Great Scott #261: Qual a marca das meias de Maradona vs Jugoslávia no Mundial-90?

Great Scott Mais 04/06/2021
Tovar FC

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Great Scott #261: Qual a marca das meias de Maradona vs Jugoslávia no Mundial-90?

NR (do Nápoles)

Florença, palco do primeiro jogo dos ¼ final do Mundial-90. De um lado, a Jugoslávia de Ivica Osim. Sempre com pinta a jogar, bola no pé e cabeça levantada. Nos oitavos, 2:1 vs Espanha após prolongamento, com bis de Stojkovic. Do outro, a Argentina de Carlos Bilardo. Sem pinta nenhuma a jogar e pouca bola no pé. Nos oitavos, 1:0 vs Brasil, golo de Caniggia.

O vencedor apura-se para a ½ final em Nápoles e aguarda o desfecho de Itália vs Irlanda, apitado por Carlos Valente. Está mesmo a ver-se, não está? O destino tem destas coisas e já há quem delire em antecipação com um Argentina vs Itália na casa de Maradona. O arranque do jogo é uma delícia, porque a Jugoslávia toca, toca, toca e a Argentina vê, vê, vê. Aos 31 minutos, o árbitro suíço Rothlisberger expulsa Sabanadzovic por duplo amarelo.

O jugoslavo tem uma história engraçada. Em Novembro 1987, durante um jogo do campeonato local, choca com um adversário e entra em coma. Durante 72 horas, está mais para lá do que para cá. De repente, acorda. ‘Melhor do que antes’, graceja. Regressa aos relvados em Fevereiro 1988, ainda a tempo de ir aos Jogos Olímpicos em Seul e ser o melhor marcador da Jugoslávia, com três golos. No Mundial italiano, é uma figura a partir do momento em que seca Butragueño nos oitavos-de-final. Sem recorrer à falta, só na base da antecipação. É ele quem vai marcar Diego, que, atenção, não jogará infiltrado pela primeira vez no Mundial.

Pois bem, a vida de Sabanadzovic em Florença é curta. O homem vê o primeiro cartão por adiantar-se antes de tempo na marcação de um livre e o segundo por entrada perigosa sobre Diego. A Jugoslávia joga com dez elementos durante 90 minutos e até joga mais ao ataque, cria mais situações de perigo. A Argentina está presa de movimentos, embora o árbitro (ateu, avesso a Deus e tal) anule um golo a Burruchaga por mão na bola. De resto, Ivkovic nem faz uma defesa difícil.

Chega a hora dos penáltis. Stojkovic começa mal e falha. Serrizuela, 1:0. Prosinecki, 1:1. Burruchaga, 2:1. Savicevic (único suplente lançado por Osim), 2:2. Diego, é a tua vez. Nove meses antes, falha um lance a 11 metros vs Ivkovic num Nápoles-Sporting para a Taça UEFA. E agora? Ivo defende outra vez. E, spoiler alert, perde outra vez. O guarda-redes sai de campo em lágrimas, incrédulo com a dupla eliminação. O herói da tarde é Goycoechea, autor de defesas miraculosas aos dois últimos remates jugoslavos, por Brnovic e Hadzibegic.

Sem saber ler nem escrever, a Argentina volta a surpreender. Quatro dias depois do injusto 1:0 ao Brasil (três bolas ao poste, por Dunga, Alemão e Careca), o 3:2 por penáltis vs Jugoslávia. Curiosidade maiúscula, a Argentina joga de azul escuro pela primeira vez nesse Mundial. Nada de riscais verticais celestes. Curiosidade xxl, Diego veste umas meias especiais, da marca NR.

Como é que é? Nem mais, os outros argentinos jogam de meias brancas da selecção, com três riscas azuis no topo, enquanto Diego entra com as meias do Nápoles como visitante, totalmente brancas e o NR assim de lado. Craque. E; já agora, NR? É uma das marcas da moda em Itália, mais célebre que nunca no início dos anos 80. É a sigla de Nicola Raccuglia, jogador assim-assim de Pescara, Arezzo, Vicenza e Ascoli.

Arrumadas as chuteiras, o NR dedica-se à indústria das camisolas em 1972 e passa a patrocinar Pescara mais Lazio com equipamentos vistosos pelo tecido (mistura de algodão com lã), números bordados à mão, gola em V e cores vivas. Que o diga a Roma, campeã italiana e vencedor da Taça de Itália em 1983. Aquele vermelho rosso ainda hoje é tema de conversa (e cobiça). Pois bem, NR também patrocina a Fiorentina de Sócrates, a Sampdoria de Cerezo, o primeiro Milan de Maldini e, claro, o Nápoles. Daí que Diego calce as meias brancas do Nápoles para o acesso às meias-finais (piada fácil, bem sei).

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