Great Scott #244: Único clube francês campeão da 2.ª e da 1.ª em anos seguidos?
Saint-Etienne
Que cegada. A época 1961-62 é da consagração do Benfica como bicampeão europeu, em Amesterdão. A imagem de Eusébio em ombros com a camisola de Di Stéfano dentro dos seus calções é épica. O campeão português é o Sporting. E o francês?
É o Stade Reims, com 48 pontos em 38 jogos, resultado de 21 vitórias, 6 empates e 11 derrotas. E em segundo lugar? É o Racing Paris, com 48 pontos em 38 jogos, resultado de 21 vitórias, 6 empates e 11 derrotas.
Igualzinho, e em golos? O Stade Reims acumula 83-60, o Racing Paris 86-63. No fundo, a diferença é a mesma (+23). Bom, e agora? O primeiro critério de desempate para uma situação desta natureza é a média de golos. Média de golos? Oui, bien sûr. O Stade Reims acumula 1,383, o Racing Paris 1,365. Por 18 milésimas, o Stade Reims. É o campeão mais sofrido de sempre. A partir daí, a federação francesa abandona a média como factor de desempate e decide-se pela diferença de golos e, depois, o melhor ataque – se fosse adoptado antes, o campeão seria o RC Paris.
Cá em baixo, a situação é mais pacífica em matéria de desempate. Simplesmente não há. Metz 27 pontos, Le Havre 28, Sochaux 28, Saint Etienne 30. Eis os quatro últimos classificados, os despromovidos à 2.ª divisão. O Saint Etienne reúne uma nuance bem interesse, como vencedor da Taça de França dessa época (1:0 vs Nancy).
Apura-se para a Taça das Taças enquanto representante da 2.ª divisão. E apanha o Vitória FC. Ao emocionante 1:1 em casa, segue-se o desequilibrado 3:0 no Bonfim. O Saint Etienne só é eliminado na segunda ronda, pelo Nuremberga. A equipa francesa concentra-se então única a exclusivamente na 2.ª divisão. O resultado é o título de campeão com toda a naturalidade, quatro pontos à frente do Nantes.
O regresso à 1.ª é tricky. Na estreia, 1:1 em casa vs Valenciennes. Na 2.ª jornada, 4:0 do Toulouse. Seguem-se 11 jogos sem qualquer derrota e até alguns resultados gordos, como 6:1 vs Nantes. A subida à liderança isolada verifica-se na 12.ª jornada, por ocasião de um 3:2 em Bordéus aliado à goleada do Lypon vs Monaco (5:1). A partir daqui, o Saint Etienne nunca mais arreda pé do primeiro lugar.
Na segunda volta, o autoritário 7:1 vs Toulouse é a confirmação da superioridade absoluta. O título chega na 33.ª e penúltima jornada, e com uma derrota (3:0 em Sedan). A culpa é do Monaco, derrubado em casa pelo Stade Français por 1:0. Com quatro pontos de avanço, os últimos 90 minutos são um mero pró-forma. Vai daí, empate a dois golos vs Estraburgo. Marca Guy nos descontos e é ele, Guy, o melhor marcador do Saint Etienne, com 28 golos. O segundo melhor é o argelino Makhloufi (16). Para completar o pódio, Herbin (10). Que heróis, caramba.
