Great Scott #285: Último clube invencível em casa numa época de 1.ª divisão no século XX?
Farense 1992-93
Bigode em punho, pelos na venta. Eis Paco Fortes, o espanhol mais português de siempre. Com energia e mau feitio qb, Paco comete a proeza de jogar ao lado de Cruijff e Marinho Peres no Barcelona antes de emigrar para Portugal.
A cidade de Faro acolhe-o bem, muy bien. Ele adora. O primeiro golo é o da vitória vs Benfica (1:0 no São Luís) e passa a semana a comer fora sem pagar, cortesia dos donos dos restaurantes, naturalmente eufóricos com a proeza de derrubar um grande.
Arrumadas as chuteiras, Paco nem hesita em se agarrar à carreira de treinador. Com um mérito tremendo, a avaliar pela final da Taça de Portugal 1990 (perdida vs Estrela na finalíssima) em ano de subida à 1.ª divisão e a estreia nas competições europeias em 1995. Pelo meio, o recorde de invencibilidade em casa em 1992-93.
Ao todo, 10 vitórias e sete empates. Se acrecentarmos Taça de Portugal, 11 vitórias (Marítimo 1:0 após prolongamento, obra de Hugo aos 113 minutos). Caso raro, raríssimo, a dar ainda mais expressão ao recorde: zero golos sofridos dos grandes. Sporting e Benfica, por ordem cronológica, empatam sem golos. O Porto, campeão nessa época, perde 1:0. O golo é de Hugo. Que cromo.
A figura maior é Hassan, contratado ao Maiorca, onde perdera uma final da Taça do Rei para o Atlético Madrid de Futre. O marroquino marca oito golos (quatro no São Luís, quatro fora de casa) e entende-se às mil maravilhas com o seu companheiro de ataque Djukic (seis).
Atrás, o meio-campo contempla nomes como Hajry na figura de 10. Para defender, Hélder (ex-Torreense, futuro Boavista e PSG) mais Sérgio Duarte. E, claro, Hugo. Na defesa, Portela a lateral-direito (marcador oficial de penáltis), Luizão mais Jorge Soares como centrais e Miguel Serôdio à esquerda. Só falta um, o único com autorização para jogar com as mãos. É ele Zé Carlos, brasileiro do Cruzeiro. Um forte, com apenas 10 golos sofridos em 17 jogos.
Viva o Farense, viva o São Luís. E, vá, viva Paco Fortes, o maior obreiro desta proeza inesquecível. E rara, pelos vistos. Quase 30 anos depois e ainda nenhum clube se atreve a registrar o copyright do Farense.
Salgueiros | 2:0 | Ademar Luisão |
Braga | 1:0 | Portela |
Sporting | 0:0 | |
Boavista | 1:1 | Caetano (pb) |
Farense | 3:0 | Djukic-2 Pítico |
Beira-Mar | 2:2 | Djukic Portela |
Estoril | 1:1 | Hassan |
Paços | 2:0 | Pítico Sobrinho (pb) |
Famalicão | 3:0 | Portela Armando Ademar |
Espinho | 4:1 | Hassan-2 Portela Hugo |
Gil Vicente | 3:1 | Hajry Hassan Portela |
Benfica | 0:0 | |
Vitória SC | 4:1 | Sérgio Duarte-2 Djukic Armando |
Marítimo | 2:2 | Djukic Armando |
FC Porto | 1:0 | Hugo |
Belenenses | 1:1 | Ademar |
Tirsense | 1:0 | Hugo |