. Antes do quarto de hora, o mesmo Andrade atira uma bola ao poste. O Benfica dá um ar de sua graça, com Espírito Santo, Júlio e Rogério a darem o sinal da maior inconformismo. A baliza de Capela, essa, não é tida nem achada nesses movimentos. O mesmo já não acontece no outro lado, com o desamparado Martins a ver outra bola ao poste de Andrade. Quando chega o intervalo, o 0-0 é magro para o Belenenses. O Benfica parte para a segunda parte com outra postura, mais ofensiva e acutilante. Capela defende um remate forte de Rogério e há ainda um corte oportuno de cabeça de Feliciano a um lançamento venenoso de Espírito Santo. É o início. E o fim.

A partir daqui, o Belenenses volta ao ataque continuado. O perigo espreita a qualquer instante. Aos 69 minutos, o treinador Augusto Silva faz uma alteração táctica: Andrade passa a extremo-direito e Armando a avançado-centro. Acto contínuo, o Belenenses ataca com precisão e chega ao golo da vitória. Amaro recebe a bola e passa-a com critério para Rafael. Descaído no lado esquerdo, o extremo saca um belíssimo cruzamento para a grande área, onde surge Armando a solicitar a entrada de Andrade no lado direito. Em corrida, o pontapé é fortíssimo. Martins faz-se à bola. Em vão. É golo. E que golo. Por beleza e importância. O Belenenses é líder isolado. Título à vista?

Um violento temporal desaba sobre Lisboa a partir das 14h30 e causa inundações de todo o tipo, entre 70 centímetros e dois metros de altura. A Rua da Junqueira, por exemplo, desaparece como que por magia. No mundo da bola, a chuva não aquece nem arrefece. O Benfica joga no Campo Grande e assiste-se, isso sim, a uma chuva de golos (5-2 ao Boavista). E o Belenenses?

De visita ao Porto, o novo líder do campeonato é recebido com aplausos bem sonoros no Lima, onde se regista uma assistência recorde. As gentes nortenhas apoiam a nobre causa do David. E como o FC Porto não está na corrida pelo título há jornadas e mais jornadas, o Belenenses é uma novidade bem-vinda para combater o monopólio Benfica-Sporting. O jogo começa e os visitantes aceleram a fundo, tal é a pressa em despachar o assunto para reforçar a liderança. Na primeira jogada de perigo, provocada pelo portista Camilo, o canto é marcado em boa conta para a entrada de Andrade. O remate é forte e a bola bate na trave de Barrigana. Está dado o sinal. E continua. Nem dez minutos depois, Rafael isola-se pela esquerda e tem um remate potente. A bola vai ao poste e salta automaticamente para fora da área, só para se perceber a violência do pontapé. É assim até à meia-hora, com o domínio azul – do Belenenses, claro.

O FC Porto equilibra então a balança e é precisamente nesse momento que o Belenenses chega à vitória, com um contra-ataque de Andrade. A velocidade do avançado é meio caminho andado para o golo, obtido por Quaresma, à saída de Barrigana. Perto do intervalo, Feliciano avança no terreno para marcar um livre dos deles, só que a bola passa ligeiramente ao lado. O figurino do encontro mantém-se na segunda parte, com mais Belenenses que FC Porto, sobretudo a partir dos 77 minutos, quando Anjos lesiona-se e sai mesmo de campo. Contra dez homens, o líder aventura-se um pouco mais e só não chega ao 2-0 por manifesta infelicidade de Andrade. O apito do árbitro soa e repetem-se as palmas dos adeptos portistas. O Belenenses está no bom caminho.

O penúltimo capítulo desta bonita história escreve-se em casa, com a surpreendente quarta classificada Olhanense. Na primeira volta, o Belenenses perde por 2-0. Está na hora da vingança. Até porque há um título para conquistar. Ao contrário do habitual, o campo das Salésias tem mais do que meia casa. Muito mais, aliás. Está cheio como um ovo. O apoio é imenso, aglutinador.

