#17 Derby County 1971-72
Chelsea, vencedor da Taça das Taças.
Leeds, vencedor da Taça das Cidades com Feira.
Manchester City, semifinalista da Taça das Taças.
Liverpool, semifinalista da Taça das Cidades com Feira.
O futebol inglês em 1970-71 é uma relíquia em estado bruto. Se acrescentarmos o Arsenal, campeão e vencedor da Taça de Inglaterra, mais o obrigatório Manchester United, campeão europeu em 1968, reunimos cinco ou seis candidatos realmente capazes ao título da Division One 1971-72. Vá, sete, com a inclusão do Tottenham, vencedor da Taça das Cidades com Feira 1972, numa final inteiramente inglesa vs Wolverhampton.
O provinciano Derby County, campeão da 2.ª em 1969, é claramente uma carta fora do baralho. O treinador é Brian Clough, excêntrico como nunca e competente como sempre. O arranque é surpreendente e a primeira derrota só aparece à 13.ª jornada, vs Man United (e ao fim de cinco vitórias e sete empates). Seguem-se mais cinco derrotas em 11 jogos até ao Natal.
Na viragem do ano, o Derby dá uma cambalhota nos resultados e fortalece-se com dez vitórias em 12 jogos, a última das quais vs Leeds a garantir o primeiro lugar isolado. Começa aqui o sonho do título inédito de campeão. Que não sofre o mínimo beliscão nas duas jornadas seguintes, vs Newcastle (derrota) e WBA (empate). Acumulam-se então duas vitórias com um total de 7:0 em golos. A 22 Abril 1972, o Derby vai ao campo do líder Man City, embrulha 2:0 e desce para o terceiro lugar.
E agora? O City é o novo líder, com 57 pontos. Pormenor, já tem a época fechada. Outros tempos em que o calendário obedece zero às transmissões televisivas ou ao pseudo-rigor da Liga. Cada um para o seu lado e siga a marinha. Retomamos o fio à meada, City 57 (42 jogos), Liverpool 56 (40), Derby 56 (41) e Leeds 55 (40). Ou seja, quatro galos para um poleiro.
Para o último jogo da época na Division One, o Derby recebe nada mais nada menos que o Liverpool de Bill Shankly. É uma segunda-feira, dia 1 Maio. O estádio Baseball Ground acumula a maior enchente da época, com quase 40 mil espectadores, e o escocês Scott McGovern dá-lhes uma alegria infinita como autor do solitário 1:0. Contas feitas, Derby 58, Leeds 57 (ganha 2:0 ao Chelsea nessa mesma noite de 1 Maio), City 57 e Liverpool 56.
Dos quatro primeiros classificados separados por dois pontos, Leeds e Liverpool ainda sonham com o título. E o líder Derby? Com o trabalho feito, Brian Clough vai de férias para a Sicília e o adjunto Peter Taylor leva toda a equipa para Palma de Maiorca. A pressão é imensa, a saída do país é a decisão mais acertada. Uma semana depois, outra segunda-feira, 8 Maio, joga-se o tudo por tudo. Detalhe do arco da velha: o Leeds levanta a Taça de Inglaterra em Wembley (1:0 vs Arsenal) no dia 6. Ya, 48 horas antes.
Para ser campeão, o Leeds só tem de ganhar ao Wolverhampton no Molineux. Já o Liverpool tem de ganhar ao Arsenal e esperar pela derrota do Leeds. Então e o Derby? Basta-lhe, digamos assim, a derrota do Leeds e o empate do Liverpool. Vamos a isso? Vaaaaaamos. Partida, largada, fugida. Ao intervalo, 1:0 para o Wolves e 0:0 em Highbury. Aos 88’, golo anulado a Toshack (Liverpool) por fora-de-jogo. Aos 89’, o Leeds sofre o segundo. Aos 90’, o Leeds reduz por Bremner e thats all folks.
O Derby, de férias entre Itália e Espanha, sagra-se campeão inglês pela primeira vez e apura-se para a Taça dos Campeões. A sua epopeia na UEFA é gloriosa e envolve um atropelo ao Benfica nos ¼ final (3:0 no Baseball Ground, 0:0 na Luz). A Juventus corta-lhe as vasas na ½ final. Who cares, Brian Clough é o maior. Forever and ever. Ou não fosse ele o autor destas frases.
‘Se eu não consigo soletrar espaguete em italiano, como vou pedir para um jogador italiano pegar a bola?’ (sobre o excesso de estrangeiros na Premier)
‘David Seaman passa mais tempo à frente do espelho do que a olhar para a bola. Assim é impossível ser guarda-redes’ (sobre o guarda-redes da seleccção inglesa e do Arsenal)
‘Finalmente, temos um seleccionador que fala melhor inglês que os jogadores (sobre a contratação do sueco Sven-Goran Eriksson pela federação inglesa)
‘Não fui o maior treinador, mas sempre ocupei o lugar número um’ (sobre… ele mesmo)
‘Levava-os a passear por 20 minutos e depois decidíamos que eu é que tinha razão’ (como levar os jogadores à razão)
Brian, até sempre.
(a negrito, os jogos fora)
Man United | 2:2 | Hector Wignall |
West Ham | 2:0 | O’Hare Wignall |
Leicester | 2:0 | Hector Hinton |
Coventry | 2:2 | O’Hare Wignall |
Southampton | 2:2 | McGovern Hector |
Ipswich | 0:0 | |
Everton | 2:0 | Hector Wignall |
Stoke | 4:0 | Todd O’Hare Hinton Gemmill |
Chelsea | 1:1 | McFarland |
WBA | 0:0 | |
Newcastle | 1:0 | Hinton |
Tottenham | 2:2 | Todd McFarland |
Man United | 0:1 | |
Arsenal | 2:1 | O’Hare Hinton |
Nott Forest | 2-0 | Hinton Robson |
Crystal Palace | 3:0 | Wignall Hector Bell (pb) |
Wolves | 1:2 | O’Hare |
Sheffield Utd | 3:0 | Hinton-2 Hector |
Huddersfield | 1:2 | McGovern |
Man City | 3:1 | Hinton Webster Durban |
Liverpool | 2:3 | O’Hare-2 |
Everton | 2:0 | Hinton-2 |
Leeds | 0:3 | |
Chelsea | 1:0 | Gemmill |
Southampton | 2:1 | O’Hare Durban |
West Ham | 3:3 | Hinton Durban Hector |
Coventry | 1:0 | Robson |
Arsenal | 0:2 | |
Nott Forest | 4:0 | Hinton-2 O’Hare Hector |
Wolves | 2:1 | Hinton McFarland |
Tottenham | 1:0 | Hinton |
Leicester | 3:0 | O’Hare Durban Hector |
Ipswich | 1:0 | Hector |
Stoke | 1:1 | Durban |
Crystal Palace | 1:0 | Walker |
Leeds | 2:0 | O’Hare Hunter |
Newcastle | 0:1 | |
WBA | 0:0 | |
Sheffield Utd | 4:0 | Gemmill Hector Durban O’Hare |
Huddersfield | 3:0 | McFarland Hector O’Hare |
Man City | 0:1 | |
Liverpool | 1:0 | McGovern |