À falta de luz, um gerador. Ou não

Mais Shaken, Not Stirred 02/23/2021
Tovar FC

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À falta de luz, um gerador. Ou não

Jor-na-lis-mo. Dividido assim dá aquele ar je-ne-sais-quoi. Faz-me ir atrás, a mil-nove-e-muito, ao tempo em que ainda só há um telefone fixo para fazer chamadas internacionais e também só há um computador para ligarmo-nos à internet, Isso mesmo, in-ter-net. G’anda je-ne-sais-quoi, chi-çaaaa. É o tempo em que sabemos dos resultados do futebol internacional através de faxes (temos Lusa, Reuters e France Press), é o tempo em que sabemos dos resultados da 2.ª divisão portuguesa via telefone (temos polícias, bombeiros e comuns mortais em missão de espionagem). É um tempo bem bom, acredite. No bairro alto nem imagina, é um fartote. Ainda não há McDonalds nem Avillezes, “só” Trindade, Mamma Rosa, Cabaças, Caracol, Sinal Vermelho, Bota Alta e 1.º Maio. Para a copofonia, Portas Largas e Pontapé na Cona. Insistimos, é um far-to-te. E quando falha a luz? Ah pois é. Acontece-nos com frequência. A nós, do Record, ali na Travessa dos Inglesinhos, bem perto da Travessa da Queimada, onde é a A Bola, sempre com luz. Essa é boa. Mesmo. Muito bem, falha a eletricidade e então? Errrr, o Record não tem um gerador. E agora? Somos obrigados a esperar por um golpe de sorte. Que não chega às 18 horas, nem às 20, muito menos às 22. Já é noite mais-que-cerrada e há cerca de zero páginas fechadas para a edição do dia seguinte. Pegamos na nossa tralha toda, computadores fixos incluídos, e vamos todos a correr para a gráfica, na zona de Queluz. Nem nos passa pela cabeça chegar a casa nessa madrugada sem o jornal devidamente editado e fechado. Vai daí, temos de escrever à velocidade da luz, em cima do joelho (literalmente, para os sortudos com portátil). A noitada sabe a glória, o dia seguinte também. Joe Berardo, dono do Record, faz uma ligação intercontinental desde Canadá (ou será África do Sul?, dunno). Atende o director Rui Cartaxana e organiza-se um meiinho à volta do telefone. Em alta voz, o homem desfaz-se em elogios. E dá-nos os parabéns pelo trabalho her-cú-le-o.

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