Great Scott #186: Único boavisteiro capitão da selecção AA portuguesa?
Serafim Baptista
O arranque da qualificação para o Mundial-54 é um momento embaraçoso para a nossa história. Fixe bem a data, 27 Setembro 1953. É um domingo. Em Viena, no Estádio do Prater, o sonho acaba ao intervalo com 4:0 no marcador. Barrigana encaixa mais cinco na segunda parte numa jornada lamentável, um pouco à imagem do 9:0 vs Espanha e 10:0 vs Inglaterra.
O maestro é Ocwirk, sempre liberto de marcação, algo inexplicável até para os portugueses, e a grande figura é Probst, com cinco golos. Diz Félix: “Ainda não entendi como é que eles marcaram cinco golos em contra-ataque”. No dia seguinte, a imprensa austríaca dá aso a uma série de frases feitas. “O que ainda há de bom em Portugal são as sardinhas.” Ou então a análise sobre Travassos. “Se este jovem industrial não tivesse na sua empresa melhores colaboradores do que os deram ontem na sua turma, há muito que a teria declarado falência”.
Acaba 9:1 e o nosso golo é de José Águas, a passe de Travassos, aos 59’. Na altura, é o 5:1. Dez minutos depois, 6:1 de Happel. Esse mesmo, Ernst Happel. Grande jogador, brilhante treinador. Com nome de estádio e tudo. Em Viena, claro. Onde o Porto conquista a primeira Taça dos Campeões, vs Bayern, em 1987. E também onde o Benfica perde a quinta e última final da Taça dos Campeões, vs Milan, em 1990.
Prémio de consolação: a Áustria acaba o Mundial em terceiro lugar. Para a nossa história, a estreia do benfiquista Ângelo (substituto de Castela aos 40’) e a braçadeira de capitão para Serafim Baptista, um valioso médio de contenção do Boavista. É ainda hoje o único capitão de Portugal pelo Boavista.
Para a história, a marcha movimentada do marcador
13’ Ocwirk [1:0]
14’ Wagner [2:0]
19’ Probst [3:0]
32’ Probst [4:0]
58’ Probst [5:0]
59’ José Águas [5:1]
69’ Happel [6:1]
72’ Wagner [7:1]
83’ Probst [8:1]
87’ Probst [9:1]