Great Scott #218: Em que Mundial marca Zidane o seu primeiro golo?

1986

Zinedine? Ah ah, essa é boa. O Zizou ainda nem sequer é profissional da bola quando um tal Djamel Zidane assina o golo do empate da Argélia vs Irlanda do Norte, em Guadalajara, para a fase de grupos do Mundial do México.

Argélia e Irlanda do Norte, eis duas selecções com boas vibrações no Mundial anterior, o de Espanha-82. Os africanos, com Madjer em grande, ganham à campeã europeia RFA por 2:1, enquanto os norte-irlandeses silenciam a anfitriã com um golo do jovem Whiteside (17 anos). Quatro anos depois, o sorteio junta os países no mesmo grupo, juntamente com Brasil mais Espanha, e é uma decepção maiúscula. Uma não, duas. Tanto a Argélia, sem velocidade, como a Irlanda do Norte, sem a arte do contra-ataque.

O empate assenta-lhes bem, com ambos os golos a saírem de bola parada. O 1:0 de Whiteside (sempre ele) é um livre directo em que a bola embate na barreira antes de entrar. O 1:1 de Zidane é um livre indirecto a 35 metros da baliza do quarentão Pat Jennings.

Campeão da 2.ª divisão argelina em 1974, pelo USM Alger, a carreira de Zidane sofre um desvio inimaginável graças à transferência para a Europa. Primeiro França, depois Bélgica. Por ocasião do Mundial-86, o médio esquerdino joga no Waterschei, da 1.ª divisão belga, e é dos poucos da sua geração a percorrer todas as camadas jovens da selecção argelina.

Só em 1998 é que outro Zidane emerge na história dos Mundiais. A jogar em casa, é expulso vs Arábia Saudita antes de decidir a final vs Brasil com dois golos de cabeça na primeira parte. Quatro anos depois, no primeiro Mundial asiático, Zidane sai sem honra nem glória. É a França a primeira campeã mundial eliminada na fase de grupos sem qualquer golo marcado. A despedida é marcada pelo apito de Vítor Pereira num claro 2:0 vs Dinamarca.

Em 2006, a França volta a decidir o título e Zidane imita Pelé mais Breitner como autor de golos em duas finais – na ocasião, engana Buffon com um Panenka. No prolongamento desse jogo vs Itália, dá uma cabeçada no peito de Materazzi e vê o vermelho directo, o que faz dele o jogador mais indisciplinado de sempre na história dos Mundiais com quatro amarelos e dois vermelhos. Um homem de sangue quente. Argelino, por sinal.