#11 Argentina 1986

Mais Spider Pig 02/06/2021
Tovar FC

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#11 Argentina 1986

A qualificação para o Mundial do México é duríssima, num grupo com Colômbia, Venezuela e Peru. Quando joga fora, Diego apanha e apanha bem.

Em Caracas, um adepto maluco acerta-lhe um pontapé no menisco, á saída do autocarro e a caminho do hotel. Um dia depois, Diego vinga-se com dois golos na vitória apertada por 3-2. Em Bogotá, a pressão é gigante, nem lhe dão um milímetro de espaço. Em Lima, um jogador chamado Reyna entra para a história como o Gentile peruano, tal é a quantidade de faltas. Diego lesiona-se a sério e sai de maca. Reyna acompanha-o à saída de campo. Marcação implacável, está bom de ver.

Quando joga em casa, a selecção é assobiada. Porque joga mal e ganha sem brilho. O apuramento é festejado à última jornada, no Monumental, com um 2-2 vs Peru. Durante largos 41 minutos, o Peru está no México. De repente, uma bola de Passarella bate no poste e a recarga vitoriosa é do suplente Gareca. Alívio e, depois, festa. A Argentina vai ao Mundial.

Calha no grupo A, o de Itália (campeã em título), Bulgária e Coreia. Antes da estreia, um número infinito de problemas na concentração. O grupo de Passarella, com Valdano e Bochini, entre outros, queixa-se das noites largas de Diego. O capitão ouve a injúria e junta o plantel no hall do hotel. Ataca Passarella sem dó nem sem piedade, acusa-o de ser um queixinhas, obriga-o a pagar do seu bolso as chamadas telefónicas internacionais em vez de usar o plafond do plantel e, crème de la crème, expõe o capitão do Mundial-78 de andar a ver às escondidas uma mulher de um colega da selecção. Valdano muda de lado e já é de Diego.

A balança como que se desequilibra e Passarella passa ao lado de todo o Mundial-86. O relatório médico diz cólicas. E até pega bem, porque a água corrente do México é pouco ou nada saudável. O seleccionador Bilardo toma conhecimento da reunião na manhã seguinte e esfrega as mãos de contente. Simples. ‘O Passarella parecia um avançado, marcava golos e mais golos. A sua passada era firme e larga, sempre de cabeça levantada. Daí a alcunha Kaiser, como se fosse um Benckenbauer. Só que a minha missão era ganhar o Mundial e, para tal, tinha de ressuscitar um morto: Diego. Aquele Mundial-82 fez-lhe mal e era preciso reabilitá-lo, por assim dizer. Maradona é Maradona, sempre foi assim. Ele nunca se foi abaixo, mas a braçadeira de capitão deu-lhe um plus. Aumentou-lhe a grandeza e isso notou-se ao longo do torneio.’

Na estreia, Diego sofre 11 faltas da Coreia do Sul. ‘Desde pequenos que nos ensinam a cultura oriental, em filmes e séries. E como são bem-educados e tal. Bem, desde hoje [2 Junho 1986], perdi toda a consideração pela educação oriental. Fui massacrado vezes e vezes sem conta. Sofri sei lá quantas faltas e olhem lá que eu toquei pouco na bola, já aconselhado pelo Bilardo [seleccionador da Argentina] em relação à agressividade dos sul-coreanos. Um deles, o número 17, fixei-o logo, porque me deu uma porrada daquelas de ficar a ver estrelas. Eu pensava que o nome dele era kung-fu e afinal era taekwondo.’ A ironia, sempre ela, presente.

O jogo seguinte é especial, com a Itália. É a única vez em todo o torneio em que a Argentina se vê a perder, com um penálti de Altobelli. O empate é de Diego. Um golo delicioso, todo no ar, sem deixar cair a bola, apertado pelo lendário Scirea e sem deixar a mínima hipótese ao atarantado Galli. Outro golo de museu, de antologia. Acaba 1-1 e a Argentina está lançada para os 1/8 final. Basta uma vitória sobre a Bulgária. Dito e feito, 2-0.

Segue-se a fase a eliminar. Nos oitavos, o clássico platense vs Uruguai. Mais uma vez. Diego fala do jogo como se tivesse sido o melhor do Mundial. ‘La rompí.’ Como quem diz, fiz tudo e mais alguma coisa, parti a loiça toda. ‘Ganhei todas as bolas, todas. Só ganhámos 1-0 [Pasculli] mas atirei à barra num livre directo, sentei sei lá quantos uruguaios e até marquei um golo. Que foi anulado. Claro, o árbitro era italiano [Agnolin]. Nos quartos, a Inglaterra de Robson. O jogo é célebre. Na primeira parte, há um livre directo em que Diego faz um passe para a baliza. A bola sai um nada desviado do poste – Gaitán imitaria o génio num jogo europeu do Benfica em 2015. Na segunda parte, há dois lances capitais.

O 1:0 é sobejamente conhecido, com a mão. Diego combina com Valdano, só que o 11 recebe mal a bola e é Fenwick quem a atrasa atabalhoadamente para Shilton. O guarda-redes faz uso da sua envergadura (1,85 m) e sai-se à bola com o punho direito. Maradona, bem mais pequeno (1,65 m), atira-se com a mão esquerda. E é golo. “Durante anos, anos e anos, não consegui rever esse jogo”, garante Shilton. “Por causa da mão de Deus, desse golo irregular que o árbitro não viu, nem o fiscal-de-linha.”

O árbitro em causa é o tunisino Ali Bennaceur. “A culpa desse golo é de Dontchev. Quando o Maradona marcou, comecei a recuar para o meio-campo á espera do sinal do meu fiscal-de-linha búlgaro e ele nada de olhar para mim, limitou-se a correr para o meio-campo. Entendi que não houve qualquer irregularidade e deixei seguir.” O búlgaro encaixa mal a crítica e contra-ataca. “O Bennaceur não estava preparado para um jogo desse calibre. Afinal, é o que acontece quando se costuma apitar jogos entre camelos no deserto.” E o terceiro elemento? É o costa-riquenho Berny Ulloa, isento de qualquer culpa pelo simples facto de ter acompanhado do ataque dos ingleses durante a segunda parte. “A única coisa que posso dizer é que o Bennaceur estava bastante desapontado quando viu as imagens pela televisão no hotel, nessa noite.”

Cinco minutos depois, o 2:0 é um hino ao futebol. Entra em acção Victor Hugo Morales, o relato mais arrepiante.

… La va a tocar para Diego, ahí la tiene Maradona. Lo marcan dos. Pisa la pelota Maradona. Arranca por la derecha el genio del fútbol mundial, y deja el tendal y va a tocar para Burruchaga. ¡Siempre Maradona! ¡Genio! ¡Genio! ¡Genio! Ta-ta-ta-ta-ta-ta… Goooooool. Gooooool. ¡Quiero llorar! ¡Dios santo, viva el fútbol! ¡Golaaaaaaazooooooo! ¡Diegooooooool! ¡Maradona! Es para llorar, perdónenme. Maradona, en recorrida memorable, en la jugada de todos los tiempos. Barrilete cósmico. ¿De qué planeta viniste?, para dejar en el camino a tanto inglés, para que el país sea un puño apretado gritando por Argentina. Argentina 2, Inglaterra 0. Diegol. Diegol. Diego Armando Maradona. Gracias Dios, por el fútbol, por Maradona, por estas lágrimas, por este Argentina 2, Inglaterra 0.

Trocado por miúdos. A Inglaterra procura o empate, Enrique rouba a bola no meio-campo argentino e entrega-a a Diego, ali a centímetros de distância. O capitão recebe, acossado por Beardsley e Reid. A roleta sai-lhe perfeita e entra no meio-campo inglês, perseguido pelo insistente Reid. Inicia-se então uma correria de nove segundos em 60 metros. Aparece-lhe Butcher e um golpe de anca deixa-o completamente perdido. À entrada da área, Fenwick ainda estica o braço na tentativa de travar o andamento. Em vão, também é ultrapassado pela velocidade e magia de Diego. Está quase, quase. Shilton é o último súbdito de Sua Majestade a prestar vassalagem. O guarda-redes sai-se dos postes, Diego finge o remate e contorna-o pelo lado direito com a bola colada ao pé. Butcher, outra vez ele, ataca a bola. Falha por milésimos de segundo. Ouchhhhh, Butcher acerta é no pé de Maradona. Que cai. E levanta-se num ápice, como se fosse uma mola. Por essa altura, já a bola mora na baliza. É um golo fenomenal, memorável, histórico. Até para os cinco ingleses, que lhe prestam a devida homenagem ao golo de todos os séculos.

Peter Beardsley. O primeiro toque dele é sublime porque nos deixa, a mim e ao Peter [Reid], sem reacção. O que ele fez com aquele jogo de pés naquela fracção de segundos arrumou-nos, sem misericórdia. Foi um toque de classe como nunca vi até então, e só voltei a ver com Zidane. A roleta. O Diego é que inventou a roleta, naquele instante. O Zidane aperfeiçoou-a, dou isso de barato, mas o inventor foi Maradona. E à minha frente. Na minha cara. Quer dizer, eu estava à espera de tudo menos daquilo, e ele fugiu-me por entre as mãos como se nada fosse. Sim, é verdade, o 1-0 foi com a mão, mas o 2-0 valeu por dois.

Peter Reid. Os jogos desse Mundial eram a horas tremendas. À hora de almoço, no pico do calor. Esse não fugiu à regra. Aquele estádio estava um forno e eu não me lembro de correr tanto atrás de alguém como naqueles segundos. Nunca o apanhei. Às tantas desisti. E o Diego com a bola controlada! A única coisa que me passava pela cabeça era tentar travá-lo, mas ligeiramente, sem ser em falta. Sei lá, estender o braço direito à volta da cintura dele ou no seu ombro, mas era impossível. Ele bateu todos os recordes possíveis e imaginários de velocidade, técnica e ligeireza nesse lance histórico.

Terry Butcher. Quando o vi arrancar, pensei para mim ‘bem, alguém o vai parar, não vai?’. Depois ele aproxima-se de mim e eu penso ‘bem, eu vou pará-lo, não vou?’, mas ele dá-me a volta com um jogo de cintura e a bola colada ao pé. Parecia um ioiô, que lhe obedecia. Ainda pensei ‘bem, agora o Fenwick, que era um defesa forte na marcação que raramente se deixava enganar, vai pará-lo, não vai?’ e não é que Diego passa por ele como se nada fosse? No fim ainda fui de carrinho a tentar impedir o golo, mas ele foi mais rápido que eu. Again!

Terry Fenwick. Nunca pensei que alguém com a bola controlada conseguisse correr mais que os outros. Ele passou por mim como se nada fosse e o incrível desse lance é que ficou na cabeça de toda a gente. Mesmo 20 anos depois! Em 2006, estou eu tranquilo da vida, na Jamaica, de férias, quando o dono do hotel reconhece o meu nome a fazer- -me o check-in. Pergunta-me se sou quem ele julga que sou, digo-lhe que sim, ele chama os amigos e começamos ali a falar de todos os pormenores do golo. Só consegui ir para o quarto duas horas depois.

Peter Shilton. Durante anos, anos e anos, não consegui rever esse jogo. Por causa da mão de Deus, desse golo irregular que o árbitro [tunisiano Ali Bennaceur] não viu, nem o fiscal-de-linha. Mas claro que aplaudo o 2-0. Uma obra de arte. Dizem que o Messi marcou um igual, mas não podemos comparar o golo. Nem o momento. Nem o adversário. Nem os intervenientes. É tudo diferente, com vitória de Diego. Quando eu lhe saí aos pés ele fez- -me uma coisa impossível: fintou-me com a anca. Em corrida! Com a bola controlada! Come on.

Meia-final, vs Bélgica. Ao intervalo, 0-0. Na segunda parte, Diego e Diego. Acaba 2-0. O primeiro golo é um toque subtil à saída de Pfaff. O segundo é uma sensacional jogada individual. Está vingado o 1-0 do Mundial-82. A final com a RFA é uma realidade. A Argentina vai de menos a mais e surpreende toda a gente.

Falta a final. Vai Diego, é tua. ‘Que sensação fantástica. Estar aqui até ao fim. Ir à final. Os alemães enganam, porque jogam assim-assim e ganham, mas a nossa fé é enorme. Temos um equipazo, feito de jogadores que se impuseram com a naturalidade dos grandes. Até os suplentes marcam. Viram o Pasculli [companheiro de quarto de Maradona durante todo o Mundial-86] nos oitavos-de-final? Um golo e adiós Uruguai. Depois, a Inglaterra e a Bélgica. Marquei quatro golos nesses dois golos. São momentos inesquecíveis e as imagens passam-me pela cabeça a mil à hora, sem interrupção. Venha lá a RFA para mais flashes.’

Vai Bilardo, é tua. ‘Pensei, pensei e pensei. Depois executei: Maradona a 9. Sim, deslocámos Maradona para a posição de avançado-centro e recuámos Valdano mais Burruchaga para segurar os laterais deles, sobretudo aquele que corria desalmadamente, o Briguel. Tinha lido durante a semana que o Beckenbauer ia apostar na marcação individual sobre o Maradona. Seria o Matthäus. Interiorizei essa ideia, falei com o Maradona e chegámos a um acordo: quanto mais ele avançasse no terreno, melhor para nós, mais espaço teríamos no meio-campo para as diagonais de Valdano e Burruchaga. Porque se Matthäus fosse com Maradona, abriria ali um fosso.’

Vai Diego, é tua. ‘Não acredito, ainda não acredito. Eu bem dizia que a Argentina era mais que Maradona e os outros 10, como os alemães quiseram fazer crer na véspera. O Mundial é nosso, a Taça está connosco. Quero entrar para o avião. Quero festejar com o povo argentino. Quero mostrar a taça a todos. Ao lado dos meus companheiros desta epopeia inolvidável.

(…)

Que partidazo. Começámos melhor e marcámos de cabeça, por Tata Brown [que substituiu o lesionado Passarela, capitão do Mundial-78, também ganho pela Argentina]. Na segunda parte, fizemos o 2-0 por Valdano. Até aí, os alemães estavam retraídos, exclusivamente preocupados comigo. Matthäus andou atrás de mim o tempo todo, mas foi um adversário leal, digno e limpo. Depois, Beckenbauer [seleccionador alemão] meteu Förster a marcar-me em cima. Com o 2-0, eles libertaram-se, passaram a jogar sem complexos e aí sentimos dificuldade para segurá-los. Eles têm aquele espírito de luta impressionante. O Matthäus subiu na posição de oito, o Magath também como 10, os laterais Briegel e Brehme fixaram-se no nosso meio-campo. Sofremos o empate num piscar de olhos em dois lances de bola parada [cantos]. Meu Deus, um prolongamento… Não, não pode ser. Aos 80 e tal minutos, Enrique recupera uma bola e sai a jogar em vez de despachá-la. Fez-me um passe impecável e eu só ouço Burru [Burruchaga, autor do 3-2] a pedir-me a bola. Fiz-lhe a vontade com um passe cruzado. Os alemães tentaram o fora-de-jogo mas fomos mais rápidos que eles. O Briegel deve ter batido o recorde dos 50 metros atrás do Burru, mas nem isso foi suficiente. Que êxtase. Impressionante a festa. Os mexicanos carregaram todos os jogadores às costas. Acho que até toquei no céu.’

Argentina campeã do mundo, com seis vitórias e um empate. Dos 15 golos marcados, Diego colabora em 10 com cinco golos e cinco assistências. Um luxo, mais que justo o prémio de melhor jogador do torneio, atribuído pelos jornalistas internacionais presentes no México. Sozinho, Diego acumula mais pontos (1282) que os restantes quatro do top 5 (Schumacher 344, Elkjaer 236, Pfaff 224 e Platini 224 = 1228).

À falta de uma Bola de Ouro (ou duas) (ou três) (ou mais), porque o France Football é totalmente europeísta e só abre as portas ao resto do mundo em 1995, Diego recebe a sua do Mundial-86. Três anos depois, em 1989, um assalto ao Banco della Provincia em Nápoles resulta no desaparecimento da Bola de Ouro, além de muitos relógios de luxo.

Um telefonema de Diego a um dos líderes da mafia napolitana, Salvatore Lo Russo, é o suficiente para reaver os relógios. E a Bola de Ouro? ‘Fiz-me amigo de Maradona e foi visita de minha casa, às vezes só para estar, outras para comprar cocaína. Ainda o ajudei a recuperar os relógios, através de Peppe, el biondo [o louro], que os encontrou em Picuozzi, nos bairros espanhóis. A Bola de Ouro é que não foi possível, já tinha sido derretida.’ – à imagem do Taça Jules Rimet 1970, entregue em definitivo ao tricampeão Brasil, roubada na sede da federação brasileira e, acto contínuo, derretida em 1983.

Argentina campeão do mundo. O país não cabe em si de contente. O aeroporto de Buenos Aires está cheio, a viagem até à Casa Rosada é um tratado de luz, cor e alegria, muita alegria. No balcão da casa do governo, o presidente Raúl Alfonsín abre a porta aos campeões e é só. Enquanto os jogadores armam uma festa imperdível desde o balcão, Alfonsín fecha-se a sete chaves no seu escritório. É bonito, e raro, um político não se colar a um feito desportivo, se bem que aqui há gato.

É que Alfonsín ousara intrometer-se nos planos da selecção pouco antes do Mundial, em Abril. Conta Diego. ‘O presidente Raúl Alfonsín tinha declarado que não gostava da forma como a Seleção jogava e, a partir daí, o rumor começou a tornar-se cada vez mais forte. Dizia-se que o governo queria despedir Bilardo e pôr outro treinador no seu lugar. A verdade é que a mim, um dia, ligou-me o seu secretário de desporto Rodolfo O’Reilly, juntamente com Osvaldo Otero, e disse-me: ‘Vamos derrubar o Bilardo.’ Eram 11 da noite em Itália. O telefone tocou, algo que era raro, e passaram-mo.

Então, respondi:

— Desculpe, como é que conseguiu o meu número de telefone?

— Bom, nós no governo temos os números de toda a gente, sabe?

— Ah sim? Então esqueça-o, porque eu nunca vi a sua cara e está a ligar-me às 11 da noite. Sabe que são 11 da noite aqui? E vou-lhe dizer algo muito mais importante…

— Desculpe, Diego, o quê?

— Que se querem dispensar Bilardo, têm de ter em conta que me estão a dispensar a mim também. Ou seja, quero deixar claro que não estarão a derrubar apenas um. Estarão a derrubar dois. Se ele sair, eu também me vou.

E desliguei.

a campanha no México-86

  • Coreia do Sul         3:2           Valdano-2 Ruggeri
  • Itália                        1:1           Maradona
  • Bulgária                  2:0           Valdano Burruchaga
  • Uruguai                  1:0           Pasculli
  • Inglaterra               2:1           Maradona-2
  • Bélgica                    2:0           Maradona-2
  • RFA                        3:2           Brown Valdano Burruchaga
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