A vitória desenha-se desde cedo, aos 15 minutos. Livre de Rafael para a área, Fernandes sai-se dos postes com autoridade. Ou não. O guarda-redes olhanense larga a bola e José Pedro emenda à boca da baliza. O marcador volta a funcionar aos 20’, num lance de bola parada a castigar falta de Joaquim Paulo sobre Gomes. O central Feliciano sobe até à área contrária para bater o livre directo e fá-lo com invulgar pontaria. Ali ao ângulo superior, onde a coruja dorme. É o seu segundo golo do campeonato, após aquele à Académica (7-0), na segunda jornada. Segue-se o 3-0, por Armando, numa recarga a defesa incompleta de Fernandes ao remate de Rafael. Antes do intervalo, Capela vê uma bola bater-lhe na trave, cortesia de João Santos, num livre directo a punir mão de Gomes no limite da área. Sem travar o andamento ao jogo, o Belenenses arranca para a segunda parte como se estivesse a perder. A fome de bola é tanta que os lances de perigo sucedem-se uns a seguir aos outros. É um regalo para os olhos.

A Olhanense também quer passar uma imagem mais condizente com o seu estatuto de equipa-revelação e registam-se algumas alterações, como Nunes a extremo-esquerdo, Palmeiro a médio-esquerdo e Loulé a defesa. E então? Nada de novo. O Belenenses marca mais três com uma naturalidade assustadora. O primeiro da fila é Andrade, com um pontapé de raiva, do meio da rua. O guarda-redes nem se mexe. Tal e qual o 5-0 de Armando, a passe sensacional de Quaresma. Por falar nele, é o extremo-direito quem fixa o marcador, a quatro minutos do fim. Pelo meio, Andrade perde a oportunidade de fazer mais um, culpa do corte bem medido de Loulé na linha, já com Fernandes nas covas. A uma semana da jornada decisiva, em Elvas, o Belenenses volta a não sofrer golos e reforça o estatuto de defesa menos batida do campeonato.

Elvas. O título decide-se no Alentejo. Numa série imparável de 11 vitórias seguidas, o Belenenses só precisa de mais uma para garantir um feito inédito e extraordinário no futebol português, o de interromper a hegemonia dos três grandes.

Naquele tempo de pós-guerra, uma viagem de Lisboa a Elvas é o cabo dos trabalhos. Como não há auto-estradas nem autocarro oficial do clube, os jogadores dividem-se em carros particulares e abalam para Elvas pela Estrada Nacional N.º 4, entre Vila Franca, Pegões, Vendas Novas, Montemor-o-Novo, Arraiolos, Estremoz e Borba. Ao todo, 230 quilómetros de distância, com paragem em Estremoz durante a noite para pernoitar. Qualquer coisa como cinco horas e meia de viagem. Em 9.º lugar no campeonato, o Elvas é um osso duro de roer em casa. Às derrotas compreensíveis com Benfica e Sporting, acrescenta-se só mais uma, com o Atlético (a tal equipa que impede um comportamento cem por cento vitorioso do Belenenses na Salésias, com aquele 2-2). A figura maior é um homem da terra alcunhado de Patalino. À sua conta, oito golos dos 30 marcados em Elvas. O treinador é Joaquim Alcobia. Quer dizer, hoje não o será. Alfredo Valadas, autor do primeiro golo de sempre do campeonato nacional, em Janeiro de 1935, é o enviado-especial do Benfica para treinar o Elvas, filial número um dos encarnados.

O Belenenses de Augusto Silva alinha com o mesmo onze das últimas quatro jornadas. O Estádio Municipal está esgotado há dias. Há gente por todos os lados. E de todos os lados. Muitos adeptos belenenses das proximidades, como Alvor e Crato. O apoio é essencial e vibrante. Começa o jogo e a bola já lá mora na baliza de Capela. É uma jogada pela direita, finalizada pelo tal Patalino. Nem um minuto de jogo e o Elvas já ganha por 1-0. No Campo Grande, o Benfica sente o golo através do público e joga mais à vontade com o Vitória SC. Aos 17’, um-zero de Teixeira. Aos 39’, dois-zero de Rogério. Aos 55’, três-zero de Teixeira.

Então e o Belenenses? Um remate meio atabalhoado de Rafael a dar canto, aos 13’, e um livre de Feliciano por cima da trave, aos 29’. De resto, zero de futebol rendilhado e ofensivo, a imagem de marca. O nervosismo apodera-se de alguns jogadores, inclusive o capitão Amaro. Conta Quaresma: “Ao intervalo, o moral estava de rastos. Alguns companheiros ficaram desorientados e até o grande Amaro foi-se abaixo. O Vasco e eu, que éramos mais descontraídos e frios, começámos a puxar por eles.”

O puxar por eles não serve de muito no primeiro quarto de hora, com o Belenenses a abusar do jogo aéreo, sem consequências de maior para a baliza de Semedo. Às tantas, Rafael serve Andrade com um cruzamento perfeito. É o momento ideal para o 1-1. Ou não. O avançado, encadeado pelo sol, dá um pontapé na bola sem a ver e coloca-a nos pés de… Rafael. Assim é complicado. Para chegar à vitória, é preciso mais competência na área. E também fora dela. Vai daí, Vasco comporta-se como um autêntico lateral-direito pós-moderno, agarra na bola e só pára na linha de fundo antes de cruzar para trás.

Aparece então a figura de Quaresma, com um remate feliz, desviado por Andrade. Está feito o empate, só falta o 2-1 para celebrar o título. Vasco, mais uma vez, desce o corredor e cruza largo na direcção de José Pedro, então postrado no extremo esquerdo a fazer número por se encontrar lesionado. De primeira, a bola segue para o meio, onde Quaresma lateraliza rapidamente para Rafael. O pontapé é admirável, cheio de força e colocação. Semedo está batido, o mundo belenense entra em parafuso. No último minuto, um livre de Feliciano faz a bola sair ligeiramente ao lado.

Acto contínuo, o árbitro portuense Domingos Miranda apita para o fim. Do jogo e do campeonato. O Belenenses sagra-se campeão nacional pela primeira vez. Há abraços e mais abraços dentro de campo. E lágrimas, muitas lágrimas. Diz Feliciano: “Estávamos todos arrasados, completamente exaustos, mas mesmo assim ainda tivemos ânimo para chorar de felicidade, como Madalenas inconsoláveis.” O regresso a Lisboa é apoteótico, pois claro. “Os carros foram obrigados a parar no Cais Sodré e o trajecto até Belém foi lento, com muita gente nas ruas a agitar bandeiras”, lembra o guarda-redes suplente Sério. Quando se chega finalmente a Belém, “nunca mais se viu uma festa tão bonita na Praça Afonso de Albuquerque”. A frase é de Quaresma e encaixa-se na perfeição.

(a negrito, os jogos fora)

1 Sporting          1:1          Quaresma

2 Académica      7:0          Armando (2) Quaresma (2) Rafael (p) Feliciano MárioCoelho

3 Boavista           6:1          Rafael (2 p) Quaresma (2) Armando MárioCoelho

4 Oliveirense    1:0          Quaresma

5 Vitória SC        5:1          Armando (2) Rafael MárioCoelho Quaresma

6 Vitória FC        4:1          Armando Quaresma Elói Rafael

7 Atlético            2:2          Armando (2)

8 Benfica            0:2

9 FC Porto          3:2          Andrade (3)

10 Olhanense   0:2

11 Elvas               5:2          Armando (2) Andrade (2) Martinho

12 Sporting        2:1          Andrade Rafael

13 Académica   3:1          Quaresma Rafael Andrade

14 Boavista        4:1          Andrade (3) Armando

15 Oliveirense  10:0        Andrade (3) Rafael (3, 1 p) Armando Calixto JoséPedro Quaresma

16 Vitória SC     4:2          JoséPedro (2) Andrade Dias (pb)

17 Vitória FC      3:2          MárioCoelho Andrade JoséPedro

18 Atlético         4:2          JoséPedro Quaresma Andrade Rafael

19 Benfica          1:0          Andrade

20 FC Porto        1:0          Quaresma

21 Olhanense   6:0          Armando (2) Andrade JoséPedro Quaresma Feliciano

22 Elvas               2:1          Andrade Rafael

One Comment
  1. Luís Silva do Ó

    Naquele tempo ainda não existia o conceito dos "três grandes", inclusive porque o Belenenses era maior do que o FCP e só em meados dos anos 60 é que foi ultrapassado no "campeonato dos campeonatos". O conceito de grandes surge com a vitória do Belenenses nesse campeonato e de modo a distinguir os campeões dos restantes clubes. Desse modo, os quatro grandes eram o SLB, SCP, FCP e CFB. Com o passar das décadas os media esqueceram-se do conceito e passaram a designar 3 clubes por 3 grandes.

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