Great Scott #268: Único clube a ganhar a Taça de Portugal em Alvalade e nas Antas?
Boavista
Já se sabe como é: o Estádio Nacional construído no tempo do Estado Novo e inaugurado por Salazar é vetado no período pós-revolucionário. Vai daí, as finais da Taça de Portugal 1975, 1976 e 1977 jogam-se fora desse templo do futebol.
Aproveita o Boavista de Pedroto para dar um ar de sua graça e juntar duas Taças seguidas, uma em Alvalade e outra nas Antas. Nenhum outro clube comete essa proeza de levantar a troféu nesses dois estádios. Nas Antas, ai vá: Leixões (1961), Porto (1977) e Benfica (1983). Agora Alvalade só mesmo o Boavistão.
E é precisamente em Alvalade à noite (arranque às 2130) a primeira conquista, a 14 Junho 1975. No outro lado, o campeão nacional Benfica de Pavic. O Boavista, estreante nessas andanças e animado com o inédito quarto lugar na 1.ª divisão, chuta para canto esse pormenor do campeão nacional e faz dois golos de rajada, um por Mané aos 15’, de bola corrida, outro por Alves aos 17’, na sequência de um livre lateral. O Benfica só dar um ar de sua graça aos 60’, por Jordão, de baliza aberta. Curiosidade, é o primeiro golo sofrido pelo Boavista em toda a campanha, e já eliminara o Sporting de Riera. Outra curiosidade, o Boavista qualifica-se para a Taça das Taças e estreia-se na UEFA em 1975-76.
Na época seguinte, 364 dias depois, a 13 Junho 1976, o Boavista volta a chegar à final, agora nas Antas, vs Vitória SC, novamente com António Garrido no apito. Para o campeonato, as duas equipas empatam 1:1, tanto no Bessa como no Municipal de Guimarães (agora D. Afonso Henriques). O desempate é obrigatório na Taça, com ligeira vantagem para o Boavista, a avaliar pelo segundo lugar na 1.ª divisão, a tão-só dois pontos do campeão Benfica – o Vitória acaba em sexto, a dois pontos do então pior Sporting de sempre.
Nas Antas, o jogo começa às 1730 e o público afecto ao FC Porto puxa pelo Boavista. Pudera, uma vitória significa a viagem do Boavista para a Taça das Taças e a entrada do Porto na Taça UEFA. E a equipa de Pedroto insiste na táctica de marcar duas vezes para se adiantar à grande no marcador. Bis do brasileiro Salvador, aos 10 e 49 minutos. O Vitória reduz por Rui Lopes, aos 62’, num lance individual de belo efeito em que se escapa a Carolino e faz um mini chapéu á saída do guarda-redes Botelho. É só.
O Boavista reconquista a Taça e Pedroto embolsa 200 contos como prémio de vitória. O seu clube da época seguinte é precisamente o FC Porto, a troco de cento e tal contos por época.