Great Scott #180: Único árbitro a expulsar três jogadores do Benfica na Luz para a 1.ª divisão?

Great Scott Mais 12/14/2020
Tovar FC

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Great Scott #180: Único árbitro a expulsar três jogadores do Benfica na Luz para a 1.ª divisão?

Jorge Coroado

Basta dizer-lhe a data e já está. “Na Luz. O Torreense, que faz aí a sua última época na 1.ª divisão, era treinado pelo Manuel Cajuda. E onde errei foi não ter assinalado um penálti contra o Benfica, por falta do Neno. O próprio confirmou-me anos depois. Fez falta sobre um brasileiro chamado Bigu.”

Okay, ficamos desarmados. O que queríamos perguntar mesmo? Ah sim, já nos lembrámos, e os três benfiquistas expulsos? Lembra-se dos jogadores em questão? “Claro. Primeiro o Paulo Sousa, ainda na primeira parte, por falta dura. Depois, já no fim, o César Brito, por palavras, e o Pacheco, também por palavras. Aliás, a história do Pacheco tem piada. O Mozer é que me contou, depois confrontei o Pacheco e ele confirmou-me. Ao minuto 90, há um lance na área do Torreense, gera-se uma confusão e é daí que sai o vermelho para o César Brito, por palavras. O Pacheco, que até nem estava ali, veio a correr na minha direcção e disse-me na cara, neste português, ‘meu filho da p***, não tens c****** para me mostrar o vermelho. Ainda ele não tinha terminado a frase e já lhe estava a exibir o vermelho, mas não por palavras, porque como lhe digo nem ouvi o que ele me disse, a forma de se dirigir a mim é que foi insultuosa e merecedora de expulsão. Conta o Mozer, e depois o Pacheco, que quando mostrei o vermelho, o Pacheco desabafou ‘tens mesmo c******!’”

O nulo na Luz, aliado ao 4-1 do FC Porto ao Chaves nas Antas, distancia o Benfica dos portistas. Em apenas 90 minutos, à passagem da 23.ª jornada, a desvantagem já é de três pontos, num tempo em que a vitória ainda vale dois. É aqui, a 23 Fevereiro 1992, que o Benfica começa a perder a pedalada. No final do 0:0, Jorge Coroado entra na sala de conferência de imprensa para falar das três expulsões. É uma atitude pouco comum. E, pelos vistos, nada bem vista pelos presentes. “Alguns eram jornalistas mas também havia adeptos. Muitos. E aquilo transformou-se num rodízio de insultos. Fui-me embora.”

Para onde? “Olhe, à noite, apareci na televisão, no Domingo Desportivo. Foi a primeira vez que me apresentei num estúdio e estava com o nervoso miudinho. Também lá estava o Toni, adjunto do Eriksson no Benfica, que ainda brincou comigo em directo, com o facto de eu estar a vingar-me de um Benfica-Belenenses de 1970, quando João Nogueira, depois de expulsar José Torres e Malta da Silva, foi obrigado a acabar o jogo aos 43 minutos por invasão de campo de milhares de adeptos do Benfica e teve de fugir para os balneários, protegido pelo Toni. Ora bem, como o Toni sabe que eu sou do Belenenses, e até fui atleta do clube, usou essa piada na televisão. Que eu tinha finalmente conseguido vingar o Belenenses, 22 anos depois [e lá voltam as gargalhadas de efeito dominó].”

E do relvado para o balneário, alguma confusão? “O normal. Não é fácil para nenhum grande empatar em casa com uma equipa que está para descer. Ouvem-se coisas e passa-se ao lado. Saí de consciência tranquila e até quis explicar às pessoas o porquê das expulsões. E não se julgue que três é um número exagerado. Se tivesse de expulsar uma equipa inteira, fazia-o tranquilamente. Uma vez, em 1977, um jogo das distritais de Lisboa acabou mais cedo porque expulsei sete jogadores do Castelo.” Bolas, é de homem. “Sete do Castelo e dois do Atlético de Algés. Estava no início da minha carreira e também ainda estávamos no PREC. Se hoje o respeito pela autoridade é diminuto, na altura era inexistente.”

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