Great Scott #204: Quem é o inventor do 4-2-4?
Martim Francisco
Onde estamos? Beagá. Qual é a capital de Minas Gerais? Beagá. Qual é a capital brasileira dos bares? Beagá. Qual é a cidade com melhor qualidade de vida na América Latina? Beagá. Calma lá, que história é essa de Beagá? Beagá é BH, Belo Horizonte. Aqui, o ar respira-se melhor. Aqui, as obras do estádio não superam os valores inicialmente propostos. Aqui, há ordem e progresso. Dentro de Beagá, qual é a região metropolitana mais rica? Nova Lima.
Além de atrair moradores de alta renda para os mais de 50 condomínios de alto luxo, é a casa do Villa Nova, o primeiro campeão da 2.ª divisão brasileira (1971) e a quarta força do futebol mineiro (atrás de Cruzeiro, Atlético e América). Actualmente na 4.ª divisão brasileira e na 1.ª mineira, é um clube com história feita no futebol. Mundial, acrescente-se.
Em 1951, quando o Brasil ainda chora o Maracanazo (perda do título mundial para o Uruguai em pleno Maracanã), um treinador chamado Martim Francisco revoluciona a táctica na véspera de um jogo do campeonato estadual mineiro com o Atlético. De um momento para o outro, o Villa Nova abdica do sistema WM (três defesas – dois laterais e um central –, dois médios, dois extremos, dois interiores e um avançado) pelo 4-2-4. A ideia de reforçar a defesa sem desguarnecer significativamente o ataque vale a vitória nesse jogo e até do próprio campeonato.
Tetraneto de José Bonifácio, o Patriarca da Independência do Brasil em 1822, Martim Francisco entra na passadeira vermelha por mérito próprio. O Villa Nova agarra-se de tal forma ao 4-2-4 que se sagra campeão da 2.ª divisão em 1971 com este sistema e com Martim Francisco no banco. A adaptação do 4-2-4 é imediata pelo estado mineiro fora, as restantes equipas do país só o adaptam definitivamente em 1954/55.
Quando a selecção brasileira se apresenta no glorioso Mundial-58 da Suécia com dois laterais ofensivos (Nilton e Djalma Santos), dois extremos bem abertos (Garrincha e Zagallo), um ponta-de-lança clássico (Vavá) e um falso 9 (Pelé), não há pai para o Brasil. Excepção feita aos britânicos (0-0 com Inglaterra e 1-0 ao Gales), os brasileiros derrubam a concorrência com uma assinalável categoria, incluindo o duplo 5-2 na meia-final (França) e final (Suécia